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EVGA rompe com Nvidia e deixa mercado de placas de vídeo

Por| Editado por Wallace Moté | 19 de Setembro de 2022 às 13h30

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EVGA
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Às vésperas do anúncio da família GeForce RTX 4000, a EVGA estremeceu o mercado de hardware ao anunciar que encerraria a parceria de décadas que possui com a Nvidia e abandonaria por completo o segmento de placas de vídeo. A declaração foi feita no fórum oficial da marca, e posteriormente detalhada em entrevista ao canal Gamers Nexus, indicando que a falta de reconhecimento da Nvidia — aliada a um modelo de negócios insustentável — seriam os maiores culpados.

Durante a entrevista, o CEO da EVGA, Andrew Han, citou especificamente o lançamento desta terça-feira (20) e disse não querer que especulações começassem a circular quando os consumidores não vissem a marca entre as fabricantes parceiras da nova geração. "Nós não estaremos na apresentação de Jensen [CEO da Nvidia], então eu não quero que as pessoas especulem o que está acontecendo... a EVGA decidiu não seguir para a próxima geração", afirmou Han.

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O executivo explica que o principal motivo seria a relação complicada que a Nvidia mantém com as fabricantes parceiras, também conhecidas como AIBs (Add-In Boards). Além de não divulgar preços com antecedência — assim como os usuários, as empresas descobriam o valor sugerido apenas durante o evento de anúncio —, a gigante, em especial Jensen Huang, estabelece fortes exigências às AIBs, não considerando o trabalho dessas companhias como algo muito relevante.

Comentando o caso, o Editor-Chefe do Gamers Nexus, Steve Burke, revela ouvir reclamações semelhantes de outras AIBs, mas destaca como as outras marcas conseguem se manter no jogo de cobrança excessiva apesar da situação. Ao que parece, a decisão de Andrew Han também foi movida por motivos pessoais, já que o engenheiro era diretamente envolvido com os projetos e gostaria de dedicar mais tempo à família.

Quanto à possibilidade da empresa de estabelecer novas parcerias com nomes como AMD e até mesmo Intel, o CEO apresentou resistência, curiosamente afirmando que "estariam traindo a Nvidia" caso estabelecessem acordo com marcas diferentes. Apesar disso, o líder garante que não pretende retornar com o contrato com a gigante no futuro, ao menos não enquanto estiver no cargo.

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Inaugurada em 1999, a EVGA foi uma das primeiras AIBs da Nvidia e é tida no momento como a principal parceira do time verde no ocidente, responsável por algumas das placas de vídeo mais premium da família GeForce. Os modelos mais avançados foram desenvolvidos em parceria com o renomado overclocker Vince Lucido, mais conhecido pelo apelido "Kingpin", que dá nome às placas, contratado especificamente para bater recordes mundiais em benchmarks.

Vale destacar ainda que essa não é a primeira fabricante a romper relações com a Nvidia — a XFX, no momento conhecida como uma das principais AIBs da AMD, e a BFG, atualmente extinta, foram outros dois casos de peso nos últimos 10 anos. Dito isso, a EVGA é certamente o de maior impacto, especialmente diante da proximidade do lançamento da linha RTX 4000. Com a saída, as outras parceiras devem lutar pelo estoque deixado, enquanto especula-se que a Zotac possa ser uma forte candidata a assumir o posto aberto no segmento premium.

EVGA possui 80% de receita em GPUs

Outro ponto muito curioso revelado por Andrew Han é que a EVGA não deverá mais fabricar placas de vídeo, enquanto buscará manter todos os funcionários que possui, realocando-os para outros departamentos. Apesar da atitude louvável, que poucas empresas teriam, o cenário é bastante complicado. Segundo o Gamers Nexus, 80% da receita da empresa é proveniente das GPUs, enquanto 18% advém das placas-mãe e 2% de "outros produtos".

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Isso significa que a decisão deve ter um impacto profundo na própria companhia, e reforça como foi tomada pelos princípios do CEO, e mais ainda por motivos pessoais. Outra questão espantosa é que a marca não pretende apostar em novos segmentos, lutando para se manter com outras áreas a que atende — o que significaria os 20% restantes da receita. Como apontado por Steve Burke, as contas não fecham, e tornam o futuro da fabricante incerto.

Discutindo o caso, o jornalista Igor Wallossek, do portal alemão Igor's LAB, indica que o modelo de negócios da EVGA teria sido outro fator importante para a decisão dessa semana. A companhia era conhecida por ter como princípios "a boa vontade e a generosidade", dando garantias completas e bastante robustas aos consumidores. Conversando com concorrentes, Igor destaca que outras AIBs consideram a prática um "suícidio econômico por padrão".

A situação era agravada com a estratégia da EVGA de não produzir as próprias peças, dependendo de outras fabricantes para ter acesso a circuitos e outros componentes, o que limitava ainda mais as margens de lucro de apenas 5% por placa impostas pelos preços elevados da Nvidia para as AIBs. O jornalista explica que essa margem não geraria impactos significativos em gigantes que fabricam mais de 200 mil placas por semana, mas pesaria muito em marcas pequenas, especialmente as que atendem uma empresa específica.

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Fonte: EVGAIgor's LAB