Relatório faz previsões 'sombrias' sobre futuro da internet
Por Iara Schiavi | 23 de Julho de 2014 às 14h50
Diferentes estudiosos têm feito previsões para compreender como será a internet no futuro, mas muitas acabam influenciadas principalmente pelo momento em que vivemos. A mais recente foi divulgada pela Pew Research Center, reconhecida empresa de produção de conteúdo estratégico.
A organização publicou o terceiro volume da série chamada “A Vida Digital em 2025”, mas que aponta uma série de características do que vemos hoje na web. O relatório chamado “Ameaças à Rede” pode ser considerado “sombrio”.
A pesquisa foi realizada pelo Pew Research Digital a partir de uma parceria com o Centro para a Imaginação da Internet da Universidade de Elon, onde foram entrevistados 1.400 pensadores de tecnologia.
Muitos dos pensadores acreditam que a internet será usada para novas violações de privacidade por parte do governo, haverá mais monitoramento e queda da confiança, além de um “esmagamento” da criatividade causado pelo controle das grandes companhias. Os especialistas acreditam ainda em ameaças causadas pela personificação do conteúdo, que tenderá a limitar a sobrecarga de informação, mas em contrapartida será responsável por acabar com descobertas ocasionais feitas na rede.
Segundo Lee Rainie, diretor do Pew Internet Center e coautor do estudo, quando questionados sobre as oportunidades e ameaças do conteúdo livre na internet, os especialistas foram pessimistas, com uma “sensação mais palpável de temor” sobre a relação na web, afirma. O grupo inicialmente se mostrava otimista, no entanto, quando questionado sobre as principais ameaças ao acesso, compartilhamento e conteúdo na internet, mudou suas visões, apontam informações do jornal Folha de S. Paulo.
No relatório a palavra “ameaça” é repetida 57 vezes, enquanto “esperança” e variáveis positivas surgem apenas 12 vezes. As palavras “corporativa” e “corporação” são mencionadas 31 vezes, no entanto, apenas uma vez é empregada de forma positiva. Nos relatórios anteriores divulgados pelo Pew Research, especialistas tinham previsto uma internet onipresente, enquanto outro estudo apontava implicações da internet das coisas - ambos mais otimistas que a atual divulgação.
Mesmo com as ideias negativas do novo relatório, o clima em que ele foi realizado influenciou suas conclusões. Ele foi produzido entre novembro do ano passado e janeiro de 2014, período em que as revelações de Edward Snowden estavam fortemente presentes nos noticiários, o que para Rainie influenciou a opinião dos especialistas consultados.
O medo de que companhias dominem o ambiente online para geração de lucro a partir do tempo ocioso dos usuários, faz parte, segundo Rainie, de uma tendência de “preocupação crônica sobre a comercialização de tudo on-line”.
As revelações de Snowden, por mais relevantes, não mudaram a forma como as pessoas se relacionam com a internet. Dessa forma, acredita-se que elas tenham influenciado mais diretamente a forma como os especialistas olham para a questão. Entre os entrevistados pela Pew, a maioria se declarou norte-americana, portanto, essa visão também pode ser diferente em outros locais.