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Review Life is Strange: True Colors | Jogo traz cores para as razões e emoções

Por  • Editado por  Bruna Penilhas  | 

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Divulgação/Square Enix
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Life is Strange: True Colors é o novíssimo game do apaixonante universo de escolhas publicado pela Square Enix. Desenvolvido pela Deck Nine, criadora do spin-off Life is Strange: Before The Storm, o jogo traz uma aventura pintada com amor, luto, mistério e reviravoltas.

Para dar uma luz antes de entrar nessa jornada, o Canaltech já testou o título e conta a seguir tudo o que há de novidades, os pontos bons e ruins e também as nossas impressões. Life is Strange: True Colors será lançado em 10 de setembro para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X e Series S. A versão de Nintendo Switch chegará no final de 2021. O jogo tem legendas e textos localizados para português brasileiro.

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História de verão

A trama começa com Alex Chen chegando à pequena cidade fictícia Heaven Springs, no estado do Colorado, para reencontrar seu irmão mais velho Gabe. Após anos separados, ela em um orfanato e ele em um reformatório, eles dão um novo passo em suas novas vidas.

Na pacata vila, a protagonista vê que a vida do irmão está transformada. O primogênito é muito querido pela comunidade (igual a Rachel Amber, do primeiro LiS), “entrou nos eixos” e deixou seu passado problemático para trás. Tudo isso serve de inspiração para a caçula embarcar na nova jornada.

No entanto, há um pequeno detalhe: Alex tem sua empatia muito acentuada, digamos assim. Ela consegue sentir os sentimentos mais fortes das pessoas, vendo uma aura envolta de cada uma delas. Azul para a tristeza, vermelho para a raiva, roxo para o medo e amarelo para a felicidade.

Tudo vai bem para os irmãos Chen e os habitantes da cidadezinha, mas um terrível acidente envolvendo a mineradora local Typhon abre uma ferida irreparável no coração de todos. Os acontecimentos são o catalisador para que a história tome forma e avance sem olhar para trás.

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Assim como nos Life is Strange anteriores, a trama brinca com seus sentimentos, mostrando momentos felizes e de contemplação, mas que de repente são substituídos por uma avalanche de tristeza e melancolia para os protagonistas e todos ao redor.

A história é muito bem amarrada em todo o jogo, sem deixar nenhuma ponta solta. Tudo flui muito bem tanto no enredo principal quanto nos dramas pessoais dos personagens secundários — e, claro, tudo seguindo a montanha-russa de emoções que vai deixá-lo igualmente feliz e triste :):.

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Também seguindo a receitinha dos demais jogos da franquia e do gênero, gastar uns minutinhos a mais em cada local traz ótimas recompensas. Referências a outros LiS, detalhes do passado de Alex e dos outros personagens e as clássicas informações extras para os diálogos estão espalhadas por todos os cantos.

Nesse quesito, a habilidade de sentir as emoções também é usada com maestria, seja para conseguir informações para pequenas atividades ou ações decisivas para as decisões que impactam diretamente o futuro.

Além dos locais físicos, ver o diário, os SMS e os posts na rede social MyBlock também enriquecerá muito sua jornada empática.

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À flor da pele

Como as emoções são o centro da história e das mecânicas, claro que temos personagens únicos, assim como a vida real.

Falando primeiro da Alex, o jogador pode moldar a personalidade da protagonista com as suas escolhas; quase como acontece com Sean e Daniel em Life is Strange 2. Usando o primeiro Life is Strange como referência, podemos ter a personagem principal como uma Max ou uma Chloe — ou seja, como alguém mais tímida e introvertida ou corajosa e extrovertida. Tudo depende do jogador.

No meu caso, na primeira vez jogando segui uma personalidade mais expansiva. Isso deixou Alex como alguém muito cativante e, ouso dizer, a melhor personagem principal até agora. Agora a transformando em alguém mais tímida e reservada na segunda jogatina, ela ainda tem seu charme como a pessoa acanhada, mas capaz de fazer tudo por quem ela gosta.

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Já nos outros personagens temos os destemidos, os bonzinhos demais, os carismáticos, os egocêntricos e outras personalidades que encontramos por aí. Descobrir mais sobre cada um ajuda na forma de lidar com eles e também recheiam a trama. Isso é muito bem colocado, ainda mais porque a forma como cada um lida com os acontecimentos principais é muito particular.

Falando também do romance, quem joga pode dar o rumo da sexualidade de Alex, de modo que ela pode se relacionar amorosamente com uma garota, um garoto ou nenhum dos dois.

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Na sua estante

True Colors se passa no mesmo universo dos outros jogos. O principal elo disso é Steph, a fã de RPG e música que dá as caras no primeiríssimo game. Aqui, ela está de volta, mais velha e com mais experiência, mas ainda com sua personalidade única. Ela é uma das coadjuvantes e pode ser apenas uma amiga ou um interesse romântico de Alex, assim como o personagem inédito Ryan.

