Radiogaláxia com 16,3 milhões de anos-luz pode ser a maior já encontrada
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

Uma radiogaláxia gigantesca foi descoberta a cerca de 3 bilhões de anos-luz da Terra. Trata-se de Alcyoneus, uma galáxia que se estende por monstruosos 5 megaparsecs no espaço — ou, mais precisamente, a 16,3 milhões de anos-luz. A descoberta foi feita por astrônomos liderados por Martijn Oei, do Leiden Observatory, e pode ajudar os astrônomos a entender não somente as radiogaláxias, mas também o meio intergaláctico.
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As radiogaláxias são muito luminosas no comprimento de onda de rádio, formadas por uma galáxia hospedeira (um aglomerado de estrelas orbitando um núcleo galáctico, formado por um buraco negro supermassivo), jatos colossais e lóbulos expelidos pelo centro dela. Os astrônomos acreditam que os jatos vêm do buraco negro supermassivo existente por lá, e podem viajar por enormes distâncias antes de se dividirem em lobos emissores de ondas de rádio.
Não há grandes novidades neste processo, até porque a própria Via Láctea tem lóbulos de rádio. O que intriga os astrônomos aqui é que não sabe o porquê de algumas galáxias terem lóbulos gigantescos, que alcançam a escala dos megaparsecs. Nestes casos, elas são chamadas “radiogaláxias gigantes”, e as mais extremas delas podem ajudar a explicar este crescimento tão intenso.
Os autores do estudo acreditam que, se houver galáxias hospedeiras com características importantes para o crescimento das radiogaláxias, as hospedeiras das maiores delas provavelmente possuem estas características. Assim, eles começaram a procurar estes objetos em dados coletados pelo radiotelescópio LOw Frequency ARray (LOFAR).
A radiogaláxia Alcyoneus em detalhes
Os dados foram processados para remover emissões de rádio que pudessem interferir com as detecções dos lóbulos de rádio. Segundo os autores, as imagens resultantes deste processo representam a busca de lóbulos de radiogaláxias com a maior sensibilidade já feita e, ao analisar os materiais, eles descobriram Alcyoneus. “Descobrimos o que é, em projeção, a maior estrutura formada por uma única galáxia”, escreveram.
Após coletar medidas dos lóbulos, os pesquisadores utilizaram o levantamento Digital Sky Survey para tentar entender as características da galáxia anfitriã. Eles descobriram que ela é uma galáxia elíptica comum, com cerca de 240 bilhões de vezes a massa do Sol e que guarda um buraco negro supermassivo de 400 milhões de massas solares em seu interior. Alcyoneus e sua anfitria têm massa estelar e um buraco negro supermassivo menores que aqueles das radiogaláxias gigantes médias. Portanto, ambas são estranhamente comuns.
Os autores explicam que as galáxias bastante massivas ou os buracos negros supermassivos no interior delas não vão, necessariamente, da origem a objetos gigantes. Por isso, eles sugerem que talvez Alcyoneus esteja em uma região do espaço de menor densidade média, o que poderia permitir sua expansão — mas pode também haver outras interações relacionadas a este processo de crescimento. De qualquer forma, os autores acreditam que Alcyoneus segue crescendo.
O artigo com os resultados do estudo será publicado na revista Astronomy & Astrophysics, e pode ser acessado no repositório online arXiv, sem revisão de pares.
Fonte: arXiv; Via: Science Alert