Consoles portáteis: o que explica a nova onda do mercado de games
Por Elisa Fontes |

A indústria de games tem ganhado um novo protagonista nos últimos anos, apesar de ele já estar há muito tempo no mercado: os consoles portáteis. O crescimento desse segmento mudou a estratégia de muitas fabricantes de hardware e tem ligação direta com a necessidade de atender a novos hábitos de quem joga.
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Com o portátil mais popular do mundo, a Nintendo é uma das empresas com mais prestígio dentro dessa indústria e fez história esse ano com o Nintendo Switch 2, o maior lançamento da história dos games. Foram mais de 10,3 milhões de unidades vendidas em quatro meses, ultrapassando o lendário PlayStation 5, que vendeu 7,8 milhões de unidades vendidas entre 2020 e 2021 em 6 meses.
Essa tendência tem dois principais motivadores, segundo o jornalista e especialista em games Claudio Prandoni, mais conhecido como Prandas.
- O comportamento do consumidor que, no período de pandemia, procurou mais praticidade e liberdade para jogar onde quiser (seja na sala, no quarto ou em uma viagem);
- A própria evolução de hardware e de jogos “menos exigentes”.
“A tecnologia avançou tanto que você consegue ter chips pequenos o bastante para ter um portátil poderoso”, diz o especialista. Além disso, o salto de qualidade gráfica entre as gerações de jogos e consoles já não é mais tão significativo.
“Se a gente pega ali quando migrou do 8 bits para o 16 bits [maior desempenho], do Nintendinho para o Super Nintendo, do Master System para o Mega Drive ou do PS1 para o PS2, cada videogame novo era uma realidade nova, né? Hoje nem tanto. A gente tem pesquisas que indicam que muitos dos jogos mais jogados no mundo têm mais de 5, 6, 7 anos”, explica.
O fenômeno Switch e os novos concorrentes
O console da Nintendo completou 8 anos em 2025 e segue sendo um sucesso para a companhia. Historicamente, a desenvolvedora de jogos japonesa sempre apostou no formato portátil, apesar de manter em seu portfólio consoles de mesa. Para Prandas, esse é um dos grandes trunfos da fabricante: ter se antecipado às tendências.
“Com o tempo, ficou difícil e custoso manter essas duas linhas [portátil e console de mesa] correndo em paralelo, tanto que houve um movimento da Nintendo há mais de 10 anos para unificar os departamentos de desenvolvimento de software. A gente até teve um primeiro protótipo, uma primeira ideia bem frustrada que foi o Nintendo Wii U, lá de 2012, que foi top três flops da história da Nintendo. Depois, o Switch chegou meio como uma versão refinada da ideia do Wii U e acertou em cheio”, pontua.
Por ser um console portátil híbrido, que funciona tanto nas mãos quanto conectado no dock (a base do videogame), o Switch conseguiu agradar o público trazendo uma grande novidade, que é explorada e otimizada a cada geração, comenta Prandas. Isso fez com que o mercado de hardware também se adaptasse a esse fenômeno.
Surgem, nesse cenário, os PCs portáteis como o Steam Deck, lançado em 2022, o Lenovo Legion Go e o ASUS ROG Ally, lançados em 2023, mesma época em que o PlayStation ganhou um reprodutor remoto para PS5. O portátil da ASUS, inclusive, acaba de ganhar a nova versão ROG Xbox Ally, em que utiliza a interface e o ecossistema do Xbox.
A diferença de um PC portátil para um console está na opção de software aberto, no qual é possível realizar diversas tarefas para além dos jogos.
O que esperar dos próximos portáteis?
Portáteis com mais desempenho ainda devem encontrar alguns obstáculos no caminho. A bateria é o principal componente demandado por conta dessa evolução e acaba sendo o maior desafio. Apesar disso, o especialista avalia que as limitações dos consoles portáteis são cada vez menores.
Em relação ao mercado, Prandas avalia que novos concorrentes podem surgir, como é o caso dos rumores do novo PS portátil. Já com a Microsoft, o caminho está “muito mais ligado ao PC e parcerias com outros hardwares, enquanto eles vão cada vez mais se afastar de ter hardwares próprios”, indica o jornalista.
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