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Material inspirado em pele de lula pode ajudar a manter seu café quentinho

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 08 de Abril de 2022 às 12h37

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Reprodução/UCI
Reprodução/UCI

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine (UCI), nos EUA, desenvolveram um novo material inspirado na pele de lula que pode ser ajustado para regular a temperatura, servindo como isolante térmico para embalagens de alimentos, bebidas, canecas e garrafas térmicas.

O material é um polímero metalizado que emula os cromatóforos — pequenos sacos cheios de pigmentos — presentes na pele da lula. No entanto, em vez de regular a interação da luz com esses pigmentos, fenômeno que ocorre quando o animal muda de cor para escapar de um predador ou se aproximar de uma presa, o composto controla o calor.

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“Quando uma lula quer mudar de cor, ela usa seus músculos para expandir ou contrair esses sacos. Isso altera a forma como a luz interage com os pigmentos neles, alterando a aparência da lula. O que nós fizemos é uma adaptação desse sistema natural”, explica o professor de engenharia química Alon Gorodetsky, autor principal do estudo.

Ajuste de calor

Para criar o material, os pesquisadores depositaram estruturas de cobre em um substrato flexível de folha de alumínio. Eles revestiram esses elementos com um polímero especial e, em seguida, delaminaram o composto resultante, obtendo uma substância que pode ser alterada conforme a tensão aplicada.

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Quando o material é esticado, por exemplo, as estruturas de cobre se separam e deixam escapar mais calor de um lado do material para o outro. Quando o dispositivo está relaxado, essas estruturas voltam a se unir para retardar a transferência de calor, permitindo um controle de dissipação mais preciso.

“As mudanças no tamanho dos cromatóforos ajudam as lulas a se comunicar e camuflar seus corpos para evitar predadores. Ao imitar essa abordagem, conseguimos criar uma termorregulação ajustável, o que pode levar a uma melhor eficiência energética e proteger dedos sensíveis de superfícies quentes”, acrescenta Gorodetsky.

Aplicações no mundo real

Segundo os cientistas, esse novo material pode ser usado para isolar contêineres, proteger sacolas de restaurantes e conservar alimentos perecíveis em embalagens térmicas. Outra vantagem é que esse composto maleável pode ser enrolado em copos, por exemplo, para controlar a rapidez com que as bebidas esfriam.

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Além disso, o material é muito barato, custando apenas US$ 0,10 (equivalente a R$ 0,50 na cotação atual) por metro quadrado, um valor que tende a cair ainda mais com o aumento da produção. Como se não bastasse, o composto é fácil de reciclar, precisando apenas da adição de vinagre para separar o cobre do papel alumínio.

“Trabalhamos com materiais e sistemas adaptativos inspirados em cefalópodes há anos, mas anteriormente só conseguíamos fabricá-los em áreas relativamente pequenas. Agora que podemos produzir folhas cada vez maiores, as aplicações desse novo material são incríveis”, encerra o professor Alon Gorodetsky.

Fonte: UCI