Núcleo da Terra pode ser culpado por anomalias no campo magnético
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Os efeitos causados pelo campo magnético da Terra, que afetam a leitura de bússolas e a operação de satélites, podem ser o resultado de processos de resfriamento do núcleo terrestre. A ideia está em um novo estudo de pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, que propõem que as anomalias vêm do resfriamento irregular do núcleo.
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Com temperaturas acima dos 5.000 ºC, o núcleo da Terra é formado por ferro derretido, que atua como um dínamo: conforme o ferro se move, ele gera o campo magnético que protege nosso planeta contra partículas cósmicas energéticas. O movimento do núcleo é mantido por correntes de convecção, através das quais o calor deixa o núcleo e vai ao manto terrestre.
Agora, o estudo sugere que este processo de resfriamento não é uniforme, e que as diferenças na taxa de fluxo do calor causam anomalias no campo magnético terrestre. Análises sísmicas revelaram regiões sob a África e o oceano Pacífico com alta temperatura; através de simulações, os autores descobriram que estas zonas de calor reduzem o efeito do resfriamento no núcleo.
Esta redução causa mudanças localizadas nas propriedades do campo magnético: onde o manto é mais quente, o campo magnético no topo do núcleo pode ser mais fraco, afetando satélites em órbita. “Uma das coisas que o campo magnético faz no espaço é desviar partículas carregadas do Sol”, disse Jonathan Mound, autor que liderou o estudo.
“Quando o campo magnético é mais fraco, este escudo não é tão eficiente”, acrescentou. Ele explica que esta diferença prejudica os satélites que passam por estas áreas, de modo que as partículas eletricamente carregadas acabam afetando as operações deles.
Apesar de os cientistas já conhecerem a chamda anomalia magnética do oceano Atlântico Sul, nome dado à região com defesagem na proteção magnética, não estava claro se ela era um efeito antigo ou recente na história da Terra. O dr. Mound explica que os processos do manto terrestre acontecem lentamente, ou seja, o esperado é que as anomalias de temperatura do manto se mantenham por dezenas de milhões de anos.
“Portanto, esperamos que as propriedades do campo magnético que elas criam também sejam similares ao longo de dezenas de milhões de anos”, disse. Já o núcleo externo é uma região dinâmica e fluida; então, os fluxos de calor e propriedades magnéticas causadas parecem durar períodos menores, como centenas e milhares de anos.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Geoscience.
Fonte: Nature Geoscience; Via: University of Leeds