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Robert Hunt | Falso astronauta enganou o mundo até que foi preso pela polícia

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Justin Lim/Unsplash
Justin Lim/Unsplash

Durante anos, Robert Hunt viajou pelos Estados Unidos vestindo um macacão similar a um uniforme azul da NASA cheio de broches, apresentando-se como um astronauta veterano.

Em escolas, hospitais e eventos cívicos, contava histórias emocionantes sobre missões secretas, pilotagem de caças e compartilhava com todos a sensação de ver a Terra do espaço. Conquistou a confiança e admiração, especialmente de crianças e autoridades locais, e era tratado como um herói nacional. Só tinha um problema: tudo no seu discurso era mentira. Absolutamente tudo.

Hunt nunca foi astronauta. Também não passou pela Academia Naval, nem participou do programa espacial americano – como alegava. Seu histórico era inteiramente inventado, com crachás falsificados, condecorações falsas e documentos forjados. Apesar disso, durante anos, o homem conseguiu enganar escolas, prefeitos, jornalistas e até voluntários de hospitais.

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Visitou crianças com câncer, participou de eventos públicos e recebeu homenagens, enquanto seu comportamento deixava sinais de alerta que foram ignorados por desleixo de todos.

Chamava a atenção o fato de ser grosso e impaciente com organizadores, não hesitando em usar palavrões em público, mesmo em ambientes onde crianças e autoridades estavam presentes.

Suas respostas a questionamentos específicos costumavam ser ríspidas, o que levantava dúvidas para quem lidava diretamente com ele. No entanto, seu discurso carismático e emocional sobre superação e patriotismo funcionava para silenciar qualquer desconfiança ou mesmo incômodo.

Desfazendo a farsa

A farsa começou a ser desfeita a partir de investigações conduzidas por policiais estaduais, como Andrew Palombo, que recebeu denúncias sobre fraudas praticadas por Hunt. A partir dali, foi feita uma checagem simples nos registros oficiais da agência espacial americana que confirmaram que Robert Hunt jamais havia sido membro do programa espacial dos EUA.

Hunt era mentiroso patológico e já havia se passado por outras figuras como policial e médico, em outras ocasiões, e foi preso após fingir ser um astronauta – embora tenha cometido outros crimes.

Hunt se casou pelo menos quatro vezes e, além de se passar por astronauta, assumiu a identidade de outras “pessoas mais comuns” como fabricante de talco para bebês, jogador profissional de beisebol, empreiteiro de sucesso, capitão da Marinha e piloto de jato.

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Foi acusado de furto e de fraudar sua esposa e sua família ao se passar por astronauta e usar seus cartões de crédito sem permissão. Até sua esposa, na época, também acreditava nele.

Acabou preso após se passar por astronauta e cometer fraude e roubo de identidade — crimes federais nos Estados Unidos. Foi detido em 1989 por cerca de 90 dias, com uma sentença suspensa de dois anos. Anos depois, voltou a ser preso por forjar ser membro da Marinha.

Uma figura ímpar

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Em uma entrevista realizada pelo jornalista Jeff Maysh, para o Space.com, décadas após sua prisão em 1989, Hunt repetiu histórias falsas, afirmou ter participado de missões lunares e alegou ter trabalhado com astronautas –  misturando verdades conhecidas da NASA com invenções.

Fisicamente, Hunt correspondia ao estereótipo esperado de um astronauta: branco, alto, de cabeça raspada, porte atlético e voz firme. Essa imagem ajudou a reforçar a credibilidade que construiu ao longo dos anos, diante de públicos menos críticos e mais emotivos.

O caso expõe uma fragilidade social: símbolos visuais e narrativas carregadas de emoção muitas vezes substituem a verificação rigorosa dos fatos. O uniforme azul, o crachá, as histórias comoventes e o prestígio da NASA criaram uma personagem que poucos se permitiram questionar.

A maioria dos organizadores e instituições simplesmente aceitou a figura do astronauta sem checar seus antecedentes ou mesmo seu currículo profissional dentro da instituição.

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Robert Hunt não enganou por ser excepcionalmente brilhante, mas porque encontrou um ambiente propício — onde a vontade de acreditar supera a necessidade de confirmar. Ele usou a sede de heróis e inspiração do público para se posicionar onde não deveria estar.

Sua história é um alerta para a importância do ceticismo e da checagem, mesmo quando a narrativa parece boa demais para ser questionada. Em tempos de desinformação e relatos fabricados, o episódio de Hunt mostra o quanto precisamos valorizar a verdade e a investigação cuidadosa — especialmente quando a figura em questão representa algo tão grandioso: a NASA.

A história completa está no space.com, em inglês.

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Fonte: Space e Arquivo LA Times