Prévia | Forza Horizon 4 aposta em estações como adversárias do jogador

É interessante como a Microsoft, querendo ou não, transformou Forza Horizon no estandarte da série. De um simples jogo de corrida casual, com uma pegada mais arcade, o título se tornou referência em inovações e sinônimo de boa jogabilidade, bons gráficos e muita diversão. Essas características ficaram bem claras em Forza Horizon 3 e têm tudo para aparecerem novamente com força em Forza Horizon 4, que recebeu uma demo na última quinta-feira, dia 13 de setembro.

Desde que anunciou o título na E3 2018, a Microsoft deixou claro que apostou todas as suas fichas num recurso que deu as caras de maneira acanhada em Horizon 3 e deixou a desejar em Forza Motorsport 7: a mudança climática. Aqui, entretanto, não estamos falando apenas de transição entre dia e noite, ou de sol para chuva, não. Ao invés disso, pilotaremos nas quatro estações do ano e sentiremos como cada uma delas afeta o desempenho dos carros nas corridas.

E é exatamente assim que inicia a demonstração de Forza Horizon 4. À bordo da recém-lançada McLaren Senna, desenhada e inspirada no tricampeão brasileiro de Fórmula 1, rasgamos as pistas do interior do Reino Unido durante o Outono. O sol alaranjado e aconchegante, aliado às folhas que caem das árvores num período de colheita no campo, contrasta bastante com a agitação dos superesportivos competindo a mais de 300 km/h nas ruas. Mesmo quem não é familiarizado com jogos do gênero ou da série se sente confortável guiando aquela máquina feroz até a linha de chegada, em uma belíssima cachoeira.

Dali somos transportados para o rigoroso Inverno britânico, que alcança fácil temperaturas abaixo de 0ºC. Os campos ensolarados são substituídos por um clima soturno e grandes montes de neve, que insistem em cobrir as pistas e dificultar a vida dos pilotos. Mesmo ao volante de uma pickup respeitável, daquelas feitas para andar na lama e em condições adversas, é difícil se manter na pista. O carro escorrega e sai de traseira a todo instante, não importando se tem tração 4x4 ou não. Para evitar ficar no fim da fila, é preciso guiar com mais cuidado e prestar muita atenção aos pontos de frenagem, além de esterçar com cautela, já que a aderência é muitíssimo limitada.

Passado o momento de sufoco, tudo ganha nova vida com a Primavera. A grama verde e os campos floridos são um convite para desbravar as trilhas off-road da região pilotando um Ford Fiesta adaptado para rally. Neste momento, corremos ao lado de motocicletas (que ainda não sabemos se estarão jogáveis na versão final) e nos enfiamos no lamaçal formado pela neve que derreteu há poucos dias. Mergulhamos em poças d’água tão grandes que podem facilmente serem confundidas com pequenos lagos e sentimos toda a dificuldade de pilotar no terreno arenoso e escorregadio, longe das estradas.

Finalmente, voltamos à estrada, desta vez durante o Verão. Novamente à bordo da McLaren Senna, agora a tarefa é chegar em primeiro lugar ao Festival Horizon. O céu está limpo mais uma vez, não há qualquer sinal de chuva no horizonte e os raios de sol refletem e mostram toda a riqueza de detalhes de Forza Horizon 4. Não temos mais de nos preocupar com a traseira do carro escapando, nem com o chão escorregadio. É pisar fundo no acelerador, ultrapassar os adversários e apreciar a belíssima paisagem em alta velocidade.

Uma festa cada vez melhor

Apesar de essa “procissão” pelas quatro estações do ano durar alguns poucos minutos, a demonstração de Forza Horizon 4 se estende por pelo menos mais 30 minutos — tempo suficiente para aprendermos um pouco mais sobre o jogo e ficarmos curiosos pelo que está por vir.

Agora o Festival ocorre durante todo o ano, e não mais em um período específico como foi nos três primeiros Forza Horizon. Com sede fixa em solo britânico, neste ano o evento recebe pilotos de todos os cantos e de todos os estilos possíveis para correr na estrada, no barro e no mato. Apesar de a variedade não ser tão grande como a que vimos em The Crew 2, que também traz competições de barcos e aviões, por exemplo, cada um desses terrenos é influenciado de maneira diferente pelo clima. É como se tivéssemos pelo menos quatro mundos diferentes em um, já que cada pista, cada corrida, se desenrola de um jeito diferente em cada estação do ano, que, dentro do jogo, terá duração de uma semana cada.

Para acrescentar um toque extra de dificuldade, Horizon 4 chegará com mais de 450 modelos de carros de 100 montadoras diferentes, todos licenciados e com características únicas. Todos eles poderão ser “mexidos” na oficina, com o jogador realizando ajustes que vão desde a calibragem dos pneus até o melhor timing para a troca de marchas em busca do melhor desempenho possível. É uma possibilidade que já está presente na série há algum tempo e que reforça que há muito tempo ela deixou de ser apenas uma alternativa arcade a Motorsport.

Além disso, o título também repete outros elementos que já são velhos conhecidos do público. As zonas de drift e de velocidade, os saltos insanos e os radares de velocidade se unem novamente a um sistema de progressão e reputação enxuto, sem firulas e, o melhor de tudo, aparentemente sem loot boxes. É uma mensagem clara da Playground Games, desenvolvedora do título, de que não quer reinventar a roda, mas sim refinar e tornar o que já era bom em algo ainda melhor.

Para alcançar isso, o clima da Grã-Bretanha foi monitorado por 365 dias para ser reproduzido à fidelidade aqui. A julgar pelo que vimos na demonstração, a ideia foi muito bem trabalhada e desenvolvida, e promete adicionar uma nova camada de realismo e imersão ao jogo, tornando-se o principal adversário de quem estiver disposto a calçar as luvas, sentir a brisa bater na cara, se divertir e conquistar o público do Festival Horizon.

Forza Horizon 4 tem lançamento agendado para 2 de outubro no Xbox One e Windows 10. No Canaltech, a demonstração foi jogada no Xbox One X.