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Observatório solar SOHO pode ser aposentado em 2025, após décadas na ativa

Por| 03 de Agosto de 2020 às 15h53

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NASA/ESA
NASA/ESA

Em 1995, o Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) era lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA) em parceria com a NASA, com o objetivo de investigar a camada mais externa e também o interior do Sol. Apesar de seguir ativa, a missão pode estar chegando ao final de suas atividades. Bernhard Fleck, cientista de projeto do SOHO, estima seu encerramento em 2025.

O SOHO está orbitando o Primeiro Ponto de Lagrange (L1), localizado a quase 1,5 milhões de quilômetros de distância da Terra, o que lhe confere uma vista privilegiada do Sol enquanto consome pouco combustível. Inicialmente, essa missão deveria durar apenas 2 anos, mas já dura 20 anos e, caso seja mesmo aposentada em 2025, completará 30 anos em operação. Entretanto, o que destaca o SOHO missão não é sua longeva duração, mas sim os problemas - e sustos! - que ocorreram ao longo dos anos.

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O retorno que este observatório proporciona aos cientistas vai muito além de todas as expectativas da equipe da missão: com uma localização tão favorável, a ESA o considera o melhor caçador de cometas da história. E, se considerarmos que o SOHO comemorou a marca de 4 mil cometas encontrados neste ano, o título faz todo o sentido.

Para Fleck, o componente consumível que levará o observatório ao encerramento de suas atividades são seus painéis solares. Entretanto, ainda há fôlego até lá, sendo que o grande responsável pela aposentadoria do SOHO deverá ser mesmo o desenvolvimento de novas tecnologias. Fleck entende que o lançamento de novas sondas, que terão instrumentos muito mais poderosos, fará com que o SOHO enfim seja aposentado dentro de cinco anos.

Uma missão de sorte

Embora ainda haja algum tempo até o encerramento das atividades do SOHO, essa missão causou surpresa em sua equipe desde o início. A sonda é composta por dois módulos, e suas rodas de reação quase causaram uma explosão. Fleck explica ao portal The Register que o SOHO tinha rodas semelhantes às de uma nave da ESA, e apresentou vibração em testes, o que alarmou a equipe. Depois, eles descobriram que, de fato, havia defeito nas rodas, que foram substituídas e funcionam bem até hoje. Outro problema ocorreu no lançamento da missão: o regulador de precisão, que gerenciava a energia nos propulsores, tinha um defeito - que felizmente foi descoberto pelo time, que evitou que a nave explodisse.

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Entretanto, o incidente mais famoso envolvendo o SOHO foi o dos defeitos dos giroscópios. O observatório conta com três destes componentes que precisam ser calibrados periodicamente, mas uma série de comandos com um erro alterou o funcionamento dos giroscópios e desencadeou uma sequência de problemas - o maior deles foi a perda da telemetria, energia e controle térmico da sonda, que deixou a missão perdida no espaço.

Roger Bonnet, diretor dos Programas Científicos da ESA, liderou a recuperação da missão: “vocês vão trazer minha missão de volta; me digam o que precisam para isso e eu vou disponibilizar”, recorda Fleck. Os engenheiros da equipe esperavam que talvez o Sol pudesse iluminar os componentes do SOHO e trazê-lo de volta à vida, mas isso não aconteceu. No fim, eles a encontraram, com o radiotelescópio Arecibo, na posição que esperavam que estivesse.

Fleck passou quase 30 anos trabalhando nesta missão, desde antes de seu lançamento, e se emociona em pensar no momento de realizar a sequência final do observatório. "Eu temo o momento que vou apertar a tecla de retorno", diz. O SOHO já foi estendido para operar até 2022, e outra extensão deve mantê-lo ativo até 2025. Mesmo assim, é certo que, mesmo que a missão tivesse sido encerrada há anos, ela trouxe dados que revolucionaram a ciência solar e forneceu uma visão única do Sol aos cientistas.

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Fonte: The Register