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AMD x Intel: mercado gamer pode estar ajudando em virada histórica

Por| 31 de Outubro de 2019 às 09h19

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AMD
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A AMD está com tanta força neste ano que está conseguindo superar a Intel. É isso o que mostram estudos e os relatórios mais recentes de vendas de ambas as companhias. Um levantamento do site sul-coreano NewSA, por exemplo, mostra que, pela primeira vez, a AMD passou a Intel em vendas de processadores na Coreia do Sul. Historicamente, a empresa sempre ficou atrás.

Além disso, a AMD também teve bom desempenho na Europa. A companhia antecipou dados do seu relatório trimestral, em que revela quase o dobro de venda de unidades na Europa em um ano.

A AMD não tem tanta força quanto sua concorrente na oferta de processadores junto a fabricantes de desktops e notebooks. Isso significa que a maioria dos usuários que possuem um processador da linha Ryzen geralmente o compram para montar seus computadores em casa.

Contudo, neste trimestre, a companhia passou sua concorrente. De acordo com o levantamento do NewSA, 51,3% de todos os PCs fabricados na Coreia do Sul tiveram processadores AMD, sendo que a Intel ficou com os outros 48,7%. O cenário é inédito na região. No início do ano, a Intel detinha quase 60% de todo o mercado do país.

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A AMD também apresentou crescimento no mercado europeu, mas ainda não conseguiu passar a concorrente. Mesmo assim, a empresa antecipou que, até este trimestre fiscal, já vendeu quase o dobro de processadores no mesmo período um ano atrás, saltando de 355 mil para 629 mil unidades na Europa.

“Esta pulverização do mercado é algo que estamos observando em várias partes do mundo, em especial as duas apresentadas aqui”, aponta Wellington La Falce, analista de mercado da IDC Brasil, em entrevista ao Canaltech.

Apesar disso, no velho continente, ainda há dominância da Intel. A marca tem grande maioria do mercado, mas viu cair sua fatia da casa dos 80% para menos de 70%, com a AMD ganhando espaço. Este cenário não era visto há mais de uma década.

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Jogos

La Falce acredita que um dos principais motivos para esta movimentação pode estar no setor de games. Segundo ele, este é um setor mais maduro, para o qual há uma demanda maior por produtos com maior potência.

“Um dos pontos é que o perfil do gamer é pulverizado. Existem perfis diferentes em busca de um mesmo objetivo, que é conseguir jogar. Tem mais experiência para analisar ofertas de mercado, fazendo crescer a competitividade. É diferente do mercado mais tradicional, que tem demandas mais específicas e não varia muito, geralmente optando pelo que é mais barato”, explica La Falce.
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A AMD trabalha não só com processadores, mas também com placas de vídeo para este mercado. Ou seja, conhece mais as demandas do setor para os gamers. Com o aumento da demanda deste setor, a empresa pode ter ganhado mais espaço.

Outra análise é que antes os processadores da empresa eram comprados à parte pelos usuários para montar os PCs. Com o crescimento do mercado de jogos, as próprias fabricantes já começam a demandar chips para este público.

“Quando o jogador começa a exigir mais para computadores gamers, as fabricantes também vão produzir neste sentido. Pois aqui também entra aquele jogador mais novato, que não tem tanta experiência para montar seu PC, mas quer um modelo gamer”, lembra La Falce.

Cenário 

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Apesar de não representarem o total de vendas do mercado de processadores, esta guinada da AMD nesses dois mercados específicos mostra fôlego da empresa em relação à sua concorrente, que sempre se mostrou mais forte. O mercado sul-coreano é um ponto de alta demanda por processadores o que pode revelar que a gigante dos Ryzen pode estar em bom momento.

Um dos motivos para isso pode ser a competição no processo de fabricação de chips. A AMD já lançou ao mercado, em julho deste ano, seus chips com 7 nm, enquanto a Intel ainda está batalhando para chegar aos 10 nm.

Outro ponto pode ser os problemas de demanda da Intel, especificamente no ano passado. A companhia não conseguiu produzir o necessário, o que, para La Falce, significou uma quantidade alta de modelos mais antigos no mercado, abrindo espaço para a concorrência.

Junto disso, as expectativas não são boas para a Intel. A própria empresa já afirmou que está correndo atrás do prejuízo, buscando igualar seus chips ao desempenho da linha Ryzen 3000.

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Em outubro deste ano, testes com o Intel Core i9-10920X, da nova linha Cascade Lake, mostraram que ele entrega o mesmo desempenho do Ryzen 9 3900X. O problema é que o chip da AMD é considerado “mediano”, mesmo voltado para máquinas de alto desempenho, custando menos que o da Intel.

Outro golpe forte na Intel pode ter sido uma falha de segurança que assolou basicamente todos os modelos disponíveis para os mercados corporativo e consumidor. Por conta disso, uma pessoa mal-intencionada poderia ter acesso a todas as informações das plataformas, realizando operações de espionagem e roubo de dados.

Embora este não seja um argumento de escolha do usuário final, questões de segurança são essenciais para fabricantes na hora de escolher quais modelos de processadores vão colocar no mercado junto de sua máquina.

Tendência

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Mesmo com o bom momento da AMD, o analista da IDC acredita que o mercado não deve se manter com essa pulverização por muito tempo. Para ele, existe uma demanda gamer que pode colaborar com uma maior diversidade de produtos e maior concorrência. Contudo, em se tratando de outros setores, o panorama é outro.

“A gente vê essa pulverização em nichos, como de gamers, produção, designers gráficos e afins, que exigem demanda. São mais maduros e conseguem entender que há outras opções do mercado. Para a grande massa, ainda não vmos uma briga muito grande, com a manutenção do panorama atual”, finaliza.

A Intel promete que seus processadores de 10 nm chegarão ao mercado em 2020, o que pode trazer de volta o setor de alto desempenho para o lado dela.

Fonte: WCCFtech