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FOMO: O que é o princípio do Fear Of Missing Out e como ele afeta os gamers?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Samsung Memory/Unsplash
Samsung Memory/Unsplash

O conceito do Fear of Missing Out — FOMO, ou, em tradução livre, “medo de ficar de fora” — descreve a sensação de apreensão por não estar sabendo das últimas notícias, eventos ou experiências que supostamente poderiam deixar a vida melhor. O termo, cunhado em um artigo acadêmico em 2004, serve para descrever o medo de não estar a par do que os outros estão fazendo em diversos cenários, de mídias sociais e trabalho a investimentos e, é claro, videogames.

O FOMO pode ser sentido ao pensar que você está perdendo uma festa à qual todos vão, um evento imperdível, um investimento rentável ou mesmo a companhia de pessoas queridas. Em resumo, é o medo de que decidir não participar de algo é a escolha errada a se tomar — como se a vida fosse ser perfeita ao participar.

No mundo dos games, isso pode aparecer tanto em eventos limitados em jogos multiplayer e lootboxes quanto no lançamento de jogos muito aguardados e bônus de login diários, por exemplo.

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O Fear Of Missing Out na psicologia

Em termos mais científicos, o FOMO está relacionado às necessidades psicológicas das pessoas. Segundo a teoria da autodeterminação, a satisfação psicológica de um indivíduo na sua própria competência, autonomia e relações pessoais são as três necessidades psicológicas básicas do ser humano. Pessoas com níveis baixos de satisfação estão mais propensas a sentirem esse medo de não estar participando.

Em outras palavras, quando você está mais infeliz, as chances de temer que sua vida não esteja completa caso não participe de um evento social importante são maiores.

A experiência de FOMO acaba levando pessoas a terem uma autoestima mais baixa e pode influenciar na formação de metas a longo prazo e percepção de si. Pesquisas mostram que muitas pessoas se sentem sobrecarregados pela quantidade de informação que precisam absorver para sentir que estão em dia com o mundo, gerando sensação de tédio e solidão.

FOMO e os games

O FOMO está bastante ligado às interações sociais — quando você faz parte de um grupo, quer ter a sensação de pertencimento, passando a temer quando acha que não está fazendo o suficiente para ser incluído.

Em alguns casos, a identidade social fica atrelada a um jogo, um tipo de jogo ou videogames em geral: não jogar o suficiente (relativo à própria percepção de “suficiente”) pode ser o bastante para sentir FOMO, neste caso o medo de que será expulso do grupo por isso.

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A indústria, no entanto, algumas vezes se aproveita do efeito psicológico desse princípio para capitalizar em cima do medo de não participar. Isso pode ser visto em eventos limitados, recompensas por login diário, cosméticos que só são vendidos ou obtidos em determinados períodos e grandes eventos de lançamento.

É criado um senso de urgência: ou você joga logo e obtém as recompensas ou ficará de fora, perdendo um experiência que, para quem não participa, parece ser a melhor do mundo. Jogos multiplayer costumam utilizar bastante a tática, lançando passes de batalha e novos conteúdos para deixar os jogadores engajados na obtenção de recompensas, em dia com o “meta” do momento.

Fazer parte de um grupo e compartilhar experiências é saudável, mas quando isso é feito por medo de ficar de fora (estou olhando pra você, Silksong), pode gerar ansiedade e estresse, o que, comparado com a pequena quantidade de dopamina obtida pela atividade, não vale a pena.

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Vale ressaltar que a questão se torna verdadeiramente um problema quando passa a afetar outros aspectos da vida da pessoaperder trabalho ou sono para jogar, deixar de interagir com família e amigos, gastar mais do que devia em itens virtuais, jogos ou passes de batalha e apresentar comportamentos compulsivos.

Se ao invés de aproveitar a hora de jogar você está se sentindo pressionado a zerar um game só para participar, o FOMO já te pegou.

Como evitar o FOMO nos jogos

O cenário pintado pelo FOMO parece péssimo, mas precisamos ressaltar que o hobby dos videogames não é ruim — ele, assim como qualquer outra atividade, passa a ser nocivo apenas quando se torna um vício ou afeta outros aspectos da vida. Há algumas táticas para evitar que esse princípio da psicologia vire essa atividade prazerosa contra você, e vamos enumerar algumas agora.

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Quando um novo jogo é lançado, espere por uma ou duas semanas antes de decidir comprar — até lá, você já terá várias resenhas para ler e saber se o game é para você ou não, evitando que seja uma compra impulsiva. Além disso, esperar pode garantir um desconto, evitando gastar demais. Convém, a propósito, estipular um orçamento para jogos no mês ou ano — assim, você poderá escolher qual game levar pra casa com maior tranquilidade.

Vale lembrar que os jogos eletrônicos continuarão disponíveis caso você só compre no mês ou ano que vem (salvo raras exceções, como o Concord…), e que não há nada de errado em esperar passar o hype inicial. Cosméticos limitados costumam sofrer de escassez artificial, ou seja, a percepção dos jogadores do valor de uma skin “rara” faz parecer com que valha mais do que devia. Considere se realmente vale a pena pra você aparecer com um chapéu novo no jogo.

A regra de ouro é focar nas suas metas pessoais e no que vai somar mais no final do seu dia: você realmente terá uma vida mais prazerosa se comprar um jogo caro no dia um só para estar em dia com o hype do momento? As atividades dos outros, por mais que pareçam muito melhores do que as suas, não precisam afetar sua percepção individual, afinal, sabemos que as pessoas costumam mostrar mais os bons momentos de suas vidas na internet, e pouco dos momentos ruins. Divirta-se — sem pressão.

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Fonte: Current Psychology

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