Sindicato dos atores dos EUA diz que atriz gerada por IA é só “um personagem”
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

O Sindicato dos Atores de Cinema dos Estados Unidos (SAG-AFTRA, na sigla em inglês) emitiu uma nota na última terça-feira (30) se posicionando sobre Tilly Norwood, apresentada como a primeira atriz totalmente criada por inteligência artificial (IA). No comunicado, a organização destacou que a personagem não é uma atriz de fato, mas apenas “um personagem” gerado por computador.
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A nota ressalta que a criatividade deve permanecer centrada no ser humano e que o sindicato se opõe à substituição de artistas reais por “criações sintéticas”.
“Para deixar claro: 'Tilly Norwood' não é uma atriz, mas sim um personagem gerado por um programa de computador treinado com o trabalho de inúmeros profissionais — sem permissão ou compensação. Ela não possui experiências de vida das quais possa tirar inspiração, não tem emoção e, pelo que vimos, o público não demonstra interesse em assistir a conteúdos gerados por computador que estejam desvinculados da experiência humana”, afirma o SAG-AFTRA .
Na sequência, o sindicato ressalta que a chamada atriz de IA não resolve problemas, mas cria outros, como a ameaça de tirar o emprego de atores, colocar em risco os meios de subsistência dos artistas e desvalorizar a arte humana.
“Além disso, os produtores signatários devem estar cientes de que não podem utilizar artistas sintéticos sem cumprir nossas obrigações contratuais, que exigem notificação e negociação sempre que um intérprete sintético for usado”, acrescenta a nota.
Apresentação no Festival de Cinema de Zurique
Tilly Norwood foi desenvolvida pelo estúdio Xicoia, liderado por Eline Van der Velden. A personagem foi apresentada oficialmente no Festival de Cinema de Zurique e, segundo sua criadora, a ideia é que ela alcance o mesmo status de atrizes como Scarlett Johansson e Natalie Portman.
No entanto, a divulgação de Norwood gerou forte reação negativa de nomes importantes da indústria cinematográfica. Melissa Barrera, Kiersey Clemons, Toni Collette e Lukas Gage foram algumas das personalidades que criticaram publicamente a possibilidade de agentes de talentos considerarem Tilly como opção.
Apesar da oposição, Van der Velden defende que a personagem gerada por IA deve ser vista como uma obra de arte e não como substituta de atores reais. Segundo ela, a inteligência artificial deve ser encarada como um recurso criativo que amplia as possibilidades no cinema.
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