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Núcleo de cometa gigante tem quase 130 km de diâmetro

Por| Editado por Rafael Rigues | 12 de Abril de 2022 às 16h50

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LOOK/LCO
LOOK/LCO

O núcleo do cometa Bernardinelli-Bernstein (ou C/2014 UN271) parece ter diâmetro de quase 130 km, medida que, se confirmada, o torna 50 vezes maior que o núcleo da maioria dos cometas conhecidos. A descoberta foi realizada por Man-To Hui, da Macau University of Science and Technology, junto de outros autores, e foi possível graças a dados do telescópio espacial Hubble.

A estimativa é que o cometa tenha uma massa de 500 trilhões de toneladas; ou seja, ele é quase cem mil vezes mais massivo que os cometas típicos, encontrados mais próximos do Sol. O C/2014 UN271 foi descoberto pelos astrônomos Pedro Bernardinelli e Gary Bernstein em meio a imagens de arquivo do levantamento Dark Energy Survey.

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David Jewitt, coautor do estudo que descreve a descoberta, afirma que o cometa é a “ponta do iceberg” de vários milhares de cometas com brilho difuso demais para serem observados nas partes mais distantes do Sistema Solar. “Sempre suspeitamos que este cometa tinha que ser grande, porque ele é muito brilhante mesmo estando tão longe. Agora confirmamos que realmente é”, explicou.

O cometa foi observado acidentalmente pela primeira vez em 2010, quando estava a mais de 4,8 bilhões de quilômetros do Sol. Desde então, o C/2014 UN271 vem sendo objeto de diversos estudos de telescópios espaciais e em solo. “Este é um objeto incrível, considerando o quão ativo está mesmo tão longe do Sol”, disse Man-To Hui, autor principal do estudo. “Suspeitamos que podia ser bem grande, mas precisamos dos melhores dados para confirmar”.

Com uma órbita elíptica, o cometa leva mais de 3 milhões de anos para completar uma volta ao redor do Sol. Hoje, ele está a menos de 3,2 bilhões de quilômetros do nosso astro, quase perpendicular ao plano do Sistema Solar. Devido à distância, a temperatura por lá chega a -211 ºC, o suficiente para que o monóxido de carbono de sua superfície seja sublimado e produza uma coma (uma fina atmosfera que envolve o núcleo) de poeira.

Os detalhes do cometa

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O grande desafio para conseguir as medidas do cometa foi diferenciar o núcleo sólido da grande camada de poeira que o envolve. Apesar de estar distante demais para seu núcleo ser observado pelo Hubble, os dados do telescópio mostraram um grande brilho na localização do núcleo. Assim, Hui e sua equipe produziram um modelo computacional da coma, e o ajustaram para corresponder às imagens do Hubble.

Por fim, eles subtraíram o brilho da coma das imagens, deixando para trás apenas o núcleo brilhante. Hui e seus colegas compararam o brilho do núcleo com observações de rádio do telescópio ALMA, no Chile, e a combinação dos dados permitiu restringir o diâmetro e a refletividade do núcleo. As medidas do Hubble são próximas às estimativas do ALMA, mas sugerem que a superfície do núcleo é mais escura do que se pensava.

Os astrônomos acreditam que o cometa veio da Nuvem de Oort, a região mais distante do Sistema Solar, onde estão detritos espaciais com diferentes tamanhos, restos da formação do sistema solar. Os cometas ali foram “expulsos” do nosso sistema há bilhões de anos em função de interações gravitacionais com os planetas gigantes, e o Bernardinelli-Bernstein pode dar pistas importantes sobre a distribuição de tamanho dos cometas na nuvem e sua massa total.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: The Astrophysical Journal Letters; Via: NASA