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Análise | Mesmo errando, Capcom Beat ‘Em Up Bundle é a mais pura nostalgia gamer

Por| 21 de Setembro de 2018 às 12h47

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(Imagem: Divulgação/Capcom)
(Imagem: Divulgação/Capcom)

Já não é de hoje que a Capcom anda flertando com a ideia de relançar suas propriedades intelectuais mais icônicas — Mega Man X Legacy Collection e Street Fighter 30th Anniversary Collection não nos deixam mentir —, mas foi uma verdadeira surpresa quando a publisher anunciou Capcom Beat ‘Em Up Bundle para lançamento neste mês de setembro. Não pelo anúncio em si, mas sim pelo que vinha dele: sete clássicos da era de ouro dos arcades — sendo que dois nunca nem viram a luz em qualquer console na história.

A coletânea foi lançada na última terça-feira, dia 18 de setembro, depois de originalmente anunciada na semana anterior, e traz as versões arcade de side scrollers da porradaria que fizeram fama no final da década de 1980 e início da década de 1990. São eles Final Fight (1989), Captain Commando (1991), The King of Dragons (1991), Knights of the Round (1991) e Warriors of Fate (1992) — todos tendo recebido versões para consoles ou ports no passado. Juntam-se a eles as duas jóias desconhecidas para o público ocidental: Armored Warriors (1994) e Battle Circuit (1997), que nunca foram lançados para nenhum console, mantendo-se, até então, exclusivos dos antigos arcades.

Não é “velho”, é “vintage”!

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Não há nada de novo em nenhum destes jogos: nada de gráficos em alta definição, remasterizações atualizando sprites ou releitura de trilhas sonoras. Tudo aqui, como dito acima, é fielmente trazido das versões arcade dos jogos, então o visual, o som e a jogabilidade estão idênticos ao que eram há quase 30 anos. Contudo, a forma com que a coletânea se apresenta é muito atraente: a arte conceitual é espalhafatosa, vibrante e chamativa, tal qual ditava a regra na época, e as mecânicas de jogo não poderiam ser mais simplistas — você assume o papel de um herói, percorre um cenário lateralmente da esquerda para a direita, introduzindo punhos a rostos que cruzarem o seu caminho.

Na verdade, a única função contemporânea em Capcom Beat ‘Em Up Bundle é a possibilidade de jogar partidas cooperativas online, por meio das plataformas online do PlayStation 4, Xbox One, PC (via Steam) e Nintendo Switch. Mas a real graça é abraçar a imersão total de como era o “multiplayer” da época, jogando lado a lado, com dois controles e xingando o seu amigo por causa do “fogo amigo”. Ah, também há o recurso de alterar versões de alguns dos jogos para suas respectivas versões japonesas.

Como um bônus que, sinceramente, poderia passar batido de tão raso, a Capcom colocou uma galeria de artes conceituais nunca mostradas de todos os jogos. É uma opção no menu principal, já destravada de início: essa parte não deve agradar aos mais velhos e puristas, que, na época de quando tais jogos eram lançamentos, foram habituados a “jogar para destravar segredos”. Ter um bônus pequeno desse entregue à mão beijada pode até ser entendido como um desserviço à nostalgia a que o pacote se propõe.

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Para todos os gostos (mesmo os duvidosos)

Uma coisa que deve agradar a todos é a forma como a coletânea traça uma linha do tempo de grande fama e quase total anonimato: assim que você inicia o jogo, logo de cara vai reconhecer Final Fight, com seus sprites enormes, metodologia simples (ande-soque-ande-soque o chefão-repita) e efeitos sonoros que, hoje, fariam os mais novos corarem de vergonha alheia. Menos conhecidos, porém, devem-lhe ser Knights of the Round e King of Dragons, que foram lançados depois e até traziam novos recursos (ambos contam com uma pitada de RPG, com personagens subindo de nível e alterando aparência conforme evoluem), mas nenhum deles atingiu o estrelato protagonizado por Cody, Guy e Haggar em 1989.

