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Viúva negra cósmica: após sete anos de mistério, objeto é finalmente desvendado

Por| 16 de Fevereiro de 2021 às 08h34

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ESA
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Desde a descoberta do objeto cósmico conhecido como PSR J2039–5617, em 2014, os astrônomos ficaram intrigados com as fortes emissões de raios-X, raios gama e luz visível que de emanam de lá. Eles suspeitavam que se tratava de um objeto binário (ou seja, composto por dois corpos) que incluiria um pulsar de milissegundo e uma segunda estrela. O motivo da suspeita é que o brilho indica um possível “canibalismo” cósmico, mas não havia meios de provar isso — até agora.

Pesquisadores já conheciam há algum tempo um tipo de estrela apelidada de “viúva negra”. O apelido faz sentido, já que se trata de uma pulsar que “prende” uma estrela menor e de pouca densidade, e acaba por devorá-la. O resultado dessa interação são as emissões brilhantes mencionadas acima. Contudo, observar raios-X raios e raios gama não é o suficiente para provar uma hipótese. Era necessário um bocado de dados de telescópios e um poder de processamento descomunal para processar as informações em menos de alguns séculos.

Contudo, graças à comunidade de cientistas cidadãos — voluntários, muitas vezes sem formação científica, mas com conhecimento e disposição o suficiente para ajudar os cientistas “profissionais” —, uma equipe de pesquisadores conseguiu utilizar uma série de computadores através do projeto Einstein@Home, que é um projeto da Colaboração Científica LIGO e do Instituto Max Planck da Alemanha, onde mais de 500 mil voluntários deixaram seus computadores ociosos para formar uma imensa rede de processamento dedicada em resolver problemas de astronomia.

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Com isso, a equipe trabalhou durante dois meses, até conseguir confirmar que o PSR J2039–5617 de fato é um sistema binário formado por uma “viúva negra” que está devorando o material de sua companheira. Por se tratar de uma pulsar — ou seja, uma estrela de nêutrons, formada do núcleo remanescente de estrelas gigantes que explodiram —, a viúva negra é um objeto extremamente denso que gira em intervalos regulares, piscando como faróis. A estrela companheira, por sua vez, é de baixa densidade e, portanto, acaba sendo deformada pela intensa força gravitacional da pulsar.

Esse processo faz com que a estrela menos densa tenha também um lado que parece mais brilhante e azul. Ao se deformar, ela também tem um tamanho aparente que varia ao longo de sua órbita ao redor da pulsar. As emissões de rádio às vezes são eclipsadas, porque o material puxado da superfície da estrela companheira bloqueia a radiação momentaneamente. Além disso, o pulsar, que gira cerca de 377 vezes por segundo, emana energias que estão destruindo a companheira, que por sua vez tem apenas cerca de um sexto da massa do nosso Sol. 

Todas essas características fazem com que padrões de luz tenham variações estranhas, mas ao observar a estrela menos densa os astrônomos conseguiram obter dados fundamentais para confirmar a hipótese de que o J2039–5617 é um sistema binário, composto por uma pulsar viúva negra e sua "presa". O novo estudo foi aceito para ser publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society em março.

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Fonte: EurekAlert