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Pentágono libera relatório sobre OVNIs — mas talvez você se decepcione ao ler

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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Reprodução/Jeremy Corbell/YouTube
Reprodução/Jeremy Corbell/YouTube

Em março, John Rathclife, ex-diretor da Inteligência Nacional dos Estados Unidos, anunciou que um novo relatório sobre casos de observações de objetos voadores não identificados (OVNIs) seria divulgado em junho. Pois bem, uma versão de nove páginas do tão aguardado documento foi liberada no final da última semana. Nela, o governo dos EUA afirma que, dos 144 relatos de militares feitos entre 2004 e 2021, 143 deles seguem sem explicação — e não descartam a possibilidade de se tratar de objetos extraterrestres.

A movimentação para a criação do relatório começou após militares dos Estados Unidos reportarem observações de vários objetos que se moviam de forma estranha no céu. Assim, o Pentágono montou uma força-tarefa no ano passado para “detectar, analisar e catalogar os eventos”, investigando também a natureza e as origens dos objetos observados. Então, o documento publicado na última semana é, na verdade, uma versão de 9 páginas de um relatório maior, fornecido ao Congressional Services and Armed Services Committees.

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Este relatório traz a “ameaça causada por fenômenos aéreos não-identificados e o progresso que o Department of Defence Unidentified Aerial Phenomena Task Force já fez para entender estas ameaças”. De acordo com a publicação, a maior parte dos 144 casos ocorreu nos últimos dois anos, depois que a Marinha criou um mecanismo padronizado para coletar os relatos. Do total de 144 casos, 143 deles não têm informações suficientes em meio aos dados para permitir explicações específicas.

O único caso que pôde ser explicado com “alto nível de confiança” foi identificado como um grande balão esvaziando. Cerca de 20 dos objetos relatados apresentam características intrigantes: eles pareceram ficar estáveis mesmo com ventos soprando, se moveram a velocidades altíssimas e realizaram manobras abruptas mesmo sem demonstrar mecanismos de propulsão. Essas características sugerem que, como não foram afetados pelo vento, há inteligência controlando-os; além disso, os objetos emitem radiofrequências, de modo que são eletromagnéticos.

Há algumas possíveis explicações para alguns dos objetos relatados: alguns deles podem ser pássaros ou drones, tecnologias de nações como a China ou a Rússia, e outros podem ser fenômenos atmosféricos naturais, como cristais de gelo detectáveis por sistemas de radar. Existe a possibilidade de que alguns correspondam a programas de entidades norte-americanas, que estão em andamento. Por fim, embora não haja indícios claros que os casos relatados tenham origem extraterrestre, esta possibilidade não foi totalmente descartada.

No fim das contas, embora os oficiais de inteligência não acreditem que formas de vida alienígenas sejam responsáveis pelos relatos, eles não conseguem explicar, totalmente, do que se trata e nem descartar completamente essa possibilidade. Agora, a força-tarefa do Pentágono segue procurando novas formas de aumentar a coleta de relatos e reunir mais informações sobre a questão. Se houver financiamento, um estudo mais aprofundado poderá ser feito, com foco nos tópicos apresentados no relatório.

Algumas implicações do relatório

Para a frustração dos entusiastas da possibilidade da existência de formas de vida alienígenas, o documento não conclui que os relatos foram de espaçonaves de outros mundos. Na verdade, o documento indica que a força-tarefa não fez tanto progresso desde sua formação, há dez meses — contudo, a simples existência desta equipe seria algo impensável antes, já que a mudança da política norte-americana para lidar com os OVNIs e o conhecimento deles é algo sem precedentes.

A publicação do relatório ocorreu após o aumento crescente por parte da pressão pública para que os Estados Unidos divulgassem, afinal, o que sabiam sobre as observações de OVNIs. Muitas vezes, os relatos foram atribuídos a alienígenas, tanto que grupos de ufólogos alegam que as evidências da existência de seres de outros mundos foram escondidas pelo governo norte-americano. Então, discretamente, o Pentágono vem coletando dados desde 2007 como parte de um programa militar voltado para a identificação de ameaças aeroespaciais.

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Outros oficiais militares e de inteligência já detalharam observações de objetos estranhos — tanto que os relatos mais precisos vêm de pilotos, que viram objetos próximos de instalações de treinamento e armas: “estamos falando sobre objetos que foram vistos por pilotos da Marinha ou da Força Aérea”, disse John Ratcliffe, diretor de inteligência nacional durante o governo do ex-presidente Donald Trump, afirmando que os relatos trazem movimentos difíceis de replicar, que não há tecnologia para realizá-los ou que se movem a velocidades que quebram a barreira do som.

Mesmo assim, os relatos de observações de objetos estranhos foram considerados por instituições estatais como “poluição de informação”, ou seja, algo que deveria ser ignorado ou esquecido. Isso muda com a publicação da força-tarefa, que mostra que os militares dos Estados Unidos viram algo que não deve ser tratado como “poluição”, mas sim como uma possível ameaça, com dados que trazem implicações de segurança nacional.

Por outro lado, o relatório pode ser entendido não exatamente como um avanço na compreensão da vida no universo, mas sim como um produto do momento cultural em que vivemos, em que autoridades são questionadas. Além disso, esta não é a primeira vez que o governo reconhece que os pilotos observam objetos que está além do conhecimento: “os militares já fizeram isso antes, de várias formas e várias vezes”, explica Kathryn Dorsch, historiadora da University of Pennsylvania.

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Fonte: BBC (1, 2), The Conversation, The Guardian, Wired