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Game-Key Card: Entenda a maior polêmica do Nintendo Switch 2

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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(Imagem: Divulgação/Nintendo)
(Imagem: Divulgação/Nintendo)

O Nintendo Switch 2 mal completou 1 ano de vida e já há uma grande controvérsia na comunidade: os Game-Key Cards. Alguns os veem como uma salvação para a plataforma, outros como uma grande ameaça à preservação de jogos. E afinal de contas, pode ser os dois. 

A companhia tem se desviado do debate sobre o assunto, com afirmações de que nenhum jogo first-party usará o recurso. No entanto, o anúncio de que Pokémon Pokopia usará — um exclusivo para o novo console híbrido — foi o suficiente para levantar ainda mais questões e inflamou as redes sociais.

Para entender a fundo essa polêmica, o Canaltech explica o que são os Game-Key Cards do Nintendo Switch 2, por que eles existem e quais os riscos reais para os jogadores.

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O que é o Game-Key Card?

De acordo com a Nintendo, o Game-Key Card é um cartucho físico que conta apenas com a chave de ativação de um jogo específico. Ao inserir no seu console, ele identifica qual é o título e faz o download dele para o armazenamento do Switch 2.

“Então o jogo não está na minha fita?”. Não, caros leitores. O cartucho existe e ele será inserido no seu videogame normalmente. Porém, ele serve só para “ativar” aquilo que já foi baixado no console híbrido. A função dele é exclusivamente essa. 

De forma resumida, são 2 arquivos: o do próprio jogo e a chave de ativação. Os dados do game estarão no armazenamento do Nintendo Switch 2. A chave para ativá-lo está no cartucho e apenas os dois, em conjunto, vão permitir rodar a experiência. 

Isso é diferente de quando você faz uma compra digital, por exemplo. Neste caso, ao acessar a eShop, você faz o download dos dois arquivos. Quando você compra a mídia física, ambos já estão no armazenamento do cartucho. O Game-Key Card é uma “terceira via” que existe entre os dois.

Para quê serve o Game-Key Card?

De acordo com a Nintendo, o recurso atende duas frentes que exigiam atenção. A 1ª é direcionada para a demanda dos desenvolvedores, que não conseguem inserir experiências completas em um cartucho – como é o caso de Star Wars Outlaws e outros, grandes demais para o modelo disponibilizado pela Big N.

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Para ter uma ideia, a companhia oferece apenas a fita com limitação de 64 GB para o Switch 2. Se por um lado a CD Projekt Red fez um milagre para encaixar Cyberpunk 2077 ali, de outro os demais estúdios podem não ter tempo ou verba para portar seus principais jogos de forma tão compactada.

Antes, se eles ultrapassavam o tamanho de 64 GB por qualquer razão, precisavam realizar o lançamento na plataforma apenas em formato digital. O Game-Key Card muda isso, ao permitir que certos jogos tenham uma versão física — mesmo neste formato visto como “questionável”. 

A 2ª frente atende a demanda em relação aos colecionadores. Afinal de contas, muitos ainda fazem questão de ter a capa exibida em sua estante com um cartucho que pode ser encaixado como nos “bons e velhos tempos”. E lançamentos apenas em versão digital torna parte deste hobby inacessível. 

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Além de ter guardado em casa, as pessoas podem trocar, emprestar, vender e fazer tudo o que já conseguiam ter com os cartuchos físicos comuns. Mesmo que você tenha o arquivo baixado no videogame, só conseguirá acessá-lo com o Game-Key Card — o que garante que só existirá 1 dele em circulação.

Ou seja, se alguém vender ou emprestar um, o arquivo de dados do jogo não desaparecerá do Switch 2 da pessoa. Porém, essa pessoa não terá a chave de ativação para jogá-lo apropriadamente. Já quem comprou, conseguirá inserir  o cartucho, baixar as informações e jogar sem impedimentos. 

Os lados negativos alarmam

A iniciativa pode ser vista como um ato de boa vontade, mas também esconde problemas que têm preocupado a comunidade. E a principal delas é em relação à conservação de jogos ao longo das décadas.

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Vamos imaginar o seguinte cenário: se comprar um Nintendinho ou um Super Nintendo hoje e inserir um cartucho, ele funcionará e vai conseguir jogar. O mesmo serve para o Game Boy, PS1, PS2 e diversas outras plataformas.

No entanto, as Game-Key Cards — mesmo que existam de forma física — dependem do funcionamento da eShop. Você terá em mãos a chave de ativação, mas os dados do próprio jogo são baixados diretamente dela.

O Nintendo Switch 2 é um “bebê”, foi lançado em 2025. Pode demorar algum tempo para eles supostamente derrubarem em definitivo seus servidores e descontinuar o acesso à loja digital. Porém, um dia isso pode acontecer. 

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É justamente neste ponto que a comunidade clama por atenção: quando a Nintendo tomar essa ação, como ficam aqueles que possuem não apenas um, mas vários Game-Key Cards em mãos? 

Desta forma, os Game-Key Cards já nascem “ameaçados”. Se um dia a eShop for derrubada em definitivo, só será possível ter acesso aos games se você mantiver o arquivo dele instalado no seu Switch 2. 

Se tiver apagado ele por qualquer razão, supostamente terá perdido o seu jogo — mesmo com a fita em mãos. Se isto acontecer, inclusive impede a possibilidade de emprestar ou vender eles. O dia no qual o usuário não puder fazer o download, o cartucho e sua capa vão virar um enfeito bonito (e caro)

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Outro ponto negativo é que, mesmo com as informações às claras, muitas pessoas — principalmente os leigos — sequer sabem que compram um Game-Key Card ao invés de uma versão física de determinados produtos. E provavelmente só descobrirão no dia que não conseguirem mais acessá-lo. 

