Bolsonaro afirma que irá extinguir a Ancine se suas mudanças não forem aprovadas
Por Rafael Rodrigues da Silva |
Nesta sexta-feira (19) o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pretende transformar a Agência Nacional do Cinema (Ancine) em uma secretaria vinculada a algum dos ministérios do governo, e que ou ela existirá do jeito que o presidente achar melhor ou ele irá simplesmente extingui-la.
Isso porque Bolsonaro afirmou que o único modo de a Ancine continuar existindo é se ela passar a ter alguns “filtros culturais”, ou seja, que ela só banque algum tipo de projeto que se encaixar em definições temáticas específicas. De acordo com o presidente, caso ocorra uma pressão popular que o impeça de criar esses filtros, a Ancine será privatizada ou simplesmente extinguida.
O motivo dado pelo presidente para a adoção desses filtros culturais é de que o governo não pode bancar filmes “pornográficos”, e cita o longa Bruna Surfistinha como exemplo (vale ressaltar que Bruna Surfistinha não recebeu nenhum financiamento da Ancine, e foi produzido com a ajuda da Lei Rouanet, que possui um tipo de arrecadação totalmente diferente e totalmente desvinculado da Ancine). Já os críticos da decisão afirmam que criar filtros temáticos na Agência seria a mesma coisa que censurar a classe artística, pois a maioria dos cineastas que produzem filmes de menor orçamento (e que concorrem a prêmios internacionais e levando o nome do Brasil ao mercado internacional de cinema) necessitam do apoio da Ancine para que suas obras saiam do papel.
A fala do presidente segue no mesmo tom das críticas feitas por ele sobre a agência nos últimos dias, condenando um suposto “ativismo” da Ancine, que culminou na confirmação da transferência do escritório dela do Rio de Janeiro para Brasília nesta quinta-feira (18). O objetivo da mudança é que o Palácio do Planalto tenha mais influência das decisões tomadas pela Agência, e pode fortalecer a articulação de políticas públicas para a área de cultura. Ao mesmo tempo, a possibilidade de tirar a autonomia criativa é o que mais preocupa os artistas que dependem da Ancine para sobreviver de sua arte.
Fonte: Exame