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Saiba tudo sobre o Raspberry Pi 3 e o que ele representa para o mercado

Por| 10 de Março de 2016 às 17h30

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Gustavo Linares / Canaltech
Gustavo Linares / Canaltech

Pensado desde o início para ser um “micro PC” extremamente acessível, o Raspberry Pi agora chega na sua terceira versão trazendo novidades bem bacanas e já está disponível para compra no site da fabricante (é possível importá-lo, ainda que isso implique em um frete maior e possibilidade de arcar com uma boa quantidade de impostos). Mais a mais, o Raspberry Pi está se aproximando da experiência de uso de um PC, mesmo com um projeto inicial bastante humilde. Vamos entender a importância da atualização de especificações recente da terceira versão, mas antes vamos explorar como ele foi possível.

Um pouco de história

O Raspberry Pi original, anunciado em 2012, era bastante simples. Trazia um processador ARM11 (bastante antigo, já, utilizado nas primeiras gerações dos smartphones Android e até mesmo do iPhone) rodando a apenas 700 MHz, disponível em versões com 256 MB e 512 MB, modelo que, inclusive, chegamos a analisar aqui quando anunciado. Sinceramente, esperávamos bem menos dele, já que comparar o primeiro Raspberry com qualquer computador Intel ou AMD na época, mesmo que básico, seria injusto. De qualquer forma, com o Raspian, principal sistema otimizado para ele, dava para usar para tarefas básicas sem grandes problemas.

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Um dos fatores que ajuda o RaspBerry Pi a ser mais acessível é a ausência de acessórios. Os US$ 35 compram somente a placa básica.

Era lerdo? Sim, ainda mais quando comparamos com a experiência de uso de qualquer computador básico, mesmo que antigo. Mas, isso foi melhorado, e muito, no Raspberry 2. O chip foi atualizado para um quad-core de 900 Mhz e 1 GB de memória RAM, ainda que a mesma GPU tenha sido atualizada (VideoCore), o que gargalava um pouco nas tarefas 3D. De qualquer forma, essa atualização possibilitou o uso do RaspBerry 2 para uma experiência consideravelmente melhor, além de já ser capaz de rodar diversos simuladores de jogos um pouco mais antigos, um dos motivos de sucesso da segunda versão.

Outro ponto interessante da segunda versão é que ela trazia 4 portas USB 2.0 em vez de duas, uma adição importante, considerando a ausência de conexão Wi-Fi e Bluetooth sem adaptadores. E, claro, trouxe retrocompatibilidade com a GPIO da primeira versão nos primeiros 26 pinos, adicionando outros 14 pinos (totalizando 40) para possibilitar experimentos ainda mais complexos, algo especialmente interessante para quem pretende trabalhar com automatização doméstica ou qualquer outra tarefa que exija um circuito maior.

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A segunda versão, que contou com uma escala muito maior, impulsionada pelo sucesso da primeira versão, contou com uma quantidade de acessórios e cases muito maior.

Mais importante do que a atualização de especificações, o RaspBerry Pi 2 representou um papel mercadológico essencial. Já não era um ilustre desconhecido, e a excelente receptividade da primeira versão, que mostrou um alto potencial, possibilitou um ganho de escala na segunda, com muitos usuários aguardando ansiosamente a chegada desta. Não raro, quem comprou a primeira acabou comprando a segunda, afinal estamos falando de apenas US$ 35 dólares, um custo ínfimo se comparado aos computadores mais básicos.

Outro fator importante foi o desenvolvimento e otimização dos sistemas operacionais criados especificamente para o RaspBerry Pi, que estavam muito mais maduros, com seus desenvolvedores prontamente atualizando seus sistemas para a segunda versão. Ainda que longe de ter a quantidade enorme de distros Linux para PC, grande parte delas vias NOOBS, o RaspBerry Pi 2, conta com o mais famoso Raspian até o Fedora, Ubuntu Mate (que usa uma interface gráfica bem mais leve), OpenELEC e XMBC (mais voltadas para Media Center) e até o mais ou menos inútil RISC OS (que usa softwares desatualizados, além de ter um repositório limitado).

