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Análise | Bleeding Edge diverte e tem potencial, mas carece de conteúdo

Por| 31 de Março de 2020 às 10h55

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Xbox Game Studios
Xbox Game Studios

Anunciado na E3 2019, Bleeding Edge é o primeiro jogo da Ninja Theory feito exclusivamente para o Xbox Game Studios, que agora vai abrigar os exclusivos da plataforma Xbox, que envolve os consoles e o PC. A ideia do estúdio foi criar um jogo de luta em estilo melee, em que dois times de quatro jogadores se enfrentam para realizar abates, colher itens e realizar objetivos dentro do campo de batalha.

Se a intenção da Ninja Theory era divertir, ela conseguiu. Apesar de não apresentar grandes novidades em termos de gameplay, a empresa foi bem-sucedida ao fazer um game com identidade própria, com personagens carismáticos e combate bem divertido e não menos desafiador.

Misturar conceitos de jogos como For Honor, da Ubisoft, e Overwatch, da Blizzard, foi uma tacada de mestre, mas, como todo game puramente online, o lançamento pode carecer de robustez e conteúdo, mas, claro, nada que atrapalhe a experiência.

Há um enorme potencial aqui.

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Estratégia e emoção

Bleeding Edge, como já citamos, é um jogo de luta em estilo melee que podemos considerar, sem exageros, como a mescla perfeita entre For Honor e Overwatch. O game da Ubisoft traz o conceito de combate em time com diferentes categorias de lutadores e o título da Blizzard redefiniu o que chamamos de jogo cooperativo, uma vez que, em BE, a comunicação é fundamental – além, é claro, do carisma de seus personagens.

Existem três categorias de lutadores no game exclusivo para Xbox One e PC: dano, suporte e tanque. Os personagens de dano são bem equilibrados e possuem características que privilegiam o ataque, mesmo que de modos bem diferentes entre si. Daemon e Nidhoggr, por exemplo, são muito bons no corpo a corpo e em situações em que é necessário uma certa furtividade, já Gizmo é muito boa para ataques à distância.

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Quando escolhemos os lutadores de suporte, o foco é ajudar seus parceiros de time potencializando suas habilidades ou recuperando sua energia. Mas, diferente de alguns shooters do mercado, em que o suporte não é muito bom para infringir dano, em Bleeding Edge isso não acontece. Aliás, todos os personagens podem ser considerados bons em agredir os oponentes, mesmo que suas categorias sejam diferentes. Os abates contam como pontuação, mesmo que existam momentos em que tenhamos que privilegiar as missões.

E, por fim, os personagens tanque são aqueles mais pesadões e que servem para momentos em que a briga é generalizada e precisamos da boa e velha força bruta e muita energia.

Cada personagem tem cinco golpes específicos, sendo dois superespeciais (você só pode escolher um) e três poderes secundários. Como já citamos, os lutadores podem atacar de perto ou de longe, executar combos ou lançar projéteis, tudo de maneira muito equilibrada, outro ponto muito positivo em Bleeding Edge. Você não se sente privilegiado ou em desvantagem com nenhum personagem, basta saber utilizá-lo e o sucesso nas lutas virá, pois a curva de aprendizado não é tão alta.

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Além dos golpes, é necessário aprender bem como executar movimentos defensivos e de esquiva. A defesa, por exemplo, não pode ser feita de maneira contínua; você tem de acertar o momento certo em que vai receber o golpe para repeli-lo. Já a esquiva é muito boa para aqueles momentos de pressão e em que você está totalmente a mercê do inimigo. Ela, porém, tem um ponto fraco: você só pode usá-la enquanto tiver fôlego para isso, algo bem parecido com o que acontece em For Honor.

Mods

Um recurso bem interessante que foi incluído na personalização dos personagens – que não é somente na estética – são os mods. Esses aditivos dão habilidades extras que auxiliam os combatentes nas lutas de maneira passiva - ou seja, sem que o jogador tenha que necessariamente ativá-las. Para isso, você deve ir à oficina e escolher esses mods quando eles forem desbloqueados. Para liberá-los, jogue bastante com cada um dos personagens.

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Essas modificações atuam na barra de energia, em melhorias dos poderes já existentes e em como o seu personagem pode ajudar os companheiros na luta. Você pode predeterminar três trios de mods antes de começar a luta e escolher qual é o mais adequado. Além disso, cada personagem possui seu pacote único dessas habilidades.

Colher ou conquistar

Um dos pecados – e talvez o único – de Bleeding Edge é a pobreza de conteúdo. Por mais que o jogo tenha sido forjado para ser 100% online e focado nas batalhas, daria para a Ninja Theory ter explorado mais o elenco carismático e criado mais conteúdo – inclusive offline. Evidente que isso pode ser melhorado com atualizações, mas é algo que precisa ser destacado.

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Mesmo no foco do game, as lutas online, mais opções de batalhas poderiam ser criadas. Ser lançado com apenas dois modos de combate é muito, muito ruim, e pode acabar afastando os jogadores com o passar do tempo.

