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CoD Black Ops 4 | Modo Blackout é grande adição, mas também comprova decadência

Por| 12 de Setembro de 2018 às 12h51

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CoD Black Ops 4 | Modo Blackout é grande adição, mas também comprova decadência
CoD Black Ops 4 | Modo Blackout é grande adição, mas também comprova decadência
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Eu gosto de jogos Battle Royale, mas não sou muito bom neles. Por outro lado, considero Call of Duty uma de minhas franquias preferidas no mundo dos games de tiro, apesar de nossa relação andar meio estremecida há uns bons anos após uma série de decisões erradas tomadas pela Activision e as desenvolvedoras responsáveis pela franquia.

Sendo assim, a adição de um extra nesse estilo a Black Ops 4 soou como uma faca de dois gumes, podendo ser incrivelmente benéfica ou, então, representar mais um prego no caixão. A tristeza e a alegria é que a novidade representa, exatamente, ambos. E a forma como tudo isso funciona pode ser sentida nesta semana em mais um Beta fechado do título.

Iniciado nesta segunda-feira (10), o teste é exclusivo para a imprensa, influenciadores ou quem comprou o jogo antecipadamente. O experimento do modo Blackout, também, é segmentado: primeiro, entram os jogadores de PlayStation 4, com os testes no Xbox One e PC sendo iniciados em 14 de setembro. No dia 15, por fim, os jogadores de computador terão acesso ao Beta aberto e disponível para todos, com todas as portas sendo fechadas dois dias depois.

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O funcionamento é o clássico do mundo dos Battle Royales — todos caem no mapa sem item algum e devem buscar recursos como armas, itens, coletes e outros pelo cenário. Vence quem sobreviver até o final, enquanto a área do mapa vai reduzindo de tempos em tempos, de forma a motivar o enfrentamento e tirar os jogadores da zona de conforto. Os usuários se unem ao combate sozinhos, em duplas ou equipes de quatro pessoas, com a vitória de apenas um representando o triunfo de todos, nestes casos.

Quem jogou PlayerUnknown’s Battlegrounds sabe que, apesar de pioneiro, o título ainda tem muitas arestas a polir, principalmente no que diz respeito ao seu desempenho e jogabilidade. Muita gente que se aventurou por essas arenas, com certeza, pensou como seria interessante se as mecânicas de Call of Duty fossem aplicadas. E, para tristeza e alegria ao mesmo tempo, Blackout pode ser muito bem resumido desta maneira.

A maior inovação, sem nada de novo

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É aqui que entramos na faca de dois gumes citada no início deste texto. Vazado antecipadamente e anunciado com relativa pompa pela distribuidora, o modo Battle Royale é a principal adição de Call of Duty: Black Ops 4, um título que deixa de lado a campanha single player para investir completamente no multiplayer. Se não soubéssemos mais sobre o assunto, entretanto, seria fácil confundir Blackout com um mod de PUBG, feito por um fã disposto a unir o melhor dos dois mundos.

As similaridades estão em todos os lugares e a Treyarch não tem o menor pudor de demonstrá-las. Saem os aviões do título precursor e entram os helicópteros, mas, de resto, tudo é igual. Até mesmo o mapa tem aquele aspecto desolado, de ilha abandonada que foi previamente habitada, enquanto os jogadores vasculham casas, prédios, mansões, complexos industriais, galpões e locais de construção em busca de recursos.

Até mesmo indicadores foram trazidos para este universo, para usar um eufemismo. A famosa barra com um bonequinho, que indica a distância entre o usuário e o “choque”, aparece na tela, assim como a linha tracejada no minimapa, mostrando a rota mais curta entre o jogador e o início do círculo.

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Como adição, chama a atenção um menu de acesso rápido, pelo direcional digital, que permite acoplar acessórios e utilizar modificadores de performance (cujos efeitos sobre o personagem nem sempre são rápidos), sem necessidade de utilizar o inventário que cobre toda a tela. Itens de cura são aplicados com o toque de um botão, o que também auxilia bastante nos momentos mais movimentados.

O rol de personagens genéricos de games desse tipo foi substituído por figuras clássicas do lore de Call of Duty, além dos protagonistas do próprio multiplayer de Black Ops 4, em seu modo zumbis ou tradicional. Suas habilidades especiais, entretanto, não estão disponíveis e todos não passam de skins, apesar de alguns recursos, como o escudo balístico, poderem ser encontrados pelos cenários.