E então, chegamos ao RaspBerry Pi 3.

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Quase um PC

Muitos sites compararam a terceira versão do RaspBerry Pi a um PC, já que ele recebeu um upgrade considerável de performance. De fato, o processador foi atualizado para um quad-core de 1,2 GHz, mas agora baseado no Cortex-A53, uma versão atualizada do Cortex-A7 com mais desempenho, mais eficiência por clock e suporte a instruções de 64 bits, usando o conjunto de instruções ARMv8. Na prática, isso significa um aumento teórico de 50% no desempenho final, considerando que os sistemas sejam compilados para suportar esse novo conjunto de instruções.

Um ponto pelo upgrade, ainda que isso não signifique uma comparação direta com PCs mesmo com uma alta otimização dos sistemas operacionais. Em especial, o RaspBerry Pi 3 manteve 1 GB de memória RAM (há rumores de uma futura versão com 2 GB, mas ainda sem grandes expectativas) e a mesma GPU VideoCore IV, provavelmente por uma limitação de custos. Afinal, o preço continua o mesmo da primeira versão anunciada em 2012 (US$ 35), algo que a RaspBerry Foundation manteve para não perder o foco da iniciativa, que é possibilitar o acesso ao maior número de pessoas quanto possível.

A adição mais importante nessa terceira versão, em nossa opinião, é o suporte a redes sem fio sem necessitar de adaptadores. Há Wi-Fi nos padrões B, G e N (802.11n) e Bluetooth 4.1 LE (Low Energy), o que desafoga as portas USB para quem precisa desse tipo de conexão, além de ser muito mais conveniente. Isso significa que é possível ter uma “experiência deskop completa” sem utilizar nenhuma das portas USB, somente com dois cabos: HDMI e cabo de força, já que agora é possível se conectar a uma rede sem fios sem adaptadores e usar um kit de teclado e mouse Bluetooth.

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De resto, temos o mesmo do Raspberry Pi 2: 40 pinos GPIO, 4 portas USB 2.0, slot para cartão micro SD (a versão SD foi utilizada somente na primeira versão, uma decisão feita para economizar espaço e considerando a maior popularidade dos cartões microSD), interface de câmera (CSI) e de display (DSI) e porta ethernet, ainda que seja, acreditamos, com muito menos utilidade.

Conclusão: um passo importante para a computação

A terceira versão do RaspBerry Pi abre um cenário bastante otimista para a popularização da computação para regiões carentes, além de ser um upgrade interessante para hobbystas de uma forma geral. A cada geração, o RaspBerry Pi redefine o conceito de computação acessível, uma ferramenta mais do que essencial para a aprendizagem de programação para qualquer lugar do mundo, e, mesmo mantendo o mesmo preço desde 2012, incorpora recursos cada vez mais poderosos e interessantes.

Tentativas de criar produtos de computação de baixo custo aparecerem às dezenas, cada um com uma direção diferente, mas é difícil bater o RaspBerry Pi. Basta considerar que o Chromebook (produtos com Chrome OS, de forma geral), começam na casa das dezenas de dólares. Tudo bem que eles são computadores completos, com touchpad, mouse, tela e bateria, mas, mesmo assim, são comparativamente mais caros do que o RaspBerry Pi, além de focarem em computação em nuvem, não acessibilidade para populações carentes.

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Não é difícil imaginar uma quarta versão com chips octa-core, 2 GB de memória RAM e ainda mais conectividade, já que essas tecnologias se tornam cada vez mais baratas. Do outro lado, é possível fazer criar versões ainda mais baratas, caso do RaspBerry Pi Zero, que ainda é bastante limitado, mas extremamente acessível (ainda que, na prática, seja tecnicamente superior ao RaspBerry Pi original). A Raspberry Pi Foundation está de parabéns não somente pelo produto em si, mas pela inciativa, já que ainda há uma boa parcela da população mundial que não tem acesso a computadores.