As opções de jogos, ainda que sem variedade na mecânica, possuem bastante destaque pelos visuais e enredos: Final Fight e Knights of the Round trazem um visual mais sério, soturno e pesado; ao passo que Captain Commando e Battle Circuit trazem uma pegada sci-fi com apelo à comédia. Enredos e progressões de história que não fazem muito sentido se você comparar com, digamos, um Metal Gear Solid da vida; mas isso é realmente necessário em um side scroller? Quem aí consegue, sem consultar a Wikipedia, narrar de cabeça o motivo pelo qual três lutadores hipermusculosos resolveram quebrar uma cidade inteira e desmantelar uma gangue no processo?

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Não, aqui, o desagrado fica mesmo na seleção de jogos: fácil, fácil, ninguém sentiria falta de Battle Circuit e Armored Warriors se, no lugar, viessem, por exemplo, Dungeons & Dragons e X-Men Mutant Apocalypse. Dá para entender — e até mesmo aplaudir — a atitude da Capcom em tentar trazer algo “novo” na forma de dois jogos que nunca apareceram nas casas dos jogadores (ou nas videolocadoras, um negócio de sucesso na época), mas se Capcom Beat ‘Em Up Bundle mostra apreço pela nostalgia e memórias de infância dos gamers mais velhos, arriscamos dizer que as “novidades” poderiam esperar uma ocasião mais oportuna.

Manda mais que tá pouco!

Quando citamos as coletâneas de Street Fighter e Mega Man X no início desta análise, as menções não foram à toa: ambas as produções eram densas em conteúdo, aprofundadas, tinha muita coisa para fazer.

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Não é o caso aqui. Em Capcom Beat ‘Em Up Bundle, é perfeitamente possível que você, ao passar de uma tarde sentado no sofá, tenha terminado tudo o que a coletânea oferece. Como dissemos ao longo do texto, não há segredos a serem destravados, cheats a serem testados. É o jogo, o enredo principal e pronto. Terminou um? Que venha o próximo. A média de progressão de cada um destes jogos é de 45 minutos — isso, perdendo algumas vidas e se readequando a controles antigos. Depois do último jogo da coletânea, você meio que fica sem qualquer motivo para continuar a partida. Não há o chamado fator replay e, acreditamos, isso seria resolvido facilmente se, de repente, mais uns dois ou três títulos entrassem na oferta (a gente já falou de Dungeons & Dragons? X-Men Mutant Academy? Porque realmente sentimos falta de Dungeons & Dragons e X-Men Mutant Academy, Capcom).

Mais além, as versões originais traziam um desafio a mais, já que havia um certo limitador na sua partida: você tinha apenas dois ou três continues, para cada três ou quatro vidas. Esgotou tudo isso? Azar, recomece o jogo desde o início. Você tinha mais atenção à sua progressão porque, com a barra de energia baixa, você nunca saberia se o desenrolar da tela traria um item para recuperar as forças ou um inimigo mais forte. Na coletânea, os continues são infinitos. Não há limite para o erro e, consequentemente, não há o desafio e o cuidado. Salvo por King of Dragons, que realmente traz um “Game Over”, todos os outros jogos de Capcom Beat ‘Em Up Bundle praticamente obrigam você a ser vitorioso, o que torna a experiência um pouco maçante.

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Tá muito bom, mas dá para melhorar

Não é que Capcom Beat ‘Em Up Bundle seja ruim. Longe disso: apesar das reclamações posicionadas aqui, a coletânea cumpre muito bem o seu papel. Ela massageia a memória dos jogadores mais velhos a ponto de fazê-los jogar sorrindo até mesmo dos erros de produção do pacote. Dificilmente cairia no interesse dos jogadores mais novos, embora essa possibilidade seja plausível, dependendo de quem for a pessoa.

De um modo geral, a coletânea é uma ótima pedida. Mas apenas por segurança financeira, é bom aguardar uma promoção deixá-la mais em conta: na PlayStation Network, por exemplo, ela está custando R$ 61,50.

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Capcom Beat 'Em Up Bundle está disponível para PlayStation 4 e Xbox One. Uma versão para PC chegará à Steam em data ainda não confirmada. No Canaltech, o jogo foi testado no PS4 com cópia gentilmente cedida pela Capcom.