Apesar disso, os dois modos de jogo disponíveis são bem legais e são capazes de entreter por um bom tempo. Em “conquiste os objetivos”, três pontos são inseridos no mapa e você deve capturá-los para fazer os 500 pontos necessários para vencer a luta. Aqui, além de conquistar esses locais, é de suma importância efetuar muitos abates e prestar atenção no desbloqueio dos setores.

Como já citamos, a comunicação em Bleeding Edge é fundamental, mas a boa e velha força bruta pode vir a calhar.

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Diferente, no entanto, de quando estamos jogando o outro modo de combate disponível: coleta de células de energia. Neste aqui temos de coletar o máximo de células de energia que pudermos e depositá-las em três locais específicos no mapa. O que torna o modo ainda mais dinâmico e interessante é que entre o espaço de tempo de coleta e de depósito, o mapa fica sem qualquer ação e a porradaria corre solta.

Neste caso, preste muita atenção em quantas células você está carregando e quantas seus inimigos possuem. Caso alguém morra, elas são espalhadas pelo chão e isso pode fazer com que a partida tome rumos diferentes. Outro ponto: ao realizar os depósitos, se você for atingido, tudo volta à estaca zero. Ou seja, você não perde as células, mas também não consegue depositá-las até que se livre dos inimigos, que, claro, estarão babando para te eliminar.

Neste modo de jogo é ainda mais importante a composição e agrupamento do que agressividade. Escolha bem o seu personagem e sempre opte por aquele que o time está precisando. Antes de começar a partida, o game te avisa qual das categorias pode estar faltando.

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Atenção é fundamental

Algo que os jogadores também precisam prestar atenção em Bleeding Edge é nos itens de melhoria que estão espalhados nos campos de batalha. No momento, são três tipos: saúde, dano e defesa. É possível identificá-los pelo minimapa localizado na parte superior na tela e isso ajuda demais no meio das lutas.

Ao colher a caixa de saúde, você ganha mais recuperação da sua energia por 40 segundos. Portanto, mesmo que esteja apanhando feito louco, esse aditivo te dará uma sobrevida até que a ajuda chegue ou você consiga escapar. Já a caixinha de dano te dá um pouco mais de força para atacar os adversários e isso pode ser decisivo em alguns momentos do jogo, sobretudo naqueles em que você está com o superespecial disponível e está jogando com um lutador que seja capaz de atacar vários ao mesmo tempo.

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Por fim, ao pegar o item de defesa, ao ser atacado, você recebe menos dano que o normal. Essa caixinha, em especial, é muito boa de ser usada por personagens tanque, já que, naturalmente, possuem mais limite de energia e são mais pesados, o que pode ajudar muito em situações de combate franco.

Ainda sobre prestar atenção e o mapa, esse é um ponto em que Bleeding Edge brilha e deixa tudo muito mais franco e divertido. O mapa não mostra apenas onde estão os itens, pontos de coleta, de depósito e de conquista; ele também mostra onde estão os inimigos e companheiros de time. Esse recurso deixa tudo mais dinâmico e permite que façamos estratégias diversas e saibamos exatamente onde explorar e atacar.

Gráficos e som

A parte técnica de Bleeding Edge merece elogios. Por mais que não seja um jogo propriamente rebuscado ou muito elaborado, tudo foi feito com muito capricho e, certamente, isso influencia na jogabilidade. A começar pelos personagens, muito bem desenhados e com personalidade própria. Os golpes, por sua vez, foram muito bem pensados, tornando tudo ainda mais original.

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Durante nossos testes, só tivemos um problema de conexão, logo no primeiro dia. Nos demais, todas as partidas correram muito bem e sem engasgos, mas há relatos de pessoas que tiveram alguns problemas com quedas constantes mesmo nos treinamentos e tutoriais – sim, o jogo é 100% online e precisa de internet para rodar tudo.

Nós testamos Bleeding Edge em um Xbox One X, que é capaz de rodar o jogo em 4K nativos (sem HDR) e 60 FPS, com nenhuma queda de desempenho mesmo em situações em que o mapa estava repleto de personagens.

O jogo está em português, mas apenas nos menus e dicas. Os personagens, por sua vez, estão todos dublados em inglês e isso poderia ter sido evitado, já que, como falamos, o perfil cartunesco do jogo pede uma aproximação maior com o público e um cuidado com isso não faria mal – pelo contrário.

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A trilha sonora, por sua vez, é impecável e casa bem com o estilo do jogo e dos combates. Os efeitos nas lutas também são dignos de nota, com destaque especial para os movimentos e assinaturas de Nidhoggr, o metaleiro do jogo.

Divertido, promissor, mas vazio

Vale muito a pena jogar Bleeding Edge. É um game que tem uma intenção muito boa e consegue passar com perfeição o que deseja que o jogador faça: se divertir. O problema é que há pouco conteúdo no game e isso pode acabar fazendo com que seu fator replay, um dia, seja prejudicado. A inclusão de mais modos de luta e um modo ranqueado pode solucionar esse problema. É provável que a Ninja Theory já esteja pensando nisso, até porque há potencial para um bom eSport aqui.

Bleeding Edge já está disponível para Xbox One e PC e pode ser jogado pelos assinantes do Xbox Game Pass. No Canaltech, o jogo foi analisado com cópia gentilmente cedida pela Microsoft Brasil.