Apple diz não ter encontrado indícios de espionagem chinesa em seus produtos
Por Felipe Demartini | 08 de Outubro de 2018 às 14h27
Os relatos de uma grande campanha chinesa de espionagem contra empresas americanas, incluindo Apple e Amazon, com o uso de chips menores que um grão de arroz parece algo tirado de um filme. E, conforme uma reportagem publicada pelo Buzzfeed, esse pode muito bem ser o caso, com a Maçã afirmando não ter encontrado nenhum indício de uma campanha desse tipo e, mais do que isso, até mesmo duvidando que algo desta categoria existe.
A matéria cita como fonte diversos executivos da empresa, incluindo três deles de alto escalão e ligados às área de segurança e jurídico. As falas reforçam as declarações oficiais da própria Apple, de que nenhum indício de espionagem chinesa foi encontrado em seus produtos e infraestrutura, mas também pintam um panorama de surpresa com as alegações publicadas na última semana pela Bloomberg.
De acordo com um dos citados no texto, nada “remotamente próximo” à história de espionagem foi encontrado pela Apple e um dos envolvidos nas investigações disse duvidar que esse tipo de tecnologia e uso, até mesmo, exista. Foram investigadas não apenas as circunstâncias citadas pela reportagem mas também outros relatos não ligados a ela, sem nenhum indício de que um comprometimento da infraestrutura ocorreu.
Também seria falsa a informação de que a companhia teria substituído milhares de servidores comprometidos fabricados pela Super Micro, que seria o vetor da campanha de espionagem. As fontes anônimas concordam com a alegação de que nenhuma vulnerabilidade nos equipamentos foi encontrada e, sendo assim, não existiu nenhum tipo de troca. As relações com a fabricante, por outro lado, teriam sido rompidas devido a um incidente de segurança, que nem de longe estaria relacionado a chips espiões ou comprometimentos em grande escala.
Teria surpreendido a empresa, também, a alegação de que, ao encontrar a falha, a Apple teria comunicado o FBI e estaria trabalhando com o governo na investigação. O temor, aqui, vai além do suposto comprometimento de dados e tem a ver, também, com a quebra na confiança, uma vez que a Maçã sempre afirmou não entregar informações confidenciais para as autoridades nem trabalhar com elas de maneira a revelar segredos internos que poderiam colocar em risco a confidencialidade das informações de seus usuários.
De acordo com a reportagem desta semana, não existe nenhum tipo de acordo entre o FBI ou o governo dos EUA e a Apple, da mesma forma que uma suposta colaboração contra a campanha de espionagem jamais ocorreu. Afinal de contas, não foram encontrados indícios disso nos servidores da Maçã e, sendo assim, a empresa não teria porque trabalhar com o governo para investigar o caso.
Por fim, a reportagem afirma ainda que a Apple está pronta para prestar esclarecimentos e informações ao público, mas que acredita ter chegado ao final de suas investigações internas sobre o caso. O sentimento é de que tudo o que poderia ser feito na busca por mais detalhes sobre uma campanha de espionagem dessa categoria já foi realizado e que as alegações publicadas na imprensa americana não procedem de maneira alguma.
Por meio das fontes, ainda, veio a mesma segurança dada pela Apple em seu comunicado oficial, de que iPhones, Macs e outros dispositivos não foram de forma alguma comprometidos, seja fisicamente ou na infraestrutura que os serve. A Maçã permanece vigilante sobre o caso e longe de permanecer tranquila em relação à ele, sentindo apenas que chegou ao máximo de suas capacidades de investigação e verificação. Novas alegações, é claro, serão avaliadas, mas a companhia, no momento, parece não enxergar de onde elas possam vir.
Parece tranquilizadora, ainda, a declaração do Departamento de Segurança Interna do governo dos Estados Unidos, que afirma não ter motivo para discordar das afirmações da Apple e outras supostamente envolvidas. As autoridades também dizem manter um olhar vigilante e realizar diferentes campanhas de prevenção e análise, afirmando que manter a integridade da infraestrutura de tecnologia é essencial para manter os cidadãos protegidos.
Fonte: Buzzfeed