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Sol pode ter ajudado a formar "halo" de objetos interestelares

Por| Editado por Patricia Gnipper | 19 de Janeiro de 2023 às 18h01

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ESA/HUBBLE, NASA, ESO, M. KORNMESSER
ESA/HUBBLE, NASA, ESO, M. KORNMESSER

O Sistema Solar pode estar cercado por uma espécie de “enxame” de objetos interestelares, nome dado àqueles vindos de outros sistemas estelares. É o que concluiu um novo estudo de Jorge Peñarrubia, astrônomo da Universidade de Edimburgo, que modelou como a gravidade do Sol e da Via Láctea podem afetar estes objetos que se aproximam do nosso sistema.

Nosso sistema não existe no espaço como uma bolha isolada — prova disso está na descoberta do objeto interestelar Oumuamua. Identificado em 2017, ele tem estrutura rochosa e alongada e se movia em uma trajetória que sugeria que veio de algum lugar no espaço interestelar. Já em 2019, foi a vez do cometa interestelar 2I/Borisov ser identificado pelos astrônomos.

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Em seu estudo, Peñarrubia investigou os efeitos gravitacionais nestas rochas espaciais interestelares. Ele propõe que, se uma delas (como o Oumuamua) orbita o centro da Via Láctea, pode acontecer de ela eventualmente se aproximar do Sistema Solar. A gravidade da nossa galáxia iria aos poucos desacelerar o asteroide, permitindo que a gravidade do Sol o capture e o coloque em uma breve dança orbital.

Dizemos que ela é breve porque este visitante não estaria em uma órbita estável; na verdade, ele iria completar algumas órbitas ou parte de uma, e depois seria lançado de volta pelo Sol ao espaço interestelar — e com mais energia do que tinha antes do encontro. Assim, o objeto ficaria em uma órbita mais ampla e rápida ao redor do centro da Via Láctea.

Este processo acontece constantemente, e é aqui que entram as conclusões do estudo de Peñarrubia: ele propõe que, se o Sol está o tempo todo capturando novos objetos interestelares e “lançando” os antigos, provavelmente há um número constante deles em um halo ao redor da Via Láctea. Estes objetos capturados temporariamente podem formar parte considerável da Nuvem de Oort, uma nuvem hipotética de objetos congelados nas fronteiras mais distantes do Sistema Solar.

Entretanto, os astrônomos não sabem exatamente quantos desses objetos intrigantes talvez façam parte do Sistema Solar, e menos ainda quantos deles podem existir na nuvem. “Mesmo que estes objetos estejam por aí, ainda não temos a tecnologia para detectá-los em grandes quantidades”, observou o autor. Mas, com base nos poucos objetos interestelares detectados até o momento, ele acrescenta que o modelo prevê que deve haver 10 milhões de objetos no halo.

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Inclusive, algumas centenas deles podem estar orbitando nosso sistema com a mesma proximidade que Netuno tem do Sol. Se Peñarrubia estiver correto, pode haver uma grande quantidade de destes objetos no Sistema Solar à espera de estudos. “Se você conseguir detectar uma população considerável de objetos ‘presos’, vamos ter muitas informações sobre quantos deles existem na Via Láctea e qual é a composição dos sistemas de onde vêm”.

A má notícia é que o modelo diz que, mesmo que estes objetos existam, eles estão tão distantes que nem mesmo o telescópio James Webb conseguiria “enxergá-los”. Por outro lado, há diferentes programas de observação que podem revelá-los, e análises da trajetória e movimento deles podem ajudar na diferenciação dos objetos “locais”.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

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Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: Inverse