SpaceX será avaliada pela NASA, que não gostou de Elon Musk ter fumado maconha

Em setembro, Elon Musk causou mais uma polêmica, desta vez porque fumou maconha durante a gravação de um programa, com as imagens percorrendo os quatro cantos da internet — ainda que no estado da Califórnia, onde tudo aconteceu, o uso da erva seja legalizado. Por conta disso, até mesmo as ações de sua montadora Tesla caíram, com o comportamento controverso de Musk causando embates internos com executivos e acionistas da companhia. Agora, mais um desdobramento desse episódio traz uma nova polêmica, desta vez envolvendo sua empresa espacial — a SpaceX.

É que a NASA decidiu conduzir estudos de avaliação de cultura de trabalho na companhia espacial de Elon Musk, garantindo que a empresa cumpra os requisitos da agência (que é estatal e, portanto, segue o que é válido para o Governo Federal) com relação à segurança no trabalho, o que inclui um ambiente ser livre de drogas. Apesar de o uso recreativo da maconha ser legal em dez estados dos EUA, a prática ainda é proibida aos olhos do Governo Federal e, como a SpaceX é uma fornecedora de lançamentos tanto para a NASA quanto para as forças armadas do país, a empresa não pode estar associada ao uso de drogas recreativas.

"Esperamos que nossos parceiros comerciais atendam a todos os requisitos de segurança no local de trabalho na execução de nossas missões e nos serviços que eles fornecem ao povo americano e, como sempre, a NASA garantirá que eles façam isso", declarou um porta-voz da agência. E, segundo Jim Bridenstine, administrador da NASA, as investigações ajudarão a garantir que os astronautas transportados com tecnologias das empresas privadas estejam o mais seguros possível. "Se vejo algo inapropriado, a principal preocupação, para mim, é a cultura que levou a essa impropriedade — e a NASA está envolvida nisso. Como agência, não estamos apenas nos conduzindo, mas nossos contratados também. Precisamos mostrar ao público americano que quando colocamos um astronauta em um foguete, ele estará seguro", declarou.

Indo além a NASA também vai aproveitar para fazer o mesmo nos locais de trabalho da Boeing, outra empresa privada que também está construindo naves que serão usadas pela agência espacial dos EUA no futuro próximo, com o objetivo de transportar astronautas à Estação Espacial Internacional e, assim, se independer dos russos nesse sentido.

As análises nas empresas demorarão meses para serem concluídas, exigindo centenas de entrevistas com os trabalhadores e executivos. E, por enquanto, não ficou claro se a investigação acabará atrasando (ainda mais) os lançamentos dos veículos da SpaceX e da Boeing, cujos primeiros testes estão previstos para 2019.

Vale lembrar que a NASA já trabalha com ambas as empresas. A Boeing foi a principal fabricante de equipamentos para a ISS, e está construindo o próximo grande foguete da NASA (o SLS, ou Space Launch System). Já a SpaceX vem sendo a responsável por lançar regularmente cargas para a ISS com seus foguetes reutilizáveis Falcon 9, e as duas são as escolhidas para o Commercial Crew Program — o programa da NASA que contará com empresas privadas para futuros lançamentos no formato de parceria. Espera-se que a SpaceX comece a testar sua cápsula Crew Dragon já em janeiro do ano que vem, com um lançamento tripulado marcado para junho de 2019. Já a Boeing planeja fazer um teste não tripulado em março do ano que vem, com o primeiro teste tripulado acontecendo no mês de agosto.

Fonte: The Verge