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Viagens espaciais afetam o cérebro, mas gravidade artificial pode ajudar

Por| Editado por Patricia Gnipper | 08 de Setembro de 2022 às 17h57

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Image-Source/Envato Elements
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O corpo humano não evoluiu para viver em condições de microgravidade, como estará exposto em longas viagens espaciais para Marte. Buscando formas para que esta condição adversa seja mais segura para os astronautas, a NASA descobriu que a gravidade artificial pode reduzir os efeitos negativos para o sistema nervoso central e o cérebro.

"A microgravidade apresenta riscos para o sistema nervoso central, sugerindo que podem ser necessárias contramedidas para viagens espaciais de longa duração", explica a Janani Iyer, da Universities Space Research Association (Usra) — que é parte das iniciativas lideradas pela NASA no Vale do Silício, nos Estados Unidos —, em comunicado.

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Publicado na revista científica Cell Reports, o estudo sobre os supostos benefícios do uso da gravidade artificial em viagens espaciais tem um porém: foram usadas moscas da espécie Drosophila melanogaster no experimento. Isso significa que a hipótese ainda deve ser confirmada em humanos, mas este já é considerado um caminho promissor para estudos futuros.

"Este estudo é um passo na direção certa para explorar os efeitos protetores da gravidade artificial no espaço e entender como funciona a adaptação às condições da Terra após o retorno do espaço”, acrescenta Iyer, que é uma das autoras do estudo.

Longas viagens especiais podem causar danos ao cérebro

Como parte do estudo sobre os efeitos da microgravidade no cérebro, a equipe de cientistas da NASA enviou uma caixa de moscas para a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês). Os insetos passaram quase um mês no espaço, onde puderam se reproduzir.

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Durante o experimento no espaço, todas as moscas tiveram acesso a alimentos frescos. A diferença é que um grupo experimentou a microgravidade, enquanto o outro era criado em um ambiente com gravidade artificial. Um terceiro grupo (controle) era acompanhado na Terra, sem nunca ter saído do planeta.

Após o período do experimento, as moscas foram despachadas de volta através da uma cápsula da nave Dragon, da SpaceX, que "caiu" no Oceano Pacífico. Em seguida, foram analisadas em laboratório e passaram por testes comportamentais e bioquímicos

Segundo os pesquisadores, a viagem espacial provocou alterações neurológicas e, na maior parte das vezes, estavam relacionadas com a microgravidade. Isso porque o grupo que viveu em gravidade artificial foi identificado com modificações menos severas.

Faz sentido estudar a microgravidade através de moscas?

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Pode parecer estranho usar moscas em um estudo cujo objetivo é entender os efeitos da microgravidade no organismo humano, mas para a ciência isso é bastante comum. Quase 75% dos genes que causam doenças em humanos são compartilhados com estes insetos, o que significa que elas podem ser um modelo de estudo consideravelmente relevante.

Inclusive, o uso das moscas é recorrente em outras áreas da ciência. Nas últimas semanas, foram relatadas descobertas associadas com o risco da exposição à luz azul e também sobre a exposição do organismo ao álcool. Em ambos os casos, o mesmo modelo foi adotado.

Outra vantagem é que esta espécie tem uma expectativa de vida bem curta — para ser preciso, é de apenas dois meses e já se reproduzem a partir da segunda semana de vida. Em outras palavras, durante o experimento da NASA, as moscas viveram o que seriam três décadas para os humanos. Dessa forma, é possível descobrir eventuais problemas de forma muito mais rápida.

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Como astronautas podem evitar os danos da microgravidade para a saúde?

“Com as próximas missões espaciais de longa duração, onde os astronautas serão expostos a vários níveis de gravidade, é imperativo que entendamos os impactos da gravidade alterada na função neurológica”, afirma a médica e cientista Siddhita Mhatre, que é também uma das autoras do estudo.

"Se pudermos usar a gravidade artificial para retardar os déficits [neurológicos] relacionados ao espaço, talvez possamos estender os períodos das futuras missões", completa Mhatre sobre a alternativa que pode manter a saúde estável dos astronautas. No entanto, mais estudos ainda são necessários.

Fonte: Cell ReportsNASA