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O antigo campo magnético da Lua pode ter ajudado no surgimento de vida na Terra

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Comfreak/Pixabay
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A habitabilidade de um planeta é complexa e depende de fatores diversos — entre eles, está a necessidade de um campo magnético de longa data e forte. Assim, em um novo estudo, pesquisadores elaboraram modelos de campos magnéticos para analisarem um cenário em que as magnetosferas da Terra e da Lua poderiam ter protegido a atmosfera do nosso planeta, por meio da redução da perda atmosférica terrestre para o espaço.

Os campos magnéticos são gerados no núcleo dos planetas pelo movimento do ferro derretido e se estendem até o espaço, e eles protegem a atmosfera da radiação solar — na ausência deles, uma atmosfera respirável dificilmente poderia ser mantida. Assim, os pesquisadores sugerem que, apesar de não existir mais, o campo magnético da Lua pode ter ajudado a proteger a atmosfera do nosso planeta há 4 bilhões de anos, o passado distante quando a vida se formava. Eles investigaram como os primeiros campos magnéticos da Lua e da Terra podem ter interagido — o que não é nada fácil, porque é preciso analisar pequenos grãos magnetizados em rochas antigas. O problema é que, além de raras, é preciso utilizar equipamentos de laboratório e procedimentos delicados para extrair sinais magnéticos dessas rochas.

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A Terra gerou um campo magnético nos últimos 3,5 bilhões de anos, que possivelmente tinha força pouco maior do que metade do valor de hoje. Enquanto isso, o campo magnético da Lua pode ter sido ainda mais forte que o do nosso planeta há 4 bilhões de anos, mas depois se enfraqueceu. Assim, os cientistas modelaram a interação dos dois campos magnéticos com os polos norte alinhados e depois opostos, e perceberam que a interação aumenta a região do espaço que existe entre a Terra e o Sol, que está protegida do vento solar.

O estudo mostrou que as magnetosferas da Terra e da Lua trabalharam juntas para proteger as atmosferas iniciais da Terra e da Lua e, durante os momentos de polaridade magnética oposta, as duas magnetosferas próximas são capazes de reduzir o tamanho da área magnética polar da Terra, com linhas de campo “abertas”. Já nos momentos em que a Lua está no lado diurno da Terra, a magnetosfera lunar poderia ter reduzido a perda atmosférica terrestre para o espaço.

Esse novo estudo é um passo inicial interessante para entendermos a importância que esses efeitos podem ter quando analisados em uma órbita lunar ou pelas centenas de milhões de anos que definem a habitabilidade de um planeta. Entretanto, para ter certeza, será preciso criar modelos e realizar mais medidas da força dos campos magnéticos iniciais da Terra e da Lua. Além disso, o campo magnético não pode garantir sozinho a habitabilidade de um planeta, já que há mais fatores envolvidos e não entendemos como eles contribuem para a evolução da habitabilidade. Felizmente, essa pesquisa representa mais uma peça em um quebra-cabeças fascinante.

O estudo foi publicado na revista Science Advances.

Fonte: The Conversation