Em defesa da Nintendo, todos os jogos digitais do Wii, Wii U e 3DS (que tiveram sua loja e serviços descontinuados) se mantêm acessíveis. Se comprou algo nestas plataformas, pode continuar a baixá-los e jogar sem quaisquer impedimentos. Ou seja, as reações negativas são baseadas em temores da comunidade. 

É tão ruim assim a situação?

Por um lado, sim, mas não é o fim do mundo como muitos clamam. A Nintendo é criticada por esta ação, mas não foi a primeira que se movimentou nesta direção. Ela foi apenas a primeira que fez isso de forma clara aos consumidores.

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Na geração PlayStation 4 e Xbox One isto já era uma realidade, com os discos que serviam apenas como chaves de ativação. Sabe aquela atualização que demorava uma eternidade para baixar? Na verdade, algumas eram o download de todo o game. O disco só servia para desbloqueá-lo.

A pior parte era que raramente os jogadores eram avisados disso. A atitude, nas últimas décadas, tem sido extremamente anticonsumidor e muitos sequer sabiam. Isso significa que a prática já existe, virou comum e o maior erro da Nintendo nesta história foi de manter a transparência. 

Não entenda errado, a prática não é bacana. Porém, a companhia não merecia levar sozinha todas as críticas que recebeu sobre o Game-Key Card. Grandes estúdios fizeram e continuam a fazer isso, com o aval da Sony e da Microsoft. Logo, sinta a revolta, mas saiba para onde direcioná-la. 

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Enquanto seu uso pode matar o colecionismo e o acesso a várias experiências no Nintendo Switch 2, por outro lado os estúdios estão de “mãos atadas”. Se qualquer jogo tiver mais do que 64 GB, ele será obrigado a adotar o cartucho simbólico caso queira disponibilizar o título em versão física. 

A alternativa é o formato puramente digital, que enfrenta exatamente o mesmo dilema: a dependência total da eShop. Se você baixar o game e ele estiver no seu armazenamento, poderá continuar seu jogo sem qualquer impedimento. Caso não, você não terá outra chance de aproveitá-lo. 

O temor pelo digital

É importante notar que, mesmo que os jogos digitais tenham uma forte resistência nas redes sociais, eles já foram amplamente adotados pelo público e seus números crescem a cada ano. Não é à toa que isso abriu espaço para consoles como o PS5 Digital e o Xbox Series S, que não têm leitor de disco.

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A maior diferença da Game-Key Card para este formato é que você comprará uma capa e terá o seu cartucho para levar onde quiser. Ele é uma opção, já que a versão apenas digital vai continuar a existir até onde é possível enxergar o futuro da indústria gaming.

Certo, você queria uma opção 100% física, correto? Pois bem, nem todos seguirão este caminho e é por culpa da Nintendo. Eles limitam os cartuchos a versões de 64 GB, o que pode deixar estúdios e produtoras de mãos atadas nesta questão. 

Adianta pedir por formatos maiores? Talvez seria pior. Os custos de memória se elevaram bastante nos últimos anos e poderia impulsionar preços mais caros para o seu jogo. Se você acha R$ 500 um valor muito alto para certos títulos, um cartucho de 128 GB provavelmente faria isso parecer “barato”. 

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Isso significa, caros leitores, que todos estão limitados nesta questão. Não virou mais uma questão de que falta apenas boa vontade. Mesmo que os estúdios e a Big N queiram instituir cartuchos de 128 GB, você pagaria muito mais do que o comum — e, a partir disso, quem ia querer comprar?

Além disso, é possível e não-recriminável sentir ódio da Nintendo por seguir o caminho dos Game-Key Card. Porém, é necessário que veja toda a indústria gaming sob o mesmo ponto de vista. Vários estúdios e produtoras faziam isso (e de forma sigilosa) há anos, com apoio da Sony e Microsoft. Isso significa que, independentemente da preferência do jogador, toda a indústria enfrenta o mesmo desafio.

O Game-Key Card é uma alternativa válida?

Com grandes questões sobre a preservação de jogos e dilemas do mercado de jogos eletrônicos, os Game-Key Cards se posicionam de forma delicada no “olho do furacão”. Discuti-los é válido, mas criticar sem enxergar todo o contexto ao seu redor pode tornar os discursos vazios. 

Eles são uma alternativa, que se desvia das limitações dos cartuchos físicos de 64 GB e não são apenas arquivos para serem baixados — já que o colecionador ainda terá o cartucho e a capa para exibir com orgulho. Logo, por enquanto, é a solução que a Nintendo encontrou para lidar com todos os dilemas que envolvem a cadeia de desenvolvimento e distribuição.

Pode não ser a melhor opção, mas isso não significa que todo mercado adotará e todos os títulos de Switch 2 serão lançados deste modo. Eles mesmos disseram que seus títulos first-party não atenderão este formato, o que é uma tranquilidade maior para o público.

“E Pokémon Pokopia?”, veja bem caros leitores, a Game Freak e a The Pokémon Company seguem um caminho próprio em seus lançamentos. Da mesma forma como Pokémon Legends Z-A não teve localização para o português brasileiro (como todos os demais exclusivos), este novo título vai adotar a sua própria política para chegar aos fãs.

Dito isso, também vale notar que estamos em um período muito próximo ao lançamento do Nintendo Switch 2. Com o passar dos anos, novas soluções e formatos podem surgir e tornar os Game-Key Cards obsoletos ou mais “justos” — de algum modo — para os colecionadores e fãs.

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