Interface háptica deixa usuários de realidade virtual "sentirem na pele"
Por Gustavo Minari | Editado por Douglas Ciriaco | 23 de Junho de 2022 às 14h15
Pesquisadores das Universidades Northwestern, nos Estados Unidos, e Sungkyunkwan, na Coreia do Sul, desenvolveram uma nova interface tátil capaz de replicar mecanicamente as sensações emitidas por dispositivos de realidade virtual (RV) na pele humana.
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Segundo os cientistas, o equipamento possui um sistema háptico sem fio que também pode ser usado para adicionar sentidos táteis às experiências de realidade aumentada (AR) e realidade estendida (XR), permitindo que o usuário tenha percepções mais convincentes em ambientes virtuais.
“Nossa motivação é desenvolver tecnologias viáveis que possam adicionar experiências táteis de corpo inteiro a ambientes RV/AR/XR, como um complemento importante para dispositivos de áudio e vídeo”, explica o professor de física e química John A. Rogers, autor principal do estudo.
Interface háptica
A interface desenvolvida pelos pesquisadores é baseada em matrizes de atuadores vibro-hápticos capazes de transferir sensações em grandes áreas da pele. Esses pequenos motores táteis podem ser aplicados em unidades separadas ou como um conjunto coordenado.
O dispositivo consegue reproduzir um feedback tátil real e vibrações constantes em densidades específicas, que podem ativar os receptores hápticos naturais da pele em tempo real em praticamente todas as regiões do corpo humano, exceto nas mãos e no rosto.
“Nosso sistema fino e flexível incorpora conjuntos controlados de forma independente com pequenos atuadores vibro-táteis que criam padrões rápidos de sensação espaço-temporal na pele. Além disso, o dispositivo pode ser comandado por meio de uma interface integrada ao sistema de RV ou com uma tela sensível ao toque”, acrescenta Rogers.
À flor da pele
Durante os testes realizados em laboratório, os pesquisadores descobriram que a nova interface háptica pode ser usada para traduzir faixas musicais em padrões táteis, além de potencializar o sentido do toque em próteses robóticas que emulam o sistema sensorial humano.
Os cientistas acreditam que versões mais avançadas desse dispositivo possam criar experiências totalmente imersivas em ambientes virtuais, permitindo que usuários com óculos RV “sintam”, por exemplo, o vento soprando em sua pele ou tenham a sensação real de estar dirigindo um veículo ao ar livre.
“O toque é um dos meios mais poderosos para nos comunicarmos uns com os outros, representando nosso único modo de interação física com o mundo exterior. No futuro, queremos adicionar mecanismos para aquecer e resfriar a pele, complementando o leque de sensações táteis”, encerra o professor John A. Rogers.