Quasar mais brilhante já visto devora um Sol por dia
Por Daniele Cavalcante • Editado por Luciana Zaramela |
Astrônomos encontraram o objeto mais brilhante já visto no universo. Trata-se de um quasar que devora massa equivalente a um Sol por dia, e por isso, o buraco negro em seu núcleo é o de crescimento mais rápido já detectado.
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Quasares são fontes de ondas de rádio formadas por uma galáxia ativa, isto é, têm em seus núcleos um buraco negro supermassivo alimentando-se ativamente de muita matéria. O resultado da refeição é a liberação de uma enorme quantidade de radiação, ofuscando a própria galáxia.
Usando o radiotelescópio Very Large Telescope (VLT) no Cerro Paranal, Chile, os astrônomos encontraram o quasar J0529-4351 a 12 bilhões de anos-luz de distância. Em outras palavras, o objeto tinha essas propriedades menos de 2 bilhões de anos após o Big Bang.
O buraco negro que produz o quasar tem algo entre 17 bilhões e 19 bilhões de vezes a massa do Sol, número que aumenta todos os dias. A cada ano, são cerca de 370 massas solares adicionadas ao disco de acreção que gira em torno desse objeto monstruoso.
Além disso, o J0529-4351 é cerca de 500 trilhões de vezes mais brilhante que o nosso Sol. “Toda esta luz vem de um disco de acreção quente que mede sete anos-luz de diâmetro — este deve ser o maior disco de acreção do Universo”, disse Christian Wolf, da Universidade Nacional Australiana (ANU), principal autor do estudo.
Para fins de comparação, o diâmetro desse disco de acreção (a matéria transformada em plasma brilhante que gira em torno dos buracos negros ativos antes de ser devorada) mede quase o dobro da distância entre o Sol e a estrela Proxima Nova. Também podemos pensar nisso como viajar 15.000 vezes do Sol a Netuno.
Este quasar já havia sido detectado na década de 1980, pelo telescópio UK Schmidt, mas as análises o classificaram como apenas uma estrela brilhante. Erros como esse ocorrem porque, por ser muito brilhante, os modelos de aprendizado de máquina usados por astrônomos confundiram o quasar com uma estrela próxima.
O artigo da descoberta foi publicado na Nature Astronomy.
Fonte: ESO