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DNA de astronautas sofreu mutações após voos espaciais

Por| Editado por Patricia Gnipper | 06 de Setembro de 2022 às 11h01

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frender/envato
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Após analisar amostras de sangue de 14 astronautas da NASA, equipe de cientistas descobriu que a tripulação de viagens espaciais continha mutações significativas no DNA e que, muito provavelmente, foram causadas pela radiação espacial. Em tese, este é um fator que aumenta o risco de câncer e de algumas doenças cardíacas.

Considerando apenas a idade dos astronautas, o índice de mutações no DNA estava mais alto que o esperado para aquela faixa etária média de 40 anos. No entanto, a taxa estava abaixo do limite considerado de preocupação. Dessa forma, a recomendação é que a tripulação de voos especiais realize exames de sangue regulares para antecipar possíveis casos de câncer e de doenças cardíacas.

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Publicado na revista científica Nature Communications Biology, o estudo sobre as mutações somáticas no DNA devido ao voo especial foi liderada por pesquisadores da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, nos Estados Unidos. Na pesquisa, foram avaliadas amostras de sangue de astronautas que foram ao espaço entre 1998 e 2001.

"Devido à falta de amostras longitudinais e ao pequeno tamanho da amostra, as conclusões sobre as implicações das lesões observadas permanecem limitadas, e mais estudos são necessários", explicam os autores do estudo sobre o limite da descoberta. Neste contexto, a única recomendação é o acompanhamento dos astronautas, mesmo após a aposentadoria, através de exames de sangue.

O que são mutações somáticas no sangue dos astronautas?

No estudo com os astronautas da NASA, a equipe de pesquisadores identificou mutações somáticas, especialmente no gene TP53 — responsável por produzir uma proteína supressora de tumores — e no DNMT3A — um dos genes mais frequentemente alterados em casos de leucemia mieloide aguda (câncer no sangue).

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Vale explicar que as mutações somáticas são aquelas que ocorrem depois que uma pessoa está formada e em células que não sejam espermatozoides ou óvulos. Em outras palavras, não pode ser transmitida para os descendentes. De forma geral, essas mutações estão relacionados com fatores ambientais, como exposição à radiação ultravioleta ou a certos produtos químicos. Recentes estudos também indicam que a exposição contínua à poluição pode ser também um fator de risco.

“Os astronautas trabalham em um ambiente extremo onde muitos fatores podem resultar em mutações somáticas, principalmente a radiação espacial", explica David Goukassian, professor de cardiologia e principal autor do estudo, em comunicado.

É importante frisar que as mutações encontradas indicam um possível aumento no risco de câncer ou de doenças cardíacas, mas a simples presença delas não é o suficiente para fechar um diagnóstico da condição.

Mutações no DNA aumentam o risco de câncer em viagens espaciais?

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“O fato de observarmos essas mutações foi surpreendente, dada a idade e a saúde relativamente jovens desses astronautas", afirma o médico Goukassian. No entanto, "a presença dessas mutações não significa necessariamente que os astronautas desenvolverão doenças cardiovasculares ou câncer, mas existe o risco de que, com o tempo, isso possa acontecer através da exposição contínua e prolongada ao ambiente extremo do espaço profundo”, completa.

A partir dessa descoberta, mais estudos sobre o risco são fundamentais. Ainda mais quando se considera a viagem a Marte ou ainda a exploração de voos espaciais comerciais. Em ambos os cenários, é preciso entender os limites do corpo humano à radiação e manter a tripulação ao máximo segura.

Fonte: Nature Communications Biology e New Wise