AMAS | O que é a Anomalia Magnética do Atlântico Sul?
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
Uma estranha defasagem na proteção magnética da Terra intriga a comunidade científica há décadas. Conhecida como Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), esta área, que se estende do sudeste brasileiro até o sul do continente africano, apresenta um enfraquecimento do campo magnético do planeta.
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Apesar de não influenciar diretamente a humanidade, a anomalia representa um problema para satélites em órbita e missões espaciais — a Estação Espacial Internacional precisou de um revestimento especial para lidar com ela e satélites podem apresentar falhas quando passam pela região.
Cientistas da NASA, da Agência Espacial Europeia (ESA) e de diversas instituições de pesquisa ao redor do mundo investigam os motivos do estranho comportamento magnético nesta região, que data de pelo menos 11 milhões de anos.
O que sabemos sobre a AMAS
O campo magnético da Terra é gerado pelo núcleo de ferro líquido superaquecido do planeta, localizado a pelo menos 3 mil quilômetros de profundidade. Esse campo é dinâmico, variando em intensidade e direção ao longo dos anos.
Estudos da ESA mostram que a Anomalia Magnética do Atlântico Sul cresceu no período entre 1970 e 2020. O campo magnético da Terra enfraqueceu cerca de 9% nos mesmos 50 anos, sendo que a maior parte dessa redução de intensidade foi na AMAS.
O dinamismo e variações no material do núcleo do planeta é a causa de variações como a AMAS. O que possibilita uma mudança tão grande quanto a observada nessa região, porém, ainda é um mistério.
Como a Anomalia do Atlântico Sul pode nos afetar
O enfraquecimento do campo magnético na AMAS é responsável por deixar a região mais suscetível à radiação cósmica e aos ventos solares. Entender as particularidades dessa área é importante para a prevenção de eventos como o blecaute que atingiu a cidade de Quebec, no Canadá, em 1989.
Na ocasião, uma enorme ejeção de massa coronal — uma erupção de íons provenientes do Sol — atingiu o território canadense. O acontecimento deixou milhares de pessoas sem energia elétrica e interrompeu as transmissões de rádio. Não há evidências de que essas tempestades de íons afetem fatores como o clima.