Kirin 990, da Huawei, deve vir com modem 5G desenvolvido pela ARM
Por Rafael Arbulu | 26 de Agosto de 2019 às 12h13
Apesar das inúmeras promessas de lançamentos e de que o trabalho não para nem mesmo diante da sua guerra comercial com o governo dos Estados Unidos, a Huawei vem perdendo certos acessos no mercado global. Um dos casos mais notáveis é o fim das relações com a fabricante de processadores móveis ARM, que, apesar de britânica, utiliza componentes advindos de empresas americanas.
Bem, o próximo processador da Huawei para smartphones, o Kirin 990, não parece se incomodar muito com esse “término de relacionamento”. Anunciado recentemente pela Huawei via teaser, o novo componente teoricamente resguarda uma vantagem que nem mesmo o seu principal concorrente — a linha Snapdragon, da Qualcomm — pode contar: núcleos da linha Cortex (da ARM) embutidos.
Explicando: a ordem executiva assinada pelo presidente americano Donald Trump efetivamente impede que empresas americanas e suas parceiras façam negócios com a Huawei. Tal fato ocorreu em 16 de maio de 2019. Antes disso, as relações entre a ARM e a Huawei eram amistosas e os negócios eram executados em parceria de ambas, sem dificuldade. Nessa mesma época, a Huawei obteve a licença de uso de núcleos componentes de processadores móveis da empresa britânica, e só então o famigerado ban da chinesa foi implementado.
A grosso modo, isso significa que o Kirin 990 pode sim contar com o núcleo de processamento Cortex-A77 e a GPU Mali-G77, ambos pertencentes à ARM. Mais além, uma unidade de processamento neural (NPU) da britânica também pode ser empregada pela Huawei na execução de tarefas relacionadas à inteligência artificial em seus dispositivos futuros, como o dobrável Huawei Mate X, que terá o Kirin 990 em sua composição.
O que falta saber é se o Kirin 990 contará com o sistema dual band para conexões 5G: tanto a China como os EUA comumente utilizam redes mmWave 5G de alta frequência, então é seguro dizer que a Huawei irá preferir esse padrão. Entretanto, vários outros países do mundo se valem do padrão 5G abaixo da linha de 6 GHz. A diferença entre ambos reside na capacidade e abrangência: o padrão abaixo de 6 GHz pode oferecer mais estabilidade e velocidade, porém tem alcance curto e não penetra em superfícies sólidas (paredes e janelas de vidro, por exemplo). Já o comum 5G de alta frequência é o que chega mais longe e majoritariamente ignora obstáculos, porém traz velocidade menor e pode cair com mais frequência.
O Kirin 990 deve ser mostrado oficialmente pela Huawei em 6 de setembro, durante conferência da empresa a ser realizada na IFA, em Berlim, Alemanha.
Fonte: Phone Arena