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Rumo às Estrelas: série do Disney+ mostra os bastidores da NASA; veja entrevista

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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No dia 6 de outubro, os entusiastas da ciência espacial terão uma nova produção para acompanhar no Disney+. Trata-se da série documental Rumo às Estrelas, que, ao longo de seis episódios, retrata a última missão de Chris Cassidy (astronauta veterano que já realizou voos espaciais), bem como as atividades da NASA e dos profissionais da agência espacial — e o Canaltech conversou com a equipe envolvida na produção, incluindo o astronauta.

Aviso: a partir deste ponto, esta matéria contém spoilers de Rumo às Estrelas!

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Produzida pela Fulwell 73 sob a direção de Ben Turner, a série começa com imagens de astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) — e, claro, das caminhadas espaciais realizadas no lado externo do laboratório orbital. Além disso, acompanhamos de perto algumas das atividades e procedimentos realizados por eles antes de viajarem rumo ao espaço, como os treinamentos para realizar procedimentos delicados e de altíssima precisão.

Um desses procedimentos envolveu o conserto do experimento Alpha Magnetic Spectrometer (AMS). Trata-se de um instrumento lançado em 2011 com o ônibus espacial Endeavour, com o objetivo de aproveitar o ambiente do espaço para ajudar os cientistas a entender as origens do universo e a matéria escura, a matéria invisível que não pode ser detectada diretamente. Para isso, o AMS vem buscando evidências dessa substância misteriosa através das partículas que compõem os raios cósmicos.

O Dr. Samuel Ting, o principal investigador do experimento, explica que, no solo, não é possível coletar medidas individuais desses raios em função da atmosfera, que os divide. “Para descobrir as propriedades originais, você precisa colocar um dispositivo magnético acima da atmosfera; no caso da Estação Espacial Internacional, a 400 km acima do solo, não há mais atmosfera, e você pode medir as partículas originais e intrínsecas dos raios cósmicos”, disse ele, em entrevista ao Canaltech.

O instrumento funcionou normalmente até 2014, mas apresentou alguns problemas que exigiam reparos para os quais não foi projetado. Para resolver isso, os astronautas tiveram que realizar consertos delicados, que envolviam a manipulação de componentes com 10% da espessura de um fio de cabelo. "Os astronautas foram treinados no tanque para serem cuidadosos, acredito que eles realizaram 92 treinamentos na piscina", conta o Dr. Ting. "Eu estava preocupado, porque esse foi o spacewalk mais desafiador já feito desde o reparo do telescópio espacial Hubble".

As tensões para a realização desse procedimento, bem como aquelas antes do lançamento da missão em questão, foram retratadas na série — Cassidy era um candidato à missão para o conserto, mas no fim, o astronauta Andrew Morgano foi escolhido para voar para realizar o procedimento. Apesar disso, ele ainda esteve em outras missões no espaço: ele esteve na ISS durante a Expedição 35, lançada em 2012 e, em 2020, o astronauta foi novamente ao laboratório orbital, desta vez como comandante da expedição 63. Em 2021, Cassidy se aposentou.

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É um engano pensar que Rumo às Estrelas é totalmente voltada ao trabalho e preparação dos astronautas. Na verdade, a produção conduz o espectador pelo mundo da NASA que nem sempre é conhecido, mostrando também os técnicos, engenheiros e mais os diversos profissionais envolvidos nas missões espaciais.

Entrevista com a equipe de Rumo às Estrelas

Em entrevista concedida ao Canaltech, Cassidy e Turner responderam perguntas sobre a série, incluindo como foi produzi-la, os desafios das missões espaciais e das filmagens na microgravidade, entre outros assuntos.

Quando questionado sobre o momento mais marcante de seus 17 anos de carreira, o astronauta destacou sua primeira experiência em um voo espacial, quando ele voou a bordo do ônibus espacial Endeavour, em 2009:

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Foi ali que começou toda a experiência, e me lembro muito vividamente do clima; tivemos alguns atrasos, mas quando finalmente fomos e o foguete foi ativado, toda aquela vibração na subida, as forças G e o desligamento dos motores e a minha primeira vista da Terra através da janela.

E, afinal, como é a sensação de viajar ao espaço, em especial no caso de um astronauta veterano que serviu em três missões? Será que ainda há algum nervosismo ou ansiedade no grande dia?

Há sempre algum nervosismo no dia do lançamento [...] mas o lançamento em si nunca deixa de ser um momento em que você está sempre intensamente focado, não importa quantas vezes você faz isso.

Já quanto às missões que Cassidy realizou na Estação Espacial Internacional... em sua visão, qual é a importância do laboratório espacial para a preparação de futuras missões tripuladas à Lua e além?

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Essa é uma ótima pergunta, e é essa a essência da ISS, entender como manter a vida no espaço por longos períodos e os sistemas, como o sistema ambiental que mantém o oxigênio e o ar limpo. Essas tecnologias são incríveis e absolutamente essenciais para irmos a Marte ou voltamos à Lua, e é graças aos 20 anos de Estação Espacial Internacional que temos esse conhecimento muito, mas muito sólido, para fazermos isso acontecer. Além disso, as pesquisas que são realizadas lá vêm resultando em teses de PhD; tudo siso é muito importante para levar conhecimento a todos, incluindo as pessoas na Terra. 

A pergunta seguinte do Canaltech foi direcionada ao diretor Ben Turner, para que ele nos contasse como a série Rumo às Estrelas é diferente de outras produções do gênero.

Nós percebemos que há vários documentários espaciais — sou obcecado por eles e assisto todos --, mas eles tendem a ter uma base muito científica, tecnológica e expositiva. Eu adoro contar as histórias lendárias das missões, mas percebi que ainda não havia nada que mostrasse o envolvimento com uma equipe e observar o drama se desenrolar entre eles, com tudo feito no espaço [...] Há muito a se ver, essa equipe com uma diversidade incrível de pessoas de diferentes disciplinas se unindo para ir ao espaço é algo incrível, e é um privilégio único ser, de certa forma, a primeira pessoa a contar a história dessa forma. 

Já ao fim da entrevista, Cassidy foi perguntado se, após ir ao espaço três vezes, ele ainda sonhava em caminhar na Lua ou, quem sabe, pousar em Marte.

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Eu adoraria caminhar na Lua — na verdade, nos meses antes de eu me aposentar da NASA, estava ponderando as opções de ficar na agência na esperança de uma nova missão, ou seguir para outro trabalho. Isso seria, com certeza, o que iria me motivar a ficar para uma possível quarta missão. Sobre caminhar na Lua, eu acredito que vai levar alguns anos, mas vai acontecer. Mas vou te dizer: não há nada que eu iria amar mais do que caminhar, pisar, na Lua.