IA da Alphabet ganha de lavada de jogadores profissionais de StarCraft II

Em filmes de ficção científica onde há um robô maligno dominando o mundo, normalmente ele é sempre derrotado pelos humanos por causa da “criatividade” que nós possuímos. Mas os pesquisadores da DeepMind, a divisão de IA da Alphabet (empresa dona do Google), provaram que a criatividade é irrelevante quando a máquina é capaz de prever e se adaptar a todas as suas táticas.

Desde 2017, quando a IA AlphaStar se tornou um mestre no jogo Go, os pesquisadores tem trabalhado em um tarefa bem mais complexa: fazer o programa dominar o jogo StarCraft II. O jogo é visto como um “enorme desafio” para o aprendizado de máquina, já que exige que diversas tarefas sejam feitas ao mesmo tempo e em tempo real. Isso porque, apesar do objetivo do jogo ser aniquilar o adversário, não é possível focar apenas nisso, e é preciso prestar atenção em diversos outros objetivos menores (exploração do mapa, melhoria da base e da força das unidades, gerenciamento dos recursos naturais) para que o objetivo final seja alcançado. Além disso, uma partida pode demorar minutos ou horas até que chegue ao fim, e é impossível calcular o quanto ela vai durar antes de começar a jogá-la.

Mas, apesar das dificuldades, os pesquisadores conseguiram chegar ao seu objetivo. E, na última quinta-feira (24), uma demonstração deixou toda a comunidade de fãs de StarCraft — e de inteligência artificial — de queixo caído, quando a AlphaStar enfrentou dois jogadores profissionais e "varreu o chão com a cara deles". A IA não apenas derrotou ambos (TLO e Grzergorz "Mana" Komincz), mas ganhou de lavada, sagrando-se vencedora em todas as 10 partidas disputadas.

As partidas aconteceram, originalmente, no mês de dezembro, mas foram mostradas apenas no último dia 24 como parte de uma transmissão sobre os avanços em IA da AlphaStar. E, ainda que a IA já iniciasse a partida podendo ver todo o mapa, teve sua capacidade bastante “podada”, com seu tempo de ação ficando igual à média de um jogador humano — o que significava que ela executava ações como se fosse uma humano de verdade clicando com o mouse, e não uma máquina agindo sobre todos os processos do jogo simultaneamente.

A demonstração, que durou cerca de duas horas e teve até narradores e comentaristas, teve cerca de 34 mil visualizações ao vivo nas transmissões via YouTube e Twitch. De acordo com a DeepMind, o truque utilizado por eles para ensinar a IA foi criar diferentes versões da Alpha Star, que usavam diferentes táticas de abordagem ao jogo, e colocá-las competindo umas com as outras. Isso fez com que a IA aprendesse rapidamente a se adaptar e a utilizar novas táticas além das programadas pelos pesquisadores, e então essas IAs mais “inteligentes” eram colocadas para competir entre si, tornando-as ainda mais adaptáveis e fazendo-as descobrir ainda mais novas táticas. De acordo com os pesquisadores, esse tipo de treinamento — que durou cerca de três meses — fez com que a IA evoluisse o equivalente há 200 anos de treino de um humano.

Mas isso não quer dizer que a raça humana está perdida: em uma partida amistosa feita durante a transmissão, depois de estudar por algum tempo as táticas de jogo da IA, ela finalmente foi derrotada por um dos profissionais de StarCraft. O evento na íntegra — incluindo as 10 partidas em que a IA saiu vencedora — pode ser assistido pelo YouTube (vídeo acima).

Fonte: 9to5Google