Sistema binário com "aranha cósmica" é o primeiro de seu tipo já encontrado
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper |
Um sistema binário raro, considerado o “elo perdido” da evolução das estrelas em duplas, foi encontrado pela primeira vez. Ele é formado por uma estrela em processo de se tornar uma anã branca orbitando uma estrela de nêutrons que acabou de se transformar em um pulsar de rápida rotação.
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Os astrônomos já imaginavam que sistemas desse tipo poderiam existir. Na verdade, essa configuração é o penúltimo estágio de evolução de sistemas binários como este. Contudo, todos os outros binários anã branca-pulsar descobertos até então se encontram bem além do estágio de rotação.
Astrônomos liderados por Samuel Swihart, do Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA, usaram o Goodman Spectrograph no Telescópio SOAR para investigar uma misteriosa fonte de raios gama chamada 4FGL J1120.0-2204. Eles descobriram que se trata de um sistema binário.
Um dos componentes do sistema é um “pulsar de milissegundos”, ou seja, uma estrela de nêutrons com campo magnético forte o suficiente para transformas sua energia rotacional em energia eletromagnética. A medida que o pulsar gira, esse campo magnético induz um campo elétrico na superfície.
O outro componente é uma proto-anã branca (ou seja, um objeto em fase de transição para se tornar uma anã branca) de massa extremamente baixa, temperatura de superfície de 8.200 °C e massa de apenas 17% da massa do Sol. Ela orbita sua companheira a cada 15 horas.
Localizada a mais de 2600 anos-luz de distância, a dupla é apelidada pelos astrônomos de “aranha”, porque o pulsar tende a “comer” as partes externas da estrela companheira quando ela completa sua transformação em uma anã branca. O processo é semelhante ao do sistema PSR J2039–5617, formado por uma "viúva negra" e uma companheira doadora de matéria.
Pulsares de milissegundos giram centenas de vezes a cada segundo e são gerados pela acumulação de matéria de um companheiro. A maioria deles emite raios gama e raios X, muitas vezes quando o vento do pulsar (um fluxo de partículas carregadas que emanam da estrela de nêutrons) colide com o material emitido pela sua companheira.
Fonte: NOIRLab