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3I/ATLAS | É FALSO que a NASA tenha acionado protocolo de defesa contra cometa

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Reprodução/NASA/NOIR Lab/Filipp Romanov
Reprodução/NASA/NOIR Lab/Filipp Romanov

É FALSO que a NASA tenha acionado um protocolo de defesa contra o cometa 3I/ATLAS. Notícias falsas sobre os supostos riscos de uma aproximação do objeto interestelar com a Terra circularam nas últimas semanas, mas não passam de sensacionalismo diante do verdadeiro interesse da comunidade científica pelo corpo celeste.

As informações se espalharam, inclusive, por meio de publicações de veículos de comunicação com base em agências de notícias, que chegaram a usar manchetes como “NASA ativa protocolo de defesa planetária para cometa” e “Cometa 3I/ATLAS pode atingir a Terra e devastar a humanidade? NASA emitiu comunicado preocupante”.

Consultados pelo Canaltech, os astrônomos Dr. Jorge Caravano, do Observatório Nacional, e Thiago Signorini Gonçalves, do Observatório do Valongo (UFRJ), foram enfáticos ao afirmar que a informação relacionada ao alerta é falsa.

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“Não existe a menor possibilidade de colisão deste objeto com a Terra”, destacou Caravano.

Interpretação incorreta do boletim MPEC

As mentiras referentes ao suposto protocolo de segurança começaram a surgir após a divulgação de um MPEC — sigla em inglês para Minor Planet Electronic Circular (Boletim Eletrônico dos Planetas Menores, em tradução livre) —, publicado pelo Minor Planet Center, órgão associado à União Astronômica Internacional (IAU).

O alvoroço foi gerado por desinformações que alegavam que a publicação seria um alerta sobre os perigos do cometa. No entanto, a descrição oferecida pelas instituições não indica nada disso.

“Os MPECs contêm informações sobre planetas menores incomuns, dados de rotina sobre cometas e satélites naturais, e anúncios editoriais ocasionais”, explicam os responsáveis no boletim.

O comunicado específico usado para espalhar a notícia foi o MPEC 2025-U142 (minorplanetcenter.net), divulgado em 21 de outubro. Ele trata do anúncio de uma campanha da Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) voltada ao treinamento de métodos de astrometria — medição da posição de corpos celestes — para cometas, tendo o 3I/ATLAS como objeto de estudo.

“O objetivo da campanha é acompanhar possíveis variações na órbita do cometa 3I/ATLAS e, ao mesmo tempo, testar e refinar a capacidade dos membros da rede em obter astrometria precisa para cometas. Essas eventuais mudanças na órbita devem ser pequenas, mas são importantes porque permitem entender melhor algumas propriedades físicas desse objeto”, explica o astrônomo do Observatório Nacional.

A iniciativa terá início no dia 10 de novembro, com um workshop preparatório, e as observações do objeto interestelar ocorrerão entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026.

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“Esses boletins e campanhas observacionais têm exatamente o objetivo de aprender mais sobre nossas origens cósmicas — e não lidar com algum risco, seja de colisão, seja de ‘invasão alienígena’. Isso é pura fake news, sem qualquer fundamento científico”, enfatiza Signorini.

O suposto “silêncio” da NASA

Também circulam publicações destacando um possível “silêncio” da NASA em relação ao cometa. Mas, como destaca Jorge Caravano, a agência espacial norte-americana não é responsável por todas as observações e pesquisas relacionadas ao espaço.

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“A agência tem uma política de transparência e cooperação muito bem estabelecida: seus telescópios espaciais e terrestres são abertos a projetos de pesquisadores do mundo todo, e os dados produzidos em projetos operados pela NASA devem ser tornados públicos em cerca de um ano. Uma coisa que a NASA não faz é deter o monopólio das observações astronômicas globais. Há outras agências espaciais pelo mundo que lançam sondas e operam observatórios espaciais”, explicou, em comunicado divulgado pelo Observatório Nacional.

A própria NASA já veio a público desmentir boatos de que o cometa interestelar poderia ser uma nave extraterrestre ou que pudesse atingir a Terra — até porque a aproximação máxima com o nosso planeta será de cerca de 273 milhões de quilômetros.

“Anomalias” do cometa

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Também surgiram hipóteses de que o 3I/ATLAS teria algumas “anomalias”, e que isso justificaria o grande interesse dos especialistas.

Mas os astrônomos consultados pelo Canaltech explicam que, por ter se formado em outro sistema planetário e possivelmente estar viajando há bilhões de anos, é normal que apresente características diferentes das de corpos celestes originados no nosso Sistema Solar.

“Eu acho que o interesse original nesse cometa vem daí: não porque ele tenha qualquer chance de bater na Terra, mas pela especificidade de ter essa origem interestelar, que nos permite fazer mais investigações sobre a formação de sistemas planetários de modo geral”, explica o astrônomo do Observatório do Valongo.

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Fonte: Observatório Nacional; MetSul