Fora isso, camisetas, pôsteres, revistas e muitas outras coisas são conexões diretas aos games anteriores. É um fan-service ótimo que sempre agrada, mas não há citações do que aconteceu em Arcadia Bay ou dos feitos dos irmãos Diaz. Como todos os games possuem finais alternativos, seria interessante, por exemplo, se True Colors levasse em conta os saves dos jogadores que zeraram os títulos anteriores para fazer as referências.

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Quebre as correntes

Os outros jogos da série trouxeram episódios separados e que eram lançados em um intervalo de tempo. Agora, os cinco capítulos chegam de uma vez e podem ser jogados como quiser.

Particularmente, eu sempre esperei a estreia de todos os fragmentos para jogar no meu ritmo. Com a Square Enix soltando todos, para mim não fez muita diferença e nada impede de jogar um episódio por dia, a cada dois etc.

Falando de hardware da nova geração, o tempo de carregamento é mediano. Jogos graficamente mais pesados têm telas de loading mais rápidas, mas ainda assim não é algo demorado a ponto de dar para fazer um miojo. O DualSense, controle do PS5, tira muito proveito do jogo. A cada toque ou ação com os sentimentos, o acessório simula uma vibração e também coloca a cor da emoção no LED do controle.

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Escolhas, provas e promessas

Ao longo do game, quando escolhemos se ajudamos, absorvemos os sentimentos ruins ou criamos experiências felizes para as pessoas, o reflexo dessa atitude pode aparecer imediatamente ou ainda mais adiante no jogo. Caso seja um jogador explorador, também notará algumas sutis consequências entre os NPCs, como ver que uma dupla de amigos que você ajudou a sair da "friendzone" está namorando.

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Ao longo dos quatro primeiros capítulos, tomamos uma série de decisões, mas é no quinto que veremos o resultado dos relacionamentos que cultivamos ao longo do game. De forma geral, as ações têm um impacto notável na narrativa. As decisões não passam batido, mas também não rendem situações 8 ou 80, como destruir uma cidade ou arrebentar uma fronteira.

Nas primeiras partes, temos algumas dúvidas e poucas respostas, gerando alguns encerramentos não tão cativantes. Porém, com a trama se desenvolvendo do terceiro em diante, os cliffhanger (reviravoltas que geralmente enceram os episódios) ficam muito intensos e mantêm o interesse na narrativa. A história passa por um crescimento exponencial que fica melhor a cada capítulo.

O game conta com seis opções de finais, variando de acordo com o relacionamento do jogador com Steph e Ryan. Não há finais tão impactantes, para o bem e para o mal, como o LiS 2, por exemplo. Isso fica um pouco vago até, já que o tom de algumas decisões parecem bem mais drástico em um primeiro momento. Dá até para dizer que o final é um só, mas com visuais diferentes.

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Minha experiência com o jogo foi ótima. Assim como os outros títulos, Life is Strange é sobre identificação com o protagonista. A Square Enix me emocionou mais uma vez, trazendo um personagem com tantas características semelhantes às minhas: alguém que se preocupa, que quer ver as pessoas próximas bem e faz até mais do que devia para alegrá-las. Isso me fez mergulhar fundo na jornada de Alex e até pensar que eu estava jogando um simulador da minha vida, mas com poderes.

A empatia prova seu valor e faz você ir atrás de se relacionar a fundo com cada habitante de Heave Springs. Mesmo que você possa ignorar e não ir atrás da história deles, o ambiente que o jogo cria dá vontade de saber mais e entender porque cada um é como é.

Life is Strange: True Colors vale a pena?

Se você é um fã de longa data da franquia e já jogou todos os jogos, com certeza este game ganhará seu coração. Ele é definitivamente um passo novo na saga, com um pé no passado e o outro na novidade. A nova história é como uma grande homenagem ao primeiro, com uma trama que tinha tudo para ser bela, mas é massacrada por alguns lobos em peles de cordeiros.

Ainda assim, como é de praxe, o novo poder é o que dita o enredo e a trama. Ele é muito bem aproveitado e tão bom quanto voltar no tempo e a telecinese. Dessa forma, ele aprimora o sentimentalismo que sempre foi muito explorado na série.

Mesmo sem muita inovação na série e até no estilo, True Colors é uma experiência muito emocionante e centrada nos sentimentos. O game mostra como as pessoas lidam com as situações e até como alguns pensam mais nos outros do que em nós mesmos. No meu caso, rolou uma identificação muito forte com a Alex.

Se você nunca jogou nenhum LiS, mas é fã de jogos de escolhas e curte um bom drama, a novidade da Square Enix vai agradá-lo muito. Agora, se você é dos que nunca jogou nada parecido, começar por ele não seria o recomendado. Há jogos mais antigos, menores e mais baratos como o primeiro Life is Strange, Beyond: Two Souls e The Walking Dead (Telltale), para uma introdução ao gênero

Life is Strange: True Colors foi analisado no PlayStation 5, com um cópia cedida gentilmente pela Square Enix