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Análise | Ghost 'n Goblins Resurrection é o retorno merecido de um clássico

Por| 28 de Fevereiro de 2021 às 15h00

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Divulgação/Capcom
Divulgação/Capcom

Terminar games, hoje, é a norma, com poucas exceções proporcionadas por títulos indies com foco no desafio e expoentes do estilo Soulslike. Tirando estes, é raro ouvirmos falar em um título tão difícil ou desafiador que os jogadores não consigam finalizar. Entretanto, nem sempre foi assim, e se há um nome que causava arrepios em jogadores de duas décadas atrás, esse é, com certeza, Ghost 'n Goblins.

A franquia da Capcom, que começou em 1985 e deu origem a spin-offs e diferentes versões ao longo dos anos, era sinônimo de jogo difícil ao lado de títulos como Ninja Gaiden ou Shinobi. O clima, aqui, era de terror, não pelas imagens de um cavaleiro enfrentando monstros, muitas vezes, só de cueca, mas pela quantidade de inimigos e projéteis diferentes voando pela tela. O nível de precisão exigido é alto, assim como o nível de desgraçamento mental e a vontade de tentar de novo, e de novo.

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É a receita pronta para um clássico memorável, seja pelo amor ou pelo ódio, e como tantas outras de suas grandes franquias, também uma marca deixada meio de lado pela Capcom. Arthur, porém, nunca foi esquecido, mas merecia mais do que a participação especial em jogos de luta. Esse retorno, tão aguardado, surge agora com Ghost 'n Goblins Ressurrection, que une a homenagem devida às melhorias que tornam a série acessível, mas sem a desfigurar.

O título exclusivo para Nintendo Switch caminha no limiar da remasterização e do remake — talvez uma palavra tão usada pela Capcom recentemente, “reimaginação”, caiba melhor aqui. A nova versão usa tecnologias contemporâneas para, efetivamente, refazer o título, ao mesmo tempo em que reúne e mistura fases e elementos de todas as eras da série para criar uma versão que seja, ao mesmo tempo, fresca e nostálgica.

Viagem no tempo

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Ghost 'n Goblins Ressurrection é encarado como um game inédito, mas que reproduz as fases das duas versões mais clássicas da franquia, o original, de 1985, e sua sequência, Ghouls 'n Ghosts, de 1988. As fases de ambos são liberadas em um mapa e a progressão é livre, com o jogador podendo seguir ao mesmo tempo em ambos os títulos, focar apenas em um ou, em alguns casos, desistir de um estágio caso ele seja demais para a própria habilidade, sem que isso signifique interromper o avanço pelo título.

Quem jogou no passado vai se impressionar desde o começo, com um estilo artístico bastante inspirado. A RE Engine, motor gráfico utilizado em jogos recentes como Resident Evil 2 e Monster Hunter: World, confere uma beleza notável a Ghost 'n Goblins Resurrection, com a Capcom adotando um visual cartunesco que, ao mesmo tempo, renova as bases pixeladamente crocantes do original sem as desfigurar, como acontece em muitas atualizações desse tipo.

A cada inimigo gigante ou elemento de cenário em movimento, a sensação é de um mundo vivo e absolutamente opressor, onde tudo quer a morte de Arthur. Na jornada para salvar sua amada princesa, nosso cavaleiro de ceroulas deverá contar com a sorte e a precisão nos movimentos, além de uma grande noção de situação para que não se veja cercado pelas criaturas infernais ou com equipamentos inadequados para os desafios que estão adiante.

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Esse, aliás, é um aspecto que aparece quase intocado em relação aos títulos originais, com Ghost 'n Goblins Resurrection tendo a mesma mesquinharia de sempre quando o assunto são itens de cura, ou recuperação de armadura, para ser mais exato, e baús de mudanças de arma. Estes, apenas, aparecem com mais frequência no ressurgimento de Arthur durante batalhas contra os chefes de fase, de forma a compensar um possível despreparo do jogador devido às escolhas erradas feitas no passado — a aleatoriedade envolvida, entretanto, pode transformar essa questão em mera tentativa e erro, com algumas mortes pelo caminho.

Ghost 'n Goblins sempre foi implacável, e Ressurrection não é diferente. Nas dificuldades mais altas, que, inclusive, são as recomendadas pela Capcom, está intocada a experiência original com múltiplos inimigos na tela e protagonista frágil, com o game, inclusive, fazendo menção a esse desafio extrema na definição de cada nível. Há, entretanto, uma escalada interessante que atende quem está chegando agora e, também, àqueles que sempre quiseram finalizar o game e nunca conseguiram.

Aqui está o maior triunfo da nova versão, que como dito, foi capaz de tornar a experiência mais acessível sem a desfigurar. Na dificuldade mais baixa, por exemplo, Arthur não morre nunca — a bem da verdade, isso até acontece, mas é possível retornar com o personagem exatamente de onde paramos, para seguir adiante. Checkpoints também estão espalhados pelas fases e são colocados de forma bem pensada para não tornarem a experiência fácil nem punitiva demais.

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A Capcom dá com uma mão, permitindo o uso mais livre de magias mesmo nas dificuldades mais altas, além de colocar vidas “infinitas” e um sistema de progressão mais moderno, com fases que podem ser encaradas uma por vez. Ao mesmo tempo, tira com a outra, já que ao usar colheres de chá como checkpoints, o jogador também pode acabar perdendo upgrades e possibilidades de melhorias obtidas pelas fases.

Ao todo, são quatro níveis de dificuldade com características bem específicas, sendo que os dois intermediários representam a melhor experiência, preservando o desafio dos originais com um pouco mais de benefícios (ou não) aos jogadores. Comece por eles, principalmente se você não estiver acostumado com a franquia, e suba ou desça a barra de acordo com seu desempenho.

O nível de trabalho impressiona e é, também, inusitado para uma empresa que nem sempre faz esse tipo de aposta em franquias, aparentemente, deixadas de lado. Ao contrário das coletâneas com emulação de jogos de arcade ou antologias com detalhes de bastidores, focadas em uma nova acessibilidade a títulos antigos ou, simplesmente, em reunir clássicos em um único pacote, o que a Capcom apresenta aqui é um mergulho nas desventuras de Arthur e um retorno muito bem-vindo para um clássico da dificuldade extrema.

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As raízes de muito o que é considerado desafiador, hoje, podem ser encontradas aqui, preservadas e preparadas para uma nova jornada. Ghost 'n Goblins Ressurrection é o retorno merecido para uma saga que havia, há tempos, se tornado apenas uma memória. O primeiro game após um hiato de mais de 10 anos não poderia ser melhor.

O título está disponível exclusivamente para o Switch. No Canaltech, Ghost 'n Goblins Ressurrection foi analisado em cópia digital gentilmente cedida pela Capcom.