O navio Ever Given foi liberado do Canal de Suez com uma "ajudinha" da Lua cheia
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Nos últimos dias, a atenção mundial ficou voltada para o Canal de Suez e o grande navio cargueiro Ever Given, da empresa taiwanesa Evergreen Marine, que encalhou no canal na última terça-feira (23) e bloqueou completamente a passagem de outras embarcações que levavam cargas naquele trajeto. Depois de vários esforços, o navio foi desencalhado nesta segunda-feira (29) — e até a Lua forneceu uma pequena ajuda para liberar o fluxo do canal.
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O Ever Given viajava da China com destino à Holanda, mas acabou preso no Canal de Suez, que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho e é usado por outras centenas de embarcações transportando produtos para todo o mundo. Como resultado, outros navios foram se acumulando nas redondezas enquanto o impasse do Ever Given não era resolvido. O navio, que tem quase 400 m de extensão, pôde até ser visto do espaço — como no registro abaixo, feito pelo satélite Copernicus Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia, mostrando o acúmulo de navios com o Ever Given encalhado ali no estreito canal.
A imagem da esquerda foi feita no dia 21 de março e mostra o tráfego marítimo de rotina no canal, com algumas embarcações visíveis a cada 2 ou 3 km. Já na imagem da direita, feita no dia 25 de março, é possível ver o navio bloqueando o canal.
Algumas empresas de sensoriamento também registraram o navio bloqueando a passagem. Uma delas foi a Maxar, que publicou algumas imagens do Ever Given — uma das mais recentes foi capturada pelo satélite Geo Eye 1, um dos mais antigos da frota da empresa.
Nessa imagem, observamos que o navio começou a se mover depois que algumas embarcações de apoio ajudaram a desencalhá-lo. A operação foi um sucesso, os outros navios conseguiram ajudar na remoção e o transporte de cargas já foi retomado, mas ainda deverá demorar algum tempo para voltar ao ritmo normal.
E onde entra a "ajudinha" da Lua em tudo isso? É que as embarcações foram favorecidas pela maré alta da Lua cheia do momento, já que a água do Canal de Suez, assim como a dos mares e outros corpos líquidos massivos, sobe e desce com o efeito das marés.
Esse efeito é uma consequência que vem da relação entre a Terra e os nossos vizinhos cósmicos, e fica mais extremo quando nosso planeta se alinha com o Sol e a Lua, os dois objetos que exercem a maior força gravitacional. Assim, quando a Lua passa pelas fases cheia e nova, a força da gravidade se soma àquela exercida pelo Sol, o que faz com que ocorram marés altas e baixas mais intensas. No caso do dia em que finalmente ocorreu liberação do navio, aquela era uma noite de Lua cheia, com nosso satélite natural estando mais próximo da Terra, por sinal.
Fonte: ESA, Space.com, SpaceflightNow