Novas fotos da NASA tornam ainda mais fortes evidências de rios antigos em Marte
Por Daniele Cavalcante | 06 de Maio de 2020 às 13h44
Embora a erosão seja uma força poderosa o suficiente para apagar registros históricos de rochas, é possível encontrar várias pistas sobre o passado da Terra e de outros planetas, como Marte, por exemplo. Imagens recentes da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), da NASA, deram novos indícios de que o Planeta Vermelho possuía rios em sua superfície há 3,7 bilhões de anos.
As imagens são da Bacia Hellas, uma cratera no hemisfério sul de Marte que chama a atenção dos pesquisadores por ser uma das maiores do Sistema Solar - ela tem 9 km de profundidade. Uma equipe de cientistas usou essas imagens e encontrou evidências de um grande lago, além de rios, deltas e canais que podem ter existido durante mais de 100 mil anos por lá.
- ESA mostra mais provas de que Marte um dia já teve rios em sua superfície
- Encontrada evidência de antigo e enorme sistema de água subterrânea em Marte
- ESA encontra evidência geológica de antigo sistema subterrâneo de água em Marte
Os pesquisadores focaram seu estudo em um penhasco rochoso com cerca de 200 metros de altura, onde as rochas têm 3,7 bilhões de anos, com sedimentos acumulados ao longo do tempo, assim como as rochas formadas por rios aqui na Terra. Rochas sedimentares são bastante úteis nesse tipo de estudo porque elas registram a história em camadas.
Assim, os pesquisadores foram capazes de determinar que os canais desses rios antigos tinham cerca de 3 metros de profundidade. "Não é como ler um jornal, mas as imagens de resolução extremamente alta nos permitiram 'ler' as rochas como se você estivesse muito perto do penhasco", disse Francesco Salese, autor do estudo. "Infelizmente não conseguimos escalar, olhar para os detalhes em escala maior, mas as semelhanças impressionantes com as rochas sedimentares na Terra deixam muito pouco para a imaginação", completa.
- Cientistas creem ter encontrado um novo reservatório de água congelada em Marte
- Água restante em Marte pode desaparecer mais rapidamente do que se imagina
Foi preciso um pouco de sorte para obter as imagens desse penhasco, que estava inclinado no ângulo certo para que a sonda orbital pudesse fotografá-lo. Esse ângulo permitiu aos pesquisadores ver o que eles chamam de “padrões de empilhamento” nas rochas, que são as formas que a terra adquire por causa dos rios antigos. Os pesquisadores cogitam que a água em Marte foi impulsionada pela precipitação, como a chuva aqui na Terra.
De acordo com Salese, os rios marcianos exigiriam um “ambiente capaz de manter grandes volumes de água por longos períodos e certamente exigiam um ciclo hidrológico causado pela precipitação”. Isso significa que as mudanças climáticas por lá eram lentas, com troca contínua de água entre a atmosfera, a água do solo e águas superficiais, assim como acontece em nosso planeta. Evidências de uma paisagem aquosa “são cruciais em nossa busca por vida antiga no planeta”, conclui Salese.
Fonte: The Natural History Museum