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Village: a importância do primeiro Resident Evil dublado em português

Por| Editado por Jones Oliveira | 15 de Junho de 2021 às 18h30

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Divulgação/Capcom
Divulgação/Capcom

Um sonho foi realizado e um marco foi firmado, para os fãs brasileiros, no dia 7 de maio de 2021, quando Resident Evil Village foi lançado. Pela primeira vez em 25 anos de franquia, chegava às nossas mãos um game completamente localizado para o português brasileiro e, principalmente, dublado em nosso idioma. Um feito que tornou ainda mais interessante um dos melhores jogos deste primeiro semestre de 2021.

O anúncio, feito em rede nacional no canal Loading, gerou comoção e evidenciou o longo caminho seguido até aqui. Afinal de contas, lá se vão quase 10 anos desde que a Capcom, pela primeira vez, trouxe jogos em nosso idioma a uma das franquias mais populares entre os jogadores brasileiros. Os pedidos de dublagem eram antigos e, agora, são celebrados em um material de extrema qualidade.

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O trio de protagonistas, por exemplo, é interpretado por vozes bastante conhecidas de quem acompanha a dublagem nacional. Raphael Rossatto é Ethan, mas também o intérprete nacional de Chris Pratt, cuja voz pode ser ouvida nas sagas Vingadores e Guardiões da Galáxia; Priscila Franco é Mia, mas também é conhecida como a responsável pelas localizações de Anna Kendrick e Alexandra Daddario; enquanto Léo Rabelo retorna ao papel de Chris Redfield após interpretar o personagem no longa de animação Resident Evil: A Vingança.

Isso sem falar em outros nomes que trouxeram ainda mais personalidade a um game que, por si só, já traz um conjunto de vilões bastante peculiares e memoráveis. Os quatro lordes são interpretados por Adriana Pissardini (Alcina Dimitrescu), Henrique Canales (Karl Heisenberg), Rebeca Zadra (Donna Beneviento e Angie) e Raul Rosa (Salvatore Moreau), liderados por Beatriz Villa, a Mãe Miranda. Vozes em português que ajudaram, com certeza, a marcar os oponentes na mente dos fanáticos por Resident Evil.

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Desde antes do lançamento de Resident Evil Village, Lady Dimitrescu se tornou uma favorita dos fãs e agora esse sentimento é compartilhado pela própria dubladora. “Estou sem redes sociais, mas meus amigos sempre me mandam prints dos fãs falando que curtiram o trabalho. Alguns até pedem para que eles enviem a mim o carinho e admiração pelo trabalho”, explica Pissardini, que interpretou a personagem na versão nacional. “Não sabia dessa paixão toda antes das gravações e achei o máximo”, completou em entrevista ao Canaltech.

Todo esse amor, afirma, se reflete nas interpretações que realiza e, de dentro de estúdio, ela conta ter dedicação máxima ao trabalho. Tanto que, hoje em dia, não consegue arrumar muito tempo para jogar videogame em meio à rotina de gravações. “A dublagem absorve a gente. Nunca joguei Resident Evil, mas conhecia [a série de nome] e apenas ser chamada para o teste foi uma grande honra”, lembra. Depois, ao conseguir o papel, era a hora de dar o seu melhor. Quem jogou, percebeu isso muito bem.

Um longo caminho até aqui

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A rota para a dublagem de Resident Evil começou há nove anos, em 2012, quando Resident Evil 6 chegou às lojas, ainda no PlayStation 3 e Xbox 360, como o primeiro game da franquia localizado para o português. Em um jogo com muitos diálogos e arquivos de texto para serem lidos, a acessibilidade se tornou importante, ainda que, naquela ocasião, muitos erros tenham sido cometidos, chegando até mesmo a dificultar o entendimento da história.

Desde então, porém, há uma evolução com todos os títulos da série chegando com textos em nosso idioma, com as remasterizações de Resident Evil e seu prequel sendo exceções bastante sentidas. Ainda assim, o prognóstico era bom e, a cada novo título, os fãs clamavam por personagens falando nosso idioma, com direito a tais pedidos sendo levados diretamente aos produtores na BGS de 2018, quando o produtor do remake do segundo jogo da série, Yohsiaki Hirabayashi, esteve no Brasil.

“Acredito que [a dublagem] tenha vindo 90% por causa dos fãs e 10%, ou até menos, por imposição do mercado. A conquista é da comunidade, que fez mobilizações e pedidos em sites, canais e redes sociais”, explica Monique Alves, editora do Resident Evil Database, o maior site em português sobre a franquia. Mais do que apenas a acessibilidade, ela ressalta que há uma sensação de atenção ao mercado brasileiro, com mais e mais títulos chegando em nosso idioma.

