Este é o maior conjunto de rajadas rápidas de rádio identificado até hoje
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 13 de Outubro de 2021 às 17h02
Uma equipe internacional de pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (NAOC) registrou um episódio extremo de explosões cósmicas vindas da rajada rápida de rádio (FRB) 121102. Usando o telescópio Five-hundred-meter Aperture Spherical radio Telescope (FAST), o maior radiotelescópio do mundo, ao longo de um período de 47 dias, eles conseguiram captar 1.652 rajadas independentes, neste que agora é o maior conjunto de FRBs já registrado.
- Rajadas rápidas de rádio: saiba o que são e o que os cientistas já descobriram
- Mistério sobre a origem das rajadas rápidas de rádio pode estar perto do fim
- Rajada de rádio detectada na Via Láctea fornece pistas para desvendar o mistério
As FRBs são rajadas capazes de liberar, em questão de um milionésimo de segundo, toda a energia emitida pelo Sol ao longo de um ano. Essas rajadas foram detectadas pela primeira vez em 2007 e, até o momento, não se sabe exatamente a origem delas. Assim, observações tornaram as causas naturais como favoritas para esses eventos, de modo que o estudo focou nas emissões vindas de estrelas de nêutrons, buracos negros e remanescentes do Big Bang.
Os cientistas descobriram que uma pequena fração das FRBs se repete, o que facilita estudos da localização das rajadas — que é o caso da FRB 121102. Essa é a primeira explosão repetitiva identificada e com localização bem conhecida. Os autores do estudo acreditam que ela vem de uma galáxia anã, associada a uma origem de rádio persistente. Ainda, mostrou comportamento imprevisível e foi descrita como um evento “sazonal”.
Isso porque, enquanto a observava, a equipe notou que a FRB 121102 estava emitindo pulsos luminosos frequentes. Entre os dias 29 de agosto e 29 de outubro, 1.652 rajadas independentes foram registradas ao longo de 59,5 horas, sendo que 122 delas foram identificadas durante o pico — quantidade considerada a maior taxa de eventos já observada para qualquer FRB.
Para Wang Pei, um dos autores do estudo, a energia total da rajada e a ausência de periodicidade restringem severamente a possibilidade de a FRB 121102 vir de um objeto compacto e isolado. Ainda há um longo caminho até os cientistas compreenderem melhor a natureza e a origem desses fenômenos e, felizmente, o FAST será um ótimo aliado nesta jornada. “Por ser a maior antena do mundo, a sensibilidade do FAST prova ser propícia para revelar as complexidades dos eventos cósmicos transientes, incluindo as FRBs”, afirma Li Di, outro professor da NAOC envolvido no trabalho.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.
Fonte: Phys.org