Borofeno | Rival do grafeno pode revolucionar a medicina
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
O mais novo rival do grafeno, material versátil e bastante útil no mundo tecnológico, chegou — é o borofeno, criado ainda em 2015, mas que está atingindo seu potencial agora. Ao contrário do grafeno, feito de uma única camada de átomos de carbono, ele é composto de uma forma bidimensional do elemento boro (B).
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Dipanjan Pan, professor de ciência de materiais, energia nuclear e nanomedicina, contou à Newsweek que o borofeno tem propriedades mecânicas, elétricas, óticas, térmicas, estruturais e semicondutoras únicas, além de ser ótimo no transporte de elétrons. Por isso, o material poderá ser usado tanto na eletrônica como para administrar remédios, construir implantes e biosensores.
A chave está no borofeno quiral, criado pela equipe de Pan — a quiralidade é usada, nos materiais, para fazer uma espécie de “cópia”, gerando duas versões do mesmo elemento químico sem serem idênticas, ou seja, tirando sua simetria molecular espelhada. Com isso, o borofeno fica mais leve, fino, condutivo e forte do que o grafeno.
O borofeno e seus usos
Com a quiralidade, o borofeno consegue rearranjar seus átomos em formatos diferentes, úteis especialmente na tecnologia médica. Com isso, poderá ser possível até mesmo rastrear interações entre células. O material é um dos mais flexíveis do mundo, com quatro vezes mais capacidade de dobra do que o grafeno — e mais do que a metade da sua elasticidade.
A biocompatibilidade também está no rol das habilidades do borofeno, tendo mais potencial para próteses, fabricação de remédios e até mesmo células e órgãos artificiais.
Com um processo chamado síntese de solução de estado, os cientistas puderam combinar partes de plaquetas do material, o alterando e gerando uma versão em pó, conseguindo juntá-lo a outros componentes com pressão e calor. Com ondas de som de alta energia, se chegou à quiralidade final desejada.
Como um dos objetivos é gerar sensores implantáveis no corpo humano, é importante saber como o material se comporta quando exposto a células, e foi isso que os pesquisadores testaram.
Apesar do sucesso, eles admitem que é cedo para saber se o borofeno realmente irá substituir o grafeno como “super material” na tecnologia, mas o potencial de fato existe — ainda há muito para testar em laboratório antes disso, no entanto.