Desempenho “capado” | Seu PC gamer funciona como deveria?
Por Ramalho Lima (Maldditu Xavier) • Editado por Léo Müller |

Você compraria um PC ou notebook gamer sabendo que o hardware da máquina possui desempenho compatível com peças mais fracas, mesmo custando mais caro? A prática de reduzir a potência de algumas peças de hardware, com o objetivo de evitar superaquecimento ou consumo excessivo de energia, é muito comum em notebooks, principalmente nos modelos gamer.
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Em tese, essa conduta não deveria preocupar os usuários, pois, mesmo que peças mais recentes funcionassem com potência reduzida, elas conseguiriam oferecer desempenho superior em relação às da geração anterior.
No entanto, quando falamos de máquinas gamer, sejam notebooks ou PCs desktop, o desempenho está muito atrelado à combinação de duas peças principais: o processador e a placa de vídeo. O ideal é que esses equipamentos ofereçam configurações equilibradas, a fim de conciliar bom desempenho e preço adequado.
Por isso, em máquinas gamer, é mais difícil adaptar o desempenho do equipamento de modo que ele seja considerado interessante pelo público alvo. Nesse caso, CPU e GPU precisam estar em “harmonia”. E ainda há outros fatores que pesam na configuração da máquina, como tamanho, qualidade e resolução da tela (no caso de notebooks), quantidade de memória RAM, tamanho do armazenamento, entre outros fatores.
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Como os fabricantes reduzem o desempenho de PCs e notebooks?
Comumente, processadores e placas de vídeo para o segmento móvel possuem diferentes níveis de potência. Isso significa que essas peças podem funcionar com desempenho maior ou menor, a depender da configuração de potência estipulada pelo fabricante do notebook.
Isso faz com que dois ou mais notebooks equipados com o mesmo hardware principal (CPU + GPU) tenham diferentes níveis de performance. Essa estratégia serve para ajustar o funcionamento do dispositivo em relação não apenas ao desempenho, mas também quanto a parâmetros como autonomia de bateria, capacidade de refrigeração e níveis de ruído.
Em um situação perfeita, toda máquina equipada com o mesmo hardware deveria oferecer o máximo desempenho, de acordo com o poder de processamento de suas peças principais. No entanto, quando falamos de dispositivos móveis, entram em cena as limitações físicas de um produto que tem o objetivo de ser portátil.
Quanto maior a potência máxima da CPU e da GPU, mais calor e consumo energético serão gerados. E para dar conta do aquecimento e do consumo de energia, os fabricantes precisam investir em sistemas de refrigeração mais avançados e em baterias com maior capacidade. Isso requer maior investimento, além de mais espaço dentro do chassi do dispositivo. Isso resultaria em equipamentos maiores, mais pesados e mais caros.
A redução de desempenho devido à escolha de uma potência mais baixa de operação do hardware é muito comum em notebooks, mas não se limita a eles. Isso também pode ocorrer em PCs desktops montados que possuem placas-mãe personalizadas pelo fabricante. Essas placas permitem configurar a potência de operação do processador a partir da redução da frequência e voltagem.
Além disso, essa prática tende a se tornar popular também em consoles portáteis equipados com hardware com arquitetura x86, ou seja, compatível com sistemas operacionais como o Windows e o Linux.
Quando a redução do desempenho se torna um problema para o usuário?
O fato é que, nos últimos anos, o hardware em geral teve um ganho excepcional de desempenho, tanto nos processadores quanto nas placas de vídeo. Porém, isso afetou a eficiência energética, principalmente em componentes topo de linha, que alcançaram novos patamares em performance.
Isso é um problema substancialmente preocupante quando falamos de dispositivos portáteis. Se já é difícil refrigerar um PC desktop de última geração, essa tarefa se torna ainda mais complicada em um notebook ou PC com gabinete personalizado pelo fabricante. Mesmo que o sistema de refrigeração seja avançado, falta espaço para criar correntes de ar eficazes.
Os fabricantes têm razões consideráveis para “capar” o desempenho de seus produtos. Mas precisamos analisar essa prática mais de perto, para podermos determinar até que ponto essa redução pode impactar negativamente a experiência do usuário.
Máquinas novas com desempenho de máquinas antigas
Em primeiro lugar, um PC ou notebook gamer de geração atual precisa oferecer maior desempenho em relação ao modelo de mesma linha que faz parte da geração anterior.
É inadmissível que o hardware mais novo alcance o mesmo nível de desempenho do modelo antecessor. Até porque, quase sempre, o novo dispositivo chega ao mercado com valor mais alto.
Peças de alto desempenho com performance de peças inferiores
A redução da potência do hardware também pode prejudicar os consumidores quando uma determinada peça (CPU ou GPU) tem seu desempenho tão limitado que ela funciona como se fosse um componente inferior. Por exemplo, um Core i9 de 24 núcleos ter o mesmo desempenho de um Core i9 de 18 núcleos, ou uma RTX 4070 Ti ter o mesmo desempenho de uma RTX 4070.
Equipamento novo com hardware antigo
A personalização da potência do hardware também permite que os fabricantes lancem novos produtos com os mesmos componentes da geração passada, mas com desempenho ligeiramente superior. Para isso, basta liberar a potência total do mesmo componente usado no modelo antecessor.
Contudo, eu não acho muito ético utilizar hardware antigo em equipamentos novos, a não ser que não haja uma geração de componentes mais recente. Como citei anteriormente, equipamentos novos costumam custar mais caro. Sem falar que componentes antigos podem não ser compatíveis com novas tecnologias, o que os tornam datados mais rapidamente.
Configuração desequilibrada
Se um PC ou notebook gamer tiver uma configuração desequilibrada, ele não vai atingir seu propósito de oferecer um desempenho consistente em jogos. Essa prática não está relacionada à redução de potência do componente, mas, da mesma maneira, impacta negativamente a experiência do usuário.
PCs ou notebooks com configurações desequilibradas, geralmente, são equipados com um processador muito mais poderoso que a placa de vídeo dedicada. Essas máquinas podem atender muito bem o propósito de determinados tipos de profissionais, cujas tarefas fazem uso intenso somente da CPU.
Mas, no caso dos gamers, esses equipamentos com hardware mal combinado chegam ao mercado com preços inflados, devido à utilização de um apenas um componente high-end. Não faz sentido um dispositivo custar caro demais por causa de uma CPU topo de linha, sendo que a GPU não é capaz de acompanhar sua performance em jogos.
Muitas vezes, essas máquinas chegam a oferecer o mesmo – ou menor – desempenho em jogos que dispositivos mais baratos. Para que isso ocorra, basta que o equipamento concorrente tenha CPU e GPU com performance equivalente, mas a placa de vídeo seja superior à presente na máquina mais cara.
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