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Funcionários da Huawei trabalharam em projetos militares na China

Por| 27 de Junho de 2019 às 12h39

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Funcionários da Huawei trabalharam em projetos militares na China
Funcionários da Huawei trabalharam em projetos militares na China
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Funcionários da Huawei teriam colaborado em pelo menos 10 projetos militares chineses ao longo da última década, enquanto ainda eram empregados da fabricante. As iniciativas estariam relacionadas a setores de comunicação e inteligência artificial, mas esse intercâmbio de profissionais teria acontecido sem o conhecimento da diretoria da empresa, que negou qualquer parceria com as forças armadas da China.

Alguns dos projetos oriundos dessa parceria envolviam o uso de sistemas de inteligência artificial para coleta e identificação de imagens obtidas por satélite, além de uma plataforma de análise comportamental online. Os pesquisadores teriam trabalhado ao lado da Comissão Militar Central, o órgão máximo do Exército de Libertação Popular (PLA, na sigla em inglês), na utilização de tecnologia para entender emoções por trás de comentários feitos em redes sociais e vídeos online.

Outras iniciativas teriam sido realizadas em parceria com setores militares, mas sem aplicações diretas nas forças armadas. É o caso, por exemplo, de um projeto que usaria inteligência artificial para detectar e entender alterações na frequência cardíaca de pacientes, realizado em um hospital do PLA, enquanto outro usaria algoritmos para economizar energia elétrica em edifícios públicos.

As revelações foram publicadas pela Bloomberg e colhidas em revistas científicas e pesquisas publicadas livremente ao longo dos últimos 13 anos. De acordo com a reportagem, o nome da Huawei chega a aparecer diversas vezes em alguns dos relatórios, enquanto seus autores confirmaram, nas próprias publicações, ocuparem cargos na companhia no momento em que os estudos foram realizados.

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A data mais antiga citada nos relatórios seria de 2006. De acordo com a reportagem, todos os papers foram encontrados em bancos de dados públicos, disponíveis na internet ou à disposição de universidades e instituições de ensino. O material afirma, ainda, que existem estudos ainda em caráter confidencial cujo conteúdo ainda é inacessível e que podem trazer mais revelações sobre a colaboração de funcionários da Huawei e o governo chinês.

O site, entretanto, aponta para o fato de que os achados podem representar casos isolados. A fabricante tem, hoje, 180 mil funcionários, mas somente 10 deles foram citados em materiais conjuntos com o Exército de Libertação Popular. Os indivíduos, entretanto, não puderam ser contatados para confirmarem sua ligação com a Huawei ou se ainda permanecem como funcionários dela.

As revelações surgem como um duro golpe para a fabricante, que há um mês foi incluída na lista de banimento do governo dos Estados Unidos justamente por conta de preocupações relacionadas à espionagem e relações com o governo chinês. Em comunicado, a Huawei negou qualquer parceria com órgãos militares de seu país de origem e disse nem mesmo saber que seus funcionários estavam trabalhando com tais instituições.

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De acordo com o porta-voz da empresa, Glenn Schloss, as colaborações entre o Exército de Libertação Popular e os supostos funcionários da empresa aconteceu sem a anuência dela, com a diretoria nem mesmo tomando conhecimento de tais trabalhos. Ele afirmou que a Huawei trabalha apenas no setor privado e sempre de acordo com leis e normas locais, dos países em que atua, jamais se envolvendo em projetos voltados para os setores militares.

As palavras foram reforçadas pelo diretor jurídico da Huawei, Song Liuping, que em uma entrevista coletiva na sede da empresa em Shenzhen, na China, disse não ter tido acesso aos estudos citados pela reportagem. Ele repetiu que a companhia não faz parcerias com setores militares ou governamentais nem realiza pesquisas para esses setores. O governo chinês, por outro lado, não se pronunciou sobre o assunto.

A expectativa é por uma declaração do governo americano, que ainda não veio. No final de maio, a Huawei foi incluída em uma lista de entidades banidas dos EUA pelo presidente Donald Trump, um termo que a impede de realizar negócios no país e também de trabalhar com companhias estadunidenses. Ao longo das semanas seguintes, a administração já cogitou incluir a fabricante em tratados comerciais com a China, com a revelação feita pela imprensa podendo ter reflexos importantes, e possivelmente negativos, em tais negociações.

Fonte: Bloomberg