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Conheça o simulador que leva as pistas da Fórmula E ao mundo digital

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/Fórmula E
Divulgação/Fórmula E

O ePrix de São Paulo marcou história na Fórmula E, trazendo a categoria pela primeira vez ao Brasil. Mas em meio à festa, à expectativa dos fãs e ao som das escolas de samba estava uma nova prova para os pilotos e equipes. Os circuitos da categoria, sempre de rua e com retas longas e freadas fortes, representam um desafio, mas quando falamos de uma pista nova, ele se torna ainda maior.

Muito disso tem a ver com o fato de os competidores não receberem acesso à pista antes das sessões de treinos serem iniciadas. Mesmo nelas, o tempo é contado, com pouco mais de uma hora de circuito a disposição entre o shakedown e as duas sessões que antecedem uma corrida. Logo na sequência, já vem o treino classificatório, quando todos precisam estar no máximo do desempenho para garantirem as melhores posições de largada.

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Diante desse tempo extremamente curto, como garantir a melhor performance? É aí que entram os simuladores, usados pelas equipes da Fórmula E e também de outras categorias do automobilismo para a realização de testes digitais. Na Jaguar TCS Racing, o software usa a tecnologia digital twin, ou "gêmeo digital" em inglês, justamente por seu propósito de trazer para o virtual uma cópia fiel da experiência real.

“Correr em circuitos de rua significa que o traçado está sempre mudando, trazendo desafios para os pilotos”, explica James Barclay, diretor da equipe. “No simulador, podemos planejar e otimizar o consumo de energia, além de otimizar o software e seus algoritmos de gerenciamento, buscando estratégias cada vez mais rápidas e eficientes.”

Segundo ele, todos os times recebem acesso à versão virtual das pistas ao mesmo tempo. Esse é um aspecto de paridade que está no centro das regras da Fórmula E, com todos usando os mesmos chassis, pneus, baterias e elementos aerodinâmicos. As equipes podem desenvolver componentes como unidades de potência, inversores, softwares e sistemas de recuperação de energia, com estes, ao lado da habilidade de cada piloto, fazendo a diferença a cada prova.

“O simulador ajuda a entender o que cada pista precisa, seja do ponto de vista da configuração de energia, seja do gerenciamento ou do acerto dos carros”, afirmou Mitch Evans, piloto da Jaguar TCS. “[O circuito de São Paulo] é muito técnico, tem curvas menos convencionais e as paredes estão bem próximas. Sempre corremos em provas apertadas, mas essa parece ainda mais condensada.”

A prova mostrou a fidelidade da tecnologia, com o que era esperado no ambiente digital efetivamente acontecendo na realidade. Antes da corrida, Evans disse acreditar, com base nos dados, que teríamos uma corrida decidida nas últimas voltas e curvas. Dito e feito: ele levou a vitória com seu companheiro Sam Bird em terceiro, posições que vieram após uma disputa ferrenha com Nick Cassidy, da Envision Racing — a distância entre os três, ao fim da corrida, era de apenas meio segundo.

Velocidade e tecnologia, um do lado do outro

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A parceria entre a Jaguar e a Tata Consultancy Services, também conhecida como TCS, vai além de apenas um nome na equipe, como aponta Subhanjan Ghosh, diretor de negócios de manufatura da companhia para a América Latina. As empresas já cooperam desde 2012, antes mesmo da corrida inaugural da Fórmula E, e mantém uma união em segmentos como engenharia de produtos, transformação digital e, mais recentemente, computação em nuvem.

A entrada da Jaguar na categoria de carros elétricos, em 2016, acompanhou o salto da montadora rumo à eletrificação e, com isso, os sistemas digitais se tornaram mais importantes do que nunca. “Os carros estão deixando de serem mecânicos para se tornarem elétricos, e com isso, a própria ideia de ter um veículo também está mudando. [A corrida], então, traz as pessoas para o palco onde tudo acontece, gerando emoção e permitindo que elas se engajem diretamente com a inovação”, explicou o executivo.

No caso do Jaguar I-TYPE 6, como se chama o carro da Jaguar TCS Racing, o simulador digital twin não somente transfere para o ambiente virtual as pistas e elementos da Fórmula E, mas também a telemetria dos veículos em tempo real. “Em uma corrida, o desempenho máximo depende da análise de dados críticos a tempo de tomar decisões informadas sobre a configuração do veículo e a estratégia da corrida.”

Ghosh também aponta para o poder da nuvem no processamento de todas essas informações de maneira rápida, além do aspecto de segurança que permite ajustes adicionais. Mesmo fora das pistas e dos testes em que os pilotos estão nos simuladores, a análise de dados ajuda a entender o que deu certo, como no ePrix de São Paulo, ou errado para que possa ser melhorado em uma próxima prova.

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Acima disso, o diretor aponta para a sustentabilidade como um fator motivador que, de acordo com ele, eleva “a evolução e os valores humanos”. Para ele, a participação na Fórmula E está diretamente relacionada a acelerar a adoção dos carros elétricos e conscientizar as pessoas sobre o tema, bem como apresentar alternativas para os problemas de mobilidade atuais.

O propósito caminha ao lado das metas da própria Jaguar Land Rover, que pretende trabalhar apenas com carros elétricos da marca de luxo a partir do ano que vem, com um objetivo de mudança até 2030 para os SUVs. “As empresas estão em uma jornada compartilhada para reimaginar o luxo moderno, baseado na sustentabilidade e na experiência do cliente, estabelecendo altos padrões em termos de impacto ambiental, social e comunitário.”

Tanto que, para a empresa, o digital twin vai além das simulações de corrida, também sendo empregado nas reproduções de cidades, ambientes empresariais, desenvolvimento de produtos e até no gerenciamento de artistas e marcas, com uma bela ajudinha da inteligência artificial e da conectividade. “O futuro da mobilidade abrange vários segmentos de negócios e a TCS tem interesses ativos de inovação em todos eles”, finaliza.