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Foto mostra o "lado escuro" de Plutão, iluminado pela lua Caronte

Por| Editado por Patricia Gnipper | 28 de Outubro de 2021 às 12h33

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Em 2006, a NASA lançou a sonda New Horizons com destino a Plutão e, após quase uma década de viagem, ela chegou ao planeta-anão, fazendo imagens de pertinho da superfície de Plutão e de suas luas. Agora, uma equipe de pesquisadores lideradops por Tod Lauer, do National Optical Infrared Astronomy Research Lab, conseguiu completar o álbum de fotos deste mundo distante — com algo a mais. Com uma pequena ajuda da lua Caronte, eles incluíram também registros do “lado afastado” de Plutão, a parte que não recebe luz solar e que dificilmente pode ser observada.

A New Horizons sobrevoou Plutão em 2015 e, antes de deixar o planeta-anão, fez alguns registros de seu lado afastado do Sol, permanentemente escuro para nós. Como a luz do Sol vinha de trás de Plutão, sua atmosfera nebulosa apareceu iluminada nas imagens, como se fosse um anel brilhante envolvendo o lado escuro do planeta-anão. Assim, a sonda conseguiu observar o hemisfério sul do planeta, que tinha apenas uma iluminação fraca refletida pela superfície gelada de Caronte, sua maior lua. Mas, mesmo sendo fraca, a “luz de Caronte” foi suficiente para os pesquisadores descobrirem detalhes do hemisfério sul de Plutão. “Em uma coincidência surpreendente, a luz de Caronte incidindo em Plutão é parecida com a da Lua na Terra, na mesma fase cada uma”, explicou Tod Lauer, astrônomo e principal autor do estudo.

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O trabalho de recuperação dos detalhes da superfície de Plutão não foi fácil. Quando um dos instrumentos da New Horizons observou o planeta-anão, acabou registrando a luz dispersada do Sol, que produziu um padrão complexo de luz quase mil vezes mais forte que o sinal produzido pela luz refletida por Caronte. Para completar, a névoa atmosférica acabou superexposta, produzindo ainda mais informações adicionais nas imagens. Após combinar 360 imagens do lado "escuro" de Plutão e outras 360 feitas com a mesma geometria, mas sem o mundo aparecendo, eles conseguiram uma imagem final sem os artefatos extra, somente com a luz refletida por Caronte.

O resultado é um mapa que, embora tenha um pouco de ruído digital, mostra formações que se destacam nas sombras da superfície de Plutão. Entre algumas regiões e formações que se destacam, está uma região crescente no oeste que não recebeu luz solar ou refletida pela lua, e uma grande área brilhante entre o polo sul de Plutão e seu equador. Os autores suspeitam que, talvez, este local seja um grande depósito de nitrogênio ou metano congelado, parecido com o “coração” no lado oposto do planeta-anão. Já o polo sul e a região ao redor dele parecem estar cobertos por um material escuro, em contraste aos compostos que formam a superfície clara do hemisfério norte.

Uma possibilidade é que essas características sejam uma consequência de Plutão ter acabado de passar pelo verão do hemisfério sul, encerrado 15 anos antes do sobrevoo. Assim, é possível que o nitrogênio e metano congelados tenham ido do estado sólido ao gasoso, enquanto partículas de névoa escura ficaram por lá. Futuramente, os instrumentos na Terra podem verificar as imagens da equipe e confirmar se eles estão corretos, mas, para isso acontecer, o hemisfério sul de Plutão teria que receber luz solar, o que não acontecerá por aproximadamente um século. “O jeito mais fácil de confirmar nossas ideias é enviar uma missão de acompanhamento”, propôs Lauer.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Planetary Science Journal.

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Fonte: NASA