Publicidade

Técnica de reciclagem transforma plástico em sabão

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

Compartilhe:
Simbiothy/Envato
Simbiothy/Envato

Para repensar o uso do plástico e novas formas de reciclagem, pesquisadores de todo o mundo têm se superado — mesmo que a maioria das ideias ainda não tenha sido implementada em larga escala. Neste cenário, pesquisadores da Virginia Tech College of Science, mais conhecida como Virginia Tech, nos Estados Unidos, anunciaram uma forma de transformar resíduos plásticos em sabão.

Durante os períodos de testes, os cientistas classificaram o método emergente como economicamente viável para a indústria, já que a tonelada métrica de sabão custa, em média, US$ 3,5 mil (cerca de 17,1 mil reais), enquanto a do plástico polietileno vale US$ 1,1 mil (5,3 mil reais). Além disso, o processo que converte um material no outro é considerado de baixo custo.

O que o plástico e o sabão têm em comum?

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Inicialmente, pode parecer absurda a ideia, mas é absolutamente lógica, quando lembramos que o sabão tem em sua composição derivados do petróleo, como o plástico. Analisando os materiais em nível molecular, ambos são constituídos por cadeias de carbono, como os pesquisadores descrevem no estudo publicado na revista Science.

Para ser mais preciso, a estrutura química do polietileno — um dos plásticos mais usados ​​no mundo hoje — é bastante similar com a de um ácido graxo. Este é usado como precursor químico para sabão e os seus derivados, como detergentes e sabonetes. Dessa forma, o principal desafio foi desenvolver uma maneira de “quebrar” o polietileno em cadeias mais curtas, de forma eficaz.

A solução foi obtida com o aquecimento dos plásticos, dentro de um reator semelhante a um forno. Na parte de baixo, o equipamento aquece o composto até a sua quebra. Para impedir que se quebre demais, ele é logo resfriado na porção superior.

Após a termólise — um tipo de reação química na qual uma substância se quebra a partir da mudança de temperatura —, os pesquisadores coletam o material reciclado. Em seguida, o composto passa por outras etapas de processamento, como a saponificação, até que se torne um verdadeiro sabão.

Nova aposta para a reciclagem do plástico

“Nossa pesquisa demonstra uma nova rota para a reciclagem do plástico, sem usar novos catalisadores ou procedimentos complexos”, afirma Guoliang Liu, professor associado da Virginia Tech e um dos autores do estudo, em nota. Para o pesquisador, a nova técnica é comercialmente viável e está quase pronta para ser implementada.

Outro ponto importante é que a equipe descobriu que o polietileno não é o único tipo de plástico que pode ser decomposto e transformado em sabão. O mesmo processo pode ser feito com o polipropileno. Inclusive, os dois materiais podem ser reciclados juntos, sem a necessidade de separação prévia, como ocorre nas principais alternativas de reciclagem hoje.

Continua após a publicidade

Indo além dessa nova proposta de reciclagem, pesquisadores do Berkeley Lab, outra instituição norte-americana, propõem o desenvolvimento comercial de uma versão repaginada do plástico polidicetoenamina. Neste caso, o material é desenvolvido por bactérias que "transformam" os açúcares de plantas em pequenos blocos construtores desta matéria-prima. No extremo oposto, são investigados microorganismos que devoram os plásticos, acabando com parte do problema da poluição plástica.

Fonte: Science e Virginia Tech  

Seu resumo inteligente do mundo tech!Assine a newsletter do Canaltech e receba notícias e reviews sobre tecnologia em primeira mão.
*E-mail
*