Trio inusitado de estrelas gigantes é descoberto; veja o que acontecerá com elas
Por Daniele Cavalcante • Editado por Rafael Rigues |

Um sistema estelar triplo foi encontrado por cientistas cidadãos utilizando dados do telescópio espacial TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), da NASA. São três estrelas do tipo OB, ou seja, são estrelas azuis, massivas, jovens, muito luminosas e quentes. Mas há muito mais sobre elas que despertou o interesse dos astrônomos.
As três estrelas orbitam entre si (ou melhor, orbitam o centro gravitacional do sistema) em alta velocidade — duas delas levam apenas 1,1 dias para completarem uma volta ao redor deste centro, enquanto a terceira possui órbita um pouco mais longa, levando 52 dias para completá-la.
Com cerca de 15 massas solares, a estrela com 52 dias de órbita é o motivo de ter atraído a atenção dos pesquisadores — ela é mais massiva do que a massa combinada das outras duas, que têm 10,9 e 13,2 massas solares. Os sistemas de estrelas triplas não são exatamente raros, mas essa combinação é curiosa e trouxe algumas perguntas para os astrônomos.
Conhecendo a massa dos três objetos e a distância entre eles, é possível determinar o que acontecerá com cada um. Por isso, os cientistas já têm uma previsão de como será a evolução estelar desse trio e o que restará do sistema quando chegarem ao fim de suas vidas.
Evolução do sistema TIC 470710327
Atualmente, o sistema (chamado TIC 470710327) consiste em duas estrelas formando uma dupla (bem parecida com um sistema binário comum eclipsante) e uma terceira estrela mais massiva que se move em torno das demais. Esta última continuará a evoluir, até se expandir o suficiente para transferir massa para a dupla interna.
Com a transferência de massa, as duas estrelas internas seriam envoltas por esta matéria até se fundirem em uma só estrela. Assim, o sistema triplo se tornaria um sistema binário, com apenas uma dupla estelar. Mas a estrela massiva continuará evoluindo até chegar ao fim de sua vida, explodindo em uma supernova.
O que sobrará dessa explosão será uma estrela de nêutrons, um remanescente superdenso do núcleo daquela que foi uma estrela de 15 massas solares. Após algum tempo, será a vez da outra estrela (que eram duas e se fundiram) passar por processo semelhante: expandir, transferir massa para a estrela de nêutrons e explodir em supernova.
O fim desse sistema incrível provavelmente acontecerá quando as duas estrelas de nêutrons, ainda orbitando entre si, mergulharem em espiral até o centro gravitacional do sistema, se chocando. Uma fusão entre duas estrelas de nêutrons produz ondas gravitacionais intensas, que podem ser detectadas da Terra.
Infelizmente, não estaremos aqui para acompanhar essa evolução espetacular. Embora as estrelas azuis sejam de vida curta (em comparação com as mais duradouras), esse processo deve levar dois milhões de anos, até culminar na colisão das estrelas de nêutrons.
Ainda restam algumas perguntas para serem respondidas sobre o TIC 470710327. Por exemplo, ele se formou desta forma ou as duas estrelas menores capturaram a maior? Ou ainda, todas elas “nasceram” separadas e se encontraram em algum momento? Ainda não sabemos, mas pode ser que outros sistemas semelhantes sejam encontradas no futuro, o que ajudará os cientistas a encontrar as respostas.
Fonte: Zooniverse