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Saiba tudo sobre Lucy, a missão da NASA que estudará asteroides troianos

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Na manhã deste sábado (16), a NASA irá lançar a sonda Lucy. Ela será parte da primeira missão espacial voltada para o estudo dos troianos, asteroides que são como lembranças físicas da formação do Sistema Solar, sendo também a primeira a estudar tantos deles de uma só vez — a sonda irá visitar 8 asteroides ao longo de sua missão. O lançamento está programado para acontecer às 6h34 (horário de Brasília) com um foguete Atlas V-401, da United Launch Alliance, nas instalações do complexo Cape Canaveral Air Force Station Space Launch Complex 41, na Flórida.

Diferentemente do que acontece em outras missões da NASA, o nome “Lucy” não é uma sigla, mas é igualmente especial. É que a sonda viajará levando o nome de Lucy, o fóssil da australopithecus, ancestral dos humanos, cujo esqueleto proporcionou informações únicas sobre a evolução da nossa espécie. De forma semelhante, a sonda irá também revolucionar nosso conhecimento sobre a formação do Sistema Solar e dos planetas do nosso quintal espacial.

Isso acontecerá com o estudo dos asteroides troianos, objetos que levam o nome das figuras da mitologia grega e que são como “cápsulas do tempo”, remanescentes da formação do Sistema Solar. Eles são o que sobrou do material primordial que deu origem aos planetas externos da nossa vizinhança, viajando pelo espaço em dois grandes grupos: um que fica à frente de Júpiter, e outro logo depois. Ambos estão agrupados em torno de dois pontos de Lagrange, que são pontos de estabilidade gravitacional no espaço.

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Essas regiões permitem que as naves espaciais economizem combustível quando precisam ficar em algum lugar específico — e, no caso dos troianos, eles estão estáveis em dois desses pontos, a distâncias iguais entre o Sol e Júpiter. Para visitá-los, a sonda irá seguir um caminho complexo que a levará para os dois grupos, proporcionando aos cientistas um “lugar VIP” para os C-, P- e D-, os três principais tipos de troianos desses grupos.

Os do tipo P- e D- são conhecidos por terem serem avermelhados e escuros, lembrando os corpos do Cinturão de Kuiper, aquele "anel" de objetos gelados que se estende para além da órbita de Netuno. Já os do tipo C- ficam principalmente nas áreas mais externas do Cinturão de Asteroides, localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter. Mesmo com essas diferenças, todos os troianos são considerados objetos abundantes em compostos de carbono e provavelmente são ricos em água e outras substâncias voláteis.

Como será a jornada da sonda Lucy

Para estudá-los, a Lucy viajará por quatro anos até o asteroide Donaldjohanson, que fica no Cinturão entre Marte e Júpiter. Durante esse encontro, ela irá sobrevoá-lo para os cientistas verificarem como os instrumentos da nave estão. Depois, seguirá viagem até chegar ao primeiro grupo de troianos em 2027 — esses asteroides ficam no ponto L4, antes do gigante gasoso, e a ideia é fazer uma visita ao troiano Eurybates, orbitado por Queta.

Ainda em 2027, a sonda seguirá para sobrevoar o troiano Polymele e, em 2028, irá encontrar o asteroide Leucus. Depois, a ideia é que ela faça um sobrevoo pela Terra para conseguir assistência gravitacional e, assim, seguir com destino ao outro grupo de troianos — por lá, em 2033, a Lucy encontrará os asteroides Patroclus e Menoetius.

A Lucy mede 14 m de ponta a ponta e, além dos painéis solares, conta com um trio de instrumentos que vão ajudar as equipes em Terra a saber mais sobre os troianos. Um deles é o Lucy LOng Range Reconnaissance Imager (L’LORRI), uma câmera pancromática de alta resolução que irá proporcionar as imagens mais detalhadas já feitas desses asteroides. Já o L’Ralph, formado por uma câmera colorida e um espectrômetro de imageamento infravermelho, investigará a composição química dos cantinhos e pequenas fendas no relevo deles, conseguindo coletar dados a até 1 km de distância.

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A ideia é investigar o interior das crateras dos asteroides como uma forma de conseguir acesso ao interior deles, onde há materiais “frescos” e mais jovens, que, consequentemente, não foram expostos à radiação e ao impacto de micrometeoritos. Por isso, vale a pena estudá-los em busca de sua composição original. Já o instrumento L'LORRI é uma câmera que fará imagens em preto e branco, para os cientistas descobrirem pistas sobre os ambientes aos quais os asteroides foram expostos há bilhões de anos.

O legado da missão Lucy

Embora grande parte das missões da NASA seja pensada para durar alguns anos, os engenheiros da agência espacial criam naves e instrumentos duráveis o suficiente para seguir em operação por muito mais tempo do que o previsto em suas missões primárias. A missão New Horizons, por exemplo, lançada com destino a Plutão, foi criada para durar cerca de uma década, mas já passa dos 15 anos de operação. Já a Lucy tem uma missão primária de 12 anos e foi desenvolvida para se manter ativa por pelo menos algumas décadas.

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Como deverá durar bastante tempo, a Lucy dará continuidade ao legado das sondas Pioneer e Voyager, que levaram consigo placas e discos de ouro com mensagens para possíveis seres que as encontrem espaço afora. Mas, como a Lucy não vai se aventurar para fora do Sistema Solar, ela terá uma placa que será como uma cápsula do tempo, destinada a grandes membros da sociedade e àqueles que virão depois de nós.

Essa placa contém mensagens criadas por autores laureados pelo Nobel de Literatura, poetas norte-americanos e outras figuras inspiradoras, incluindo os membros dos Beatles, o famoso quarteto de Liverpool cuja música Lucy In the Sky With Diamonds também serviu de inspiração para o nome da missão. Além disso, a placa conta também com uma representação do Sistema Solar no dia do lançamento da missão e da trajetória da sonda.

Como assistir ao vivo

A NASA transmitirá ao vivo pela internet o lançamento da missão Lucy. Você pode começar a acompanhar os preparativos finais às 5h da manhã (horário de Brasília) deste sábado (16), com o lançamento em si previsto para acontecer cerca de meia hora depois. Tudo será exibido pelo site NASA Live, ou no vídeo abaixo:

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Fonte: NASA