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“Como fã antiga da franquia, sei que a gente sempre esperou por representação no Brasil. Isso mostra que a Capcom está olhando para nós, sem falar que [uma dublagem] também traz mais gente para a série”. Alves elogia a localização nacional de Resident Evil e, principalmente, a escolha de profissionais talentosos e conhecidos para o trabalho: “A Capcom do Brasil também participou de perto das sessões de gravação e esse é um detalhe que demonstra a preocupação com esse aspecto”.

Olhos do céu

O desafio de criar o primeiro Resident Evil falado em português brasileiro também motivou uma atenção bem próxima da Capcom, desenvolvedora do game. Um representante da empresa acompanhou as gravações de perto, não apenas para garantir a qualidade do trabalho, mas também entregar contexto sobre os personagens e a trama. Ainda assim, o processo seguiu as rotinas usuais de um trabalho desse tipo, principalmente no que toca a liberdade dos profissionais.

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“O projeto era um Resident Evil, então sem dúvida houve um cuidado extra”, lembra André Mello, diretor da dublagem de Resident Evil Village. “A presença da Capcom foi importante para adicionar detalhes da história [e seus protagonistas], mas tive autonomia total para seguir o caminho criativo pertinente a cada momento e personagem”, completa, enaltecendo o respeito da desenvolvedora pelo trabalho nacional.

Um processo desse tipo, claro, começa antes mesmo de os atores serem selecionados. Com a localização brasileira em mãos e o maior nível de detalhe possível sobre o game, seus personagens, dubladores internacionais e a trama, o diretor do estúdio de dublagem segue para a fase de seleção dos intérpretes. Para cada protagonista, três dubladores são pré-selecionados ao lado do gerente do estúdio onde as gravações vão acontecer, com o cliente, neste caso a Capcom, sendo o responsável por bater o martelo.

Enquanto isso, explica o diretor, o trabalho é focado na adaptação do texto traduzido, que precisa se adequar à sincronia labial dos personagens que aparecem na tela. Aqui, Mello aponta um caráter bem diferente da dublagem de jogos em relação a produções de cinema ou TV: “Geralmente, o elenco tem acesso apenas às imagens dos personagens e do próprio jogo, que é dublado de acordo com as ondas sonoras, sem vídeos por cima dos quais as gravações são feitas”.

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Com isso, o trabalho se torna um pouco mais desafiador, principalmente na transposição do sentimento dos personagens, que precisa ser entendido apenas com os sons. É justamente por isso que, para o diretor, ter o máximo de contexto possível sobre a trama ajuda, enquanto o trabalho do diretor também envolve passar todos esses elementos aos atores. “Tudo isso é importante para dar liberdade criativa para que o elenco desempenhe o melhor trabalho possível”, completa.

As gravações ocorreram no final de 2020, com o aspecto da autonomia também sendo ressaltado pelos atores. Segundo Pissardini, ainda que o elenco não tenha acesso às cenas em movimento, apenas uma arte final, o cuidado dos diretores e engenheiros de som com a adaptação auxiliou na interpretação. “Tentei me concentrar na concepção original [de Dimitrescu]. Não tive contato com a Capcom diretamente, mas o diretor me orientou corretamente para que o resultado fosse fiel”.

Mello também sente que todo o esforço agradou aos fãs, com a base refletindo o amor pela série também nas opiniões relacionadas à dublagem. O diretor diz estar particularmente feliz já que, além de trabalhar nos bastidores, também atua há 37 anos e ainda é fã de games. “A entrega grande de cada ator e atriz para, assim, passar o sentimento para os jogadores. [É um trabalho] prazeroso e empolgante e a sensação é de missão cumprida”, completa.

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O futuro também parece brilhante para os jogos de Resident Evil falando português. Em todo o mundo, Village segue batendo recordes, sendo o lançamento mais vendido do ano e o segundo em volume total, ficando atrás apenas de Call of Duty: Black Ops Cold War, de novembro de 2020. No Brasil, ele foi o game de PlayStation 5 de maior sucesso no mês de maio e o terceiro colocado no ranking do PlayStation 4, de acordo com dados divulgados pela própria Sony. A expectativa dos fãs, agora, é que o sucesso e os elogios tornem a dublagem em português uma constante para a saga.

Resident Evil Village foi lançado em 7 de maio para PC, PlayStation 4 e Xbox One, com otimizações gratuitas para PS5 e Xbox Series X e S. O jogo foi desenvolvido pela Capcom e, no Brasil, é distribuído pela Warner Bros.