"Jogos como serviço não são jogos de verdade", diz ex-chefe da PlayStation
Por Diego Corumba • Editado por Jones Oliveira |

“Jogos como serviço não são jogos de verdade”, afirmou Shawn Layden, ex-chefe da PlayStation, em entrevista publicada na última sexta-feira (24).
Em conversa com o The Ringer, o executivo argumenta que estrutura fundamental desses jogos difere tanto dos games tradicionais que não deveriam sequer ser classificados de forma similar:
“Eu preciso de história, um personagem e um mundo. Horizon, God of War e Uncharted possuem estas 3 coisas. Se você faz um jogo como serviço, só precisa de ações repetitivas que a maioria das pessoas poderá focar e a habilidade de se comunicar naquele mundo com gente que pense do mesmo modo, assim como a vontade dos jogadores de continuar infinitamente”.
Ou seja, ele enxerga que títulos como Fortnite, Genshin Impact, League of Legends, Destiny 2 e similares possuem pilares diferentes de experiências solo ou com foco em multiplayer — como é o caso de Battlefield e Call of Duty.
Foco da PlayStation em jogos como serviço
É importante notar que a Sony está há muito tempo focada em trazer grandes jogos como serviço para seu catálogo. Nos últimos anos tivemos Concord, cancelado pelo seu fracasso comercial, e Helldivers 2, que continua um grande sucesso e chegou recentemente ao Xbox.
Essa opinião pode explicar por que Layden talvez não se encaixava na direção que a Sony começou a tomar. Ele é bem categórico na entrevista ao afirmar que jogos como serviço “não são a minha especialidade” — o que entraria em conflito com os planos para a PlayStation durante sua gestão.
Em sua opinião, a companhia sequer devia investir neste cenário em busca do que outras como Epic Games e Krafton obtiveram, com sucessos como Fortnite e PUBG. O executivo é direto e diz que enxergou que isso não mudaria as coisas para ninguém:
“Se você tentar entrar neste espaço pela ilusão de grandes sacos de dinheiro que chegam todo dia pelo resto da sua vida, para a maioria isso não acontece”.
Nota-se que Layden não trabalha com a Sony desde 2019, quando este plano de focar em jogos como serviço entrou em andamento.
Confusões da Sony
Na época em que Jim Ryan comandava a PlayStation, ele deu uma ordem para que todos os estúdios first-party acompanhassem a febre dos jogos como serviço. Porém, foi visto que a ideia não agradou a todos.
O desenvolvedor David Scott Jaffe, criador de Twisted Metal e cocriador de God of War, revela que a ordem deixou um grande número de membros da equipe irritados. Porém, essa bronca recaiu em Connie Booth — que na época era vice-presidente do desenvolvimento de produtos na Sony.
“Tudo isso, de algum modo, foi colocado como se fosse por Connie. A culpa caiu nela”, revelou Jaffe.
A executiva trabalhava na companhia há mais de 30 anos, sendo a responsável por grande parte do sucesso global dos consoles da companhia desde o PS1. Porém, sua saída “misteriosa” na verdade não foi nada glamorosa.
“Ela foi demitida. Ela não pediu para sair. Ela não se aposentou. Ela não desistiu. Ela foi demitida”, aponta David Scott Jaffe.
Enquanto isso, a Sony continua a investir em jogos como serviço para o PlayStation. O próximo é Marathon, que foi adiado indefinidamente e passa pela acusação de roubo de artes e conceitos de um artista.
Outros, como The Last of Us Online e uma experiência multiplayer de God of War, foram cancelados subitamente. Enquanto isso, a Sony muda de direção discretamente e investiu US$ 1,45 bilhão na Epic Games — o que fará Fortnite se expandir ainda mais, assim como seus demais títulos.
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Fonte: The Ringer