Na Beta, chama a atenção, ainda, a forma como a Treyarch soube aplicar o dinamismo de seu modo multiplayer ao estilo Battle Royale. Não estamos falando das imagens épicas e combates incríveis exibidos no trailer — como os fãs bem sabem, eles dificilmente acontecem na vida real, mesmo em torneios competitivos. Estamos falando das dinâmicas em si, voltadas para uma jogabilidade ágil e aplicada, agora, a um modo sem renascimento de jogadores.

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Já na edição de testes, merece destaque a velocidade com que é possível entrar e sair de partidas. Logo ao morrer, o jogador pode retornar rapidamente ao lobby (caso não deseje assistir à continuação da rodada na visão dos membros do time) e, em questão de segundos, já estar na sala de espera de uma nova. O matchmaking é ágil, provavelmente por, aqui, não precisar se preocupar tanto com questões de balanceamento. Desde já, tudo funciona muito bem, pelo menos no PS4, e o grande objetivo de uma Beta, que é testar se o ambiente online se comporta bem, está mais do que cumprido.

E é basicamente isso. Explicar o que Blackout traz de novo ao universo da franquia seria, na realidade, descrever o que PlayerUnknown’s Battlegrounds vem fazendo desde seu lançamento, apesar de, aqui, não sofrermos com os mesmos problemas de polimento do game original. A intenção é clara: entrar de cabeça em um mercado que revolucionou o mundo dos jogos de tiro, mas sem adicionar nada de novo nem trazer a personalidade de uma das mais consagradas franquias do gênero.

E, mais uma vez, retornamos ao que já havia sido comentado em textos posteriores, como a prévia da primeira Beta multiplayer de Black Ops 4 — de criador, Call of Duty se tornou a criatura. Houve um tempo em que toda empresa queria ser como a Activision e vender como ela. O ensejo contemporâneo de Modern Warfare gerou uma revolução no gênero FPS, motivou iniciativas, criou franquias e teve seu pezinho até na jogabilidade competitiva. Mesmo criticada por ser simplista, ter campanhas curtas e um multiplayer sem estratégia alguma, falar em CoD era falar do topo do pico dos games de tiro.

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Essa ideia, entretanto, ficou na geração passada de consoles. Hoje, todo mundo quer ser PUBG — ou, melhor dizendo, todos desejam alcançar o sucesso de Fortnite, já que, no mundo dos Battle Royales, o inspirado já superou a inspiração. E Call of Duty: Black Ops 4 segue nessa toada, apresentando um modelo de combate insosso e nada inspirado, assim como a franquia fez nos anos recentes com os “hero shooters” ou o ensejo futurista genérico, que tenta misturar realidade e imaginação sem ser uma coisa nem outra.

Blackout é, sim, a maior adição feita em um Call of Duty nos anos recentes, trazendo uma jogabilidade instigante. Com certeza, se tornará o modo preferido de uma bela parcela de jogadores, ou até mesmo o único jogado por eles, da mesma forma que acontece com o multiplayer convencional em relação à campanha single player. Mas não traz absolutamente nada de novo, e sim tudo aquilo que já vimos antes em outros títulos.

Há méritos em aplicar de maneira melhorada os conceitos de terceiros? Sem dúvida, e a Treyarch, em Black Ops 4, faz isso com maestria. Mas não tem como ignorar o fato triste de que a desenvolvedora pegou a fórmula de PUBG e a melhorou, jogando alguma cobertura um pouco diferente nesse bolo, que tem o mesmo sabor daquilo que os usuários já vêm jogando há anos.

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O novo Call of Duty não deve ser o game que roubará a base de usuários de sua inspiração ou até mesmo de Fortnite — afinal, como questionam muitos, o que levaria uma pessoa que já é iniciada no título gratuito da Epic Games a abandoná-lo para embarcar em Black Ops 4? A marca é forte, mas nem tanto que motive alguém, no Brasil, por exemplo, a pagar R$ 200 ou mais por um Battle Royale parecido com tudo o que já foi feito antes.

Entretanto, para o público cativo (e, principalmente, casual, uma galera que não participa das discussões sobre jogos eletrônicos, mas movimenta as engrenagens dessa indústria até mais do que os gamers), essa deve ser a primeira introdução ao gênero. E, aqui, estamos falando de um grupo grande o suficiente para, sozinho, transformar Blackout em mais um Battle Royale de sucesso.

Call of Duty: Black Ops 4 chega em 12 de outubro ao PC, PlayStation 4 e Xbox One. O desenvolvimento é da Treyarch, com distribuição